ELISA AMARAL MARCO 2021_32

DESTAQUE | DJ ELISA AMARAL: Artista desde pequena, ex-cantora de bandas de rock e atualmente DJ, produtora e muito mais

A revista COLORS DJ MAGAZINE DESTAQUE à DJ Elisa Amaral que revela um pouco sobre música, admiração por DJs mulheres, referências artísticas, produção musical, Music Branding e muito mais.

Artista desde pequena, era envolvida em diversas atividades artísticas e até mesmo reproduzia sinais que davam indício a uma futura carreira de DJ.

Nesta entrevista, relata um pouco sobre sua ligação com a arte, trazendo à tona inspiração, dedicação, sonhos e paixão. Confira agora nosso bate-papo especial com a DJ Elisa Amaral:

“Sou do tempo da fita cassete, nessa época já tinha a mania de gravar várias fitas do que tocava na rádio”

Elisa cantora. Foto: Acervo pessoal da artista.

Pode entrar, se apresente… Quem é Elisa Amaral? 

A Elisa Amaral é plural, versátil, colorida. Desde pequena, sou apaixonada por música e arte, de uma forma geral, sempre foi algo natural meu. Sou do tempo da fita cassete. Nessa época já tinha a mania de gravar várias fitas do que tocava na rádio e cada uma tinha um mood diferente para cada situação. Sou da zona sul do Rio de Janeiro, estudei em escola católica mas, na escola, faziam muitas atividades artísticas e eu sempre fui muito ativa nos projetos: cantava, dançava, fazia poesia: um pouco de tudo. Com o tempo, fui ganhando o gosto pela coisa. Estudei em uma escola de música, o Villa Lobos, e tive até bandas de rock, eu cantava. Uma delas era toda de mulheres, inclusive o canto é algo que estou pretendendo voltar e inserir no meu trabalho como DJ e produtora. Meu irmão é cantor e preparador vocal, então acho que vou abusar um pouco dele esses meses. 

E sobre suas referências? 

Sobre referências, eu tenho de tudo um pouco, acredito que de cada artista, mesmo que não seja de certa forma do seu setor, você pode acabar se inspirando por algum motivo. Curto muito Amy Winehouse, minha diva forever, também sou uma fã eterna de Spice Girls, pelo estilo e posicionamento delas em si, e com relação a DJs, eu procuro me inspirar em DJs mulheres. A primeira que vi tocar, e que me inspirou demais, foi a Mary Olivetti, mas curto muito Peggy Gou, Charlotte de Witte e me identifico muito com o Claptone também de forma musical.

Como surge a DJ Elisa Amaral?

A DJ Elisa Amaral surgiu como um acaso, mas ao mesmo tempo a vida foi me mostrando sinais aos poucos. Como disse acima, a Mary Olivetti foi a primeira mulher que vi tocando, isso tem mais de 10 anos, e naquele tempo não tinha tantas DJs mulheres. Eu vi aquilo e achei incrível, já deu aquele alarme na mente, mas não tive nenhuma atitude a princípio, só fiquei com aquilo na minha cabeça. Eu sempre fui muito festeira, vivia na noite, nas baladas, então já conhecia bastante gente. Um dia fui com um amigo DJ, o Senna, acompanhar ele num gig, quando ele ficou com vontade de ir ao banheiro e me pediu para que segurasse a pista ali pra ele, mas eu não sabia nem mexer direito, me ensinando só o básico na hora. Eu gostei tanto daqueles minutos ali comandando a pista, que pedi para continuar. Foi quando um fotógrafo tirou uma foto nossa ali na cabine, jogou no facebook e, logo que viram, um amigo, o Diggy, já me convidou pra tocar na Casa Rosa, eu ainda nem sabia mixar na época, mas aceitei na cara e coragem e, também, na cara de pau (risos). Na época, tocava rock e pop em festas alternativas e quando me vi sendo solicitada pros rolês, resolvi meter a cara e estudar. Fiz aulas com amigos DJs e cursos, um que eu amei foi a On Top, indico muito. Washington, o professor de lá me fez ter outra visão do todo e me ensinou tudo que eu sei hoje.

Elisa Amaral. Foto: Thaís Cunha.

São mais de 11 anos agitando as pistas de dança, nesse período, como que fez para encontrar o(s) seu(s) estilo(s)?

São 11 anos e durante um bom tempo fiquei dividida entre duas profissões, por isso tudo foi um pouco demorado no meu processo. Sou jornalista de formação e trabalhei na TV Globo por muitos anos. Então, a carreira de DJ em uma época estava em segundo plano, trabalhava tantas horas por dia que não tinha tempo de me dedicar. Cheguei a trabalhar na TV e, em paralelo, também fui coordenadora de produção da Matriz e foi lá que comecei a me envolver mais com as festas, tocar, etc. Em 2017, resolvi dar um start no foco, me demiti de tudo e fiquei 3 meses sabáticos em Amsterdam. Lá que eu resolvi focar na música, que era minha grande paixão, apesar de gostar muito da arte de escrever. Então, assim que voltei, recebi o convite para ser residente do Copacabana Palace e, dali, nunca mais parei, são 5 anos focada e vivendo de música. Comecei ali no open format mais pela quantidade maior de oportunidades que apareciam, mas tocava música eletrônica em paralelo em outras festas, que sempre foi minha maior paixão na real, apesar de eu ouvir de TUDO quanto é estilo, a música eletrônica faz meu coração bater mais forte. Foi só quando eu comecei a produzir minhas músicas de fato, que as pessoas entenderam essa transição.

“Eu procuro me inspirar em DJs mulheres”

Como é ser mulher, DJ e produtora? 

Bem difícil de fato, um caminho com muitas bolhas para furar, barreiras pra quebrar e o tempo todo tendo que provar duas vezes mais que você é boa o suficiente no que faz. Hoje em dia, as pessoas me conhecem mais e já me respeitam de certa forma, mas já passei por poucas e boas e sim, ainda não é totalmente fácil, principalmente na música eletrônica que é um mercado demarcado em sua maioria pelo masculino. Vemos ainda muitas lines, inclusive de festivais, compostos quase 100% por homens ou até mesmo 100%… É uma luta, mas acredito que estamos mais unidas do que nunca, e isso está mudando aos poucos. Não dá mais pra ignorar tantas mulheres talentosas surgindo no meio, precisamos dar lugar de destaque para elas também. Eu tento fazer minha parte, fazer acontecer para mudar alguma coisa, tentar ajudar na minha cena minimamente. Hoje, sou curadora artística de um projeto muito bacana no Destrave Bar e no FAU, que é o Minas Manas e Monas. Trata-se de uma label que visa dar visibilidade para mulheres cis e trans da cena. Eu amo ouvir cada set, descobrir cada mina, a gente precisa fazer isso, pesquisar. Tem muita artista maravilhosa por esse Brasil. 

Nos conte um pouco sobre suas produções musicais.

A produção é ainda um caminho novo para mim, mas, tenho crescido bastante. Comecei a lançar minhas tracks em 2020 durante a pandemia, aprendi tudo com meu mestre Vallent e na AIMEC, mas continuo aprendendo sempre. A primeira, inclusive, a “Sax Beat”, foi uma collab com ele e George Israel, ex-saxofonista do Kid Abelha, que é meu parceiro em diversos trabalhos também. Hoje tenho 4 tracks minhas rolando na rua, entre elas: “Back to the Old School” com Gow e as últimas são: um remix do hit “Se tá Solteira” com a DJ Francesca, free download no soundcloud e “Dreams”, que acabei de lançar em collab com Vallent e a americana Anna de Ferran, que emprestou sua voz incrível, além da composição. Minhas produções são focadas mais na house music em geral, com bastante groove e melodias marcantes.

Sim, nos conte tudo sobre seu último lançamento: “Dreams”.

“Dreams” fala do fim de um ciclo e a busca urgente por renovação, vida nova. É quando finalmente percebemos onde estávamos de fato conectados na vida, tentando nos desvencilhar de um loop diário que não nos pertence mais. Essa track é muito importante para mim porque ela significa a virada e o momento na carreira que estou agora. Sentia falta de uma autoral minha que tivesse essa pegada de festival, rave, mais progressive house. Comecei a fazê-la junto com o Vallent, apenas instrumental, ainda não tinha a Anna na jogada. Apareceu uma oportunidade de mandar ela pra audição da Lemon Drops (gravadora do Kvsh) e, assim, fiz na cara e coragem. Para a minha surpresa, o Kvsh não só amou a track como convidou para assiná-la na gravadora dele, isso ao vivo pelo YouTube, foi incrível. Tinha acabado de perder meu pai, então foi uma luz no fim do túnel. Com isso, comecei o processo pela busca de cantoras para finalizar a track, e conheci a Anna, fiquei apaixonada pela voz e trabalho. E assim, Dreams ficou completa. Ela tem essa vibe de sonho e magia no ar no synth da track, é bem envolvente. Para quem ainda não escutou, Dreams está disponível em todas as plataformas digitais. 🙂 

Quais foram os momentos mais marcantes em sua carreira? 

Com certeza o momento que estou vivendo agora está sendo incrível. Toquei na Deep Please, que é um grande festival no Rio, estando no line junto de grandes nomes como Felguk, Chemical Surf, Dubdogz, Meca… Fiquei muito animada! Dediquei-me à preparação de um set incrível para esse dia. Inclusive esse mercado de festival é algo que tenho me inserido bastante nos últimos tempos. Acho que o FAU, festival que também sou curadora artística, me abriu muitas portas pra esse mercado, que é o que eu de fato amo, “rave, pé no chão”. Meu próximo desafio será o Up Club (label itinerante do Universo Paralelo) onde estou no line com grandes nomes como Bhaskar, Barja e Chemical Surf. Além disso, com certeza tive alguns momentos marcantes na minha carreira. Com certeza, tive alguns momentos bem marcantes na minha carreira, como tocar para mais de 10 mil pessoas na Praça Mauá no Wow Festival de Mulheres do Mundo, o convite para tocar no Nosso Camarote da Sapucaí também foi bem marcante, porque foi ali a virada de eu começar a ser vista por outras cenas do mercado e tocar em Amsterdam de fato no Supperclub e o Copacabana Palace, sendo residente de lá, foi um grande marco e uma super experiência para minha carreira. 

Nos conte sobre o Universo do Music Branding e como tem sido sua atuação/experiência?

Entrei nesse universo do music branding há uns 5 anos, mas foquei profundamente nessa pandemia. O Music Branding é basicamente você dar a identidade sonora para a sua marca, uma estratégia de marketing sensorial, uma vez que a música cria vínculos emocionais com o público, é super importante. Ninguém quer estar em um lugar que a música não está agradável, certo? A música, inclusive, faz com que você fique mais tempo no estabelecimento. Assim, como as ideias e o posicionamento, a música também precisa ter a cara da marca, público que pretende atingir, etc. É todo um processo de criação mesmo para fazer esse trabalho, não é apenas selecionar várias músicas aleatórias ali. Hoje em dia, trabalho em conjunto com a Je Suis Music Branding atendendo alguns clientes, entre eles academias, marcas de roupa, restaurantes, etc. E eu amo, porque sou uma eterna pesquisadora musical.

“Acreditem nos sonhos de vocês e façam aquilo com verdade no coração e com amor.”

Para finalizar, temos esse espaço livre para aquilo que gostaria de escrever, deixar uma mensagem, inspirar… É o espaço de Elisa Amaral mandando um recado:

Primeiro gostaria de agradecer pelo espaço aqui na revista, vocês são incríveis. E dizer para os leitores: acreditem nos sonhos de vocês e façam aquilo com verdade no coração e com amor, porque acredite, isso te leva a lugares que você nem imagina. A vida é breve, intensa e passageira, fazer valer a pena cada momento é um presente 🙂

Foto de capa: Marco.

COMPARTILHE:

Instagram