Silvetty Montilla, Drag Queen, apresentadora, atriz, cantora, Youtuber e influenciadora.
Silvio Cássio Bernardo (10 de julho de 1967 ), nascido em família humilde, na zona norte de São Paulo, sempre foi interessado por música, teatro, dança e canto. Porém, a arte era algo meio instável em seu pensamento e Silvio resolveu procurar um emprego que lhe trouxesse conforto financeiro (oficial da promotoria do Ministério Público de São Paulo).
Aos 20 anos de idade (1987), surge a oportunidade de ganhar um dinheiro extra fazendo performando como Drag Queen e eis que surge Silvetty Montilla: Silvetty por causa do nome Silvio e Montilla porque foi o que mais combinou, dentre os nomes de bebidas que eram usados para escolher sobrenomes Drags, na época.
“Eu comecei participando de concursos de dublagem, até que um dia surgiu a oportunidade por Di Carlos, um dos padrinhos que me pôs na noite. Ele tinha um espaço na boate Val Show, aos sábados, e depois que eu participei dos concursos de calouros, ele me chamou pra trabalhar como bailarino e depois eu comecei fazer transformista” – diz Silvetty Montilla.
Detentora de vários títulos na categoria Drag Queen, entre eles:
– Miss Brasil Gay
– Miss cidade Gay
– Miss São Paulo Gay
– Miss Primavera
– Miss Universo Gay
– Rainha do Carnaval
“Não estou dando close, mas de todos esses títulos, só não ganhei o miss bonequinha do café, porque eu nunca participei”, conta a Mama Queen.
Incertezas sempre existem, mas as certezas também, e foi aí que Sil teve de fazer a escolha de sair do seu emprego fixo e viver da arte. Escolha essa que deu muito certo, porque certamente você já deve ter se divertido muito ao vê-la em cena.
Num discurso, Montilla afirma:
“Quando eu comecei a me apresentar, eu sempre quis estar em todas as casas…”
Passando por algumas casas de show, depois que começou a trabalhar na GENT’S (Sérgio Kalil), uma boate mais renomada, as apresentações de Montilla deslancharam e várias casas e boates queriam tê-la em seus palcos.
Nessa mesma época, havia uma boate chamada RAVE, no Jardins, que já tinha um elenco fixo (Dimmy Kier, Grace Black, Pandora Boat, Kaká De Lima, Dilá Diluz, Natasha Racha… ), quando Abel (diretor artístico) a chamou pra trabalhar lá, porém, o mesmo exigia exclusividade e ela, que sempre quis trabalhar em todas os lugares possíveis, não aceitou!
Um certo tempo depois, ela foi chamada novamente e aceitou fazer parte do elenco fixo e, mesmo tendo algumas artistas contra, Silvetty Montilla continuou desenvolvendo e evoluindo na promissora carreira, embora como ela mesma nos relatou, no seu início, tanto na GENT’S, quanto na RAVE, ela fazia show pra “FAMILIA MADEIRA”: ela, as mesas e as cadeiras. Risos!
Segundo S.M., “naquela época, as pessoas iam pra boate pra ver realmente um espetáculo; tinham respeito pelos artistas, pelo show… Não que hoje não tenham, porém, a noite mudou muito daquela época para essa”.
Aquela época, segundo a diva, era o auge da noite de São Paulo. Conta que houve época em que ela chegava a fazer 9 shows numa noite, e que sempre estava atenta às oportunidades. Com mais visibilidade, passa a deixar os seus conhecidíssimos sábados, pra ganhar mais dinheiro com viagens.
“Eu viajei cerca de vinte e oito anos pelo Brasil todo e alguns países afora.” – S.M.
A drag relembra uma curiosidade sobre a boate MAD QUEEN (Sérgio Kalil), local que trabalhou da inauguração até o último dia (fechamento). “Eu me recordo até hoje que no último dia eu tinha uma viagem marcada e pedi pra trocar a data, só pra fazer o show de despedida.”
Símbolo de luta e resistência, Silvetty Montilla é sim, um patrimônio histórico das noites LGBTQIA+ do Brasil. Ela já passou por grande parte das Baladas de São Paulo, arriscamos a dizer que por “todas”.
Em oportunidade de trabalhar um tempo com Grace Gianoukas (atriz, humorista, autora, diretora teatral e produtora teatral brasileira) durante aproximadamente 2 anos, nossa rainha drag, viajou muito com o TERÇA INSANA (projeto humorístico que apresentado, como sugere o nome, toda terça-feira por diferentes atores interpretando variados personagens).
Encenou em peças de teatro. Fez participações importantes em vários programas de TV (TOMA LÁ DÁ CÁ, TV FAMA, PROGRAMA DA ELIANA, PÉ NA COVA), montou um stand-up Comedy, “É o que tem pra hoje” , junto com Vagner Cavalcante – que sempre a acompanha em todos os seus projetos. Ainda participou da websérie “Academia de Drags” (Youtube), fez a dublagem de uma personagem do netflix, o “Super Drags“…
Precisaríamos de várias páginas se fôssemos detalhar a fundo todos os feitos desta artista multifacetada.
“Abri meu leque de opções, para não ficar presa só nas boates gays“, explica Sil.
Atualmente trabalha fixa em 4 casas de show voltada ao publico LGBTQIA+, que são: a Balada Túnnel, Danger Dance Club, Blue Space e a Club Yacth… E, pra quem já trabalhou nove show numa noite, Silvetty sente que as boates estão em extinção.
Silvetty Montilla – “Adoraria que voltasse a noite como era há vinte anos atrás, de ter várias casas para trabalhar e muitas oportunidades, mas a noite vem tomando um outro rumo. Hoje as pessoas pensam primeiro, segundo e terceiro na vibe delas e, por último, elas vão pensar em ver e aplaudir um artista”.
Na visão de Sil, hoje em dia existem vários estilos de Drags… – “Pabllo Vittar, por exemplo, que está no auge e abriu porta para várias outras meninas como Gloria Groove, Lia Clark, Aretusa Love… E não menosprezando ninguém, tudo é uma época, tudo é uma fase e eu espero, ou que volte, ou que elas abram seus leques de possibilidades e consigam outros trabalhos”.
Hoje, devido a pandemia, várias Drags estão se reinventando, vendendo rifas, fazendo lives, entre outras coisas totalmente diferente do que faziam… Quem não acompanha as mudanças, acaba ficando pra trás.
“Fico feliz, porque eu faço parte de uma geração de talentos (Gretta Star, Marcinha do Corintho, Miss Biá que nos deixou recentemente) que continua trabalhando e vivendo também de arte” – S.M
Estas artistas foram a linha de frente de uma época de opressão e desinformação e é muito importante que novos artistas continuem esse trabalho de informações e conscientização de que a orientação sexual de quem quer que seja, nunca deve ser sua sentença de morte.
E aqui vai um desabafo da Mama Queen – “Eu posso dizer que eu sou uma pessoa agradecida a Deus porque meu tempo pode até ter passado, mas eu ainda tenho oportunidade de ter várias oportunidades de trabalho e continuo vivendo da minha arte, que também é nos palcos.”
Hoje, as oportunidades que nós temos é essa, de se reinventar e de correr atrás de coisas novas. Algumas boates estão tentando se reabrir como bares e lounges e muitas Drags estão tentando dar continuidade a seus trabalhos interrompidos pela pandemia.
Estas são as mensagens e um resumo da história de vida de SILVETTY MONTILLA, está multiartista que temos o maior orgulho de homenageá-la e chamá-la de nossa MAMA QUEEN!