Boa parte dos artistas da música enxergam as grandes gravadoras como porta de entrada para a indústria fonográfica e como meio de tornar suas músicas verdadeiros hits. Sony Music, Warner e Universal são algumas das gravadoras mais conhecidas e responsáveis por revelar e gerir a carreira de cantores, bandas e DJs de diversos segmentos.
Ser descoberto por uma dessas gravadoras e ter um contrato assinado é o sonho de muitos artistas, mas é a realidade de poucos. O departamento de A&R, responsável por revelar novos talentos, estão sempre abarrotados de materiais para avaliação. A&R significa “Artista e Repertório”, mas há quem brinque ao dizer que a sigla significa “Atitude e Rejeição”. O mercado fonográfico sempre foi muito concorrido.
Mesmo sem contrato com grandes gravadoras, os artistas independentes ainda assim estão conseguindo se destacar no mercado musical. Isso é o que mostra os resultados da Pesquisa do Mercado Brasileiro da Música Independente, realizado pela a Associação Brasileira da Música Independente (ABMI), com dados divulgados no último dia 15 de outubro.
A pesquisa, que traz dados de plataformas digitais, avalia tendências e identifica desafios para o setor, revela que 53,5% dos artistas que frequentaram o TOP 200 do Spotify em 2019 e parte de 2020 são independentes. Os resultados também são favoráveis para produtores, estúdios e profissionais independentes do ramo fonográfico: 50% das receitas das empresas pesquisadas vêm do ambiente digital e 15% da receita vem de fora do Brasil.
O advento da era digital e a consolidação das plataformas de streaming como meio de distribuição foram fundamentais para se entender a dinâmica da música independente, as oportunidades que se abrem a partir da digitalização e os desafios a serem enfrentados no meio. A pesquisa também apontou que a pandemia do covid-19 ampliou significativamente o consumo da música digital e trouxe resultados positivos para artistas e distribuidoras.
O cantor e jurado do “Canta Comigo Teen” da TV Record, Leandro Buenno, é um dos artistas que vem construindo a carreira musical de forma independente e lançou recentemente o EP audiovisual “LoveLeveFúria”. Para ele, trabalhar sem contrato com uma gravadora tem suas vantagens:
“A música independente nos tira de uma zona de conforto e nos coloca para pensar na estética do nosso trabalho como um todo e em toda a concepção, incluindo áudio, vídeo, direção de imagem e até como tratar da divulgação nas redes sociais. Isso porque não temos uma equipe pensando conosco o tempo inteiro, em como esse trabalho, que acabou de sair da nossa cabeça, vai ser trabalhado, passado para o público e ser entendido de formas distintas por quem consome a nossa arte todos os dias. Isso faz com que nos conheçamos mais a cada dia, a cada novo trabalho e que consigamos realmente extrair de nós tudo o que for preciso, para que as pessoas, ao ouvirem nossa música, entendam a mensagem que queremos passar com aquela obra”, conta Leandro.
Por trás de produções musicais existe muito trabalho e, tratando-se de música independente, é o artista quem vai atrás de estúdio, produtores, videomakers e muitas vezes assumem o papel de outros profissionais para economizar custos. Encontrar profissionais que sejam qualificados e que acreditem no trabalho do artista também é um desafio.
“Eu acho que hoje o maior desafio para nós, artistas independentes, seja encontrar profissionais que queiram, de fato, somar com a nossa arte. Porque somos nós que decidimos quem vai ser o diretor de arte, quem vai fazer a maquiagem e até mesmo qual distribuidora vai levar nosso trabalho à diante. Acabamos por muitas vezes ficando limitados por uma questão financeira e não contratamos as pessoas ou empresas com quem sonhamos em realizar aquele trabalho e sim os que cabem em nosso orçamento. O segredo é encontrar profissionais que são bons no que fazem e que ao mesmo tempo acreditem no nosso trabalho e que vão disseminar o resultado dentro de suas respectivas áreas. Quando o trabalho é feito de coração por todos os profissionais, a chance de dar algo errado é mínima”, opina Leandro.
Com o passar dos anos, ficou cada vez mais fácil e acessível gravar materiais de qualidade e ter um EP pronto para disputar as paradas e o reconhecimento do público. Mas para se construir uma carreira musical de sucesso, é necessário mais que um material de qualidade. É preciso planejar e estruturar o trabalho com um mindset empreendedor, e assim, se adaptar ao mundo sem as grandes gravadoras. Quando a carreira decola, é preciso saber lidar com contratos, arrecadação de direitos autorais, marketing, planejamento financeiro, dentre outros assuntos.
Hoje em dia, é muito mais assertivo distribuir as músicas digitalmente e divulgá-las no mesmo ambiente. Para disponibilizar uma música em plataformas de streaming como Spotify e Deezer, é necessário um distribuidor digital, como a ONErpm, CdBaby ou a Record Union. Com a música disponível para o mundo, nada melhor do que usar as redes sociais para promovê-la. É lá onde o artista encontra a maior parte do seu público ativo e pode usar posts criativos para atingi-los e, quem sabe, investir diretamente no marketing de social media, através do Facebook Ads, por exemplo.
Ser artista independente é, acima de tudo, saber vender o seu próprio peixe. E cabe a nós, consumidores de música, sabermos apreciar esses artistas e reconhecer os trabalhos tão cheios de amor e dedicação. Separei 5 artistas independentes que vale a pena você conhecer: