É indiscutível o quanto a música eletrônica é importante e se faz presente nas festas voltadas ao público LGBTQIA+, e hoje vamos mostrar para você um apanhado sobre a trajetória desse subgênero tão querido pela nossa comunidade, o tribal house.
Antes de mais nada, devemos esclarecer que a música eletrônica nada mais é do que uma variante de diversos gêneros musicais e o Tribal House é um subgênero da HOUSE MUSIC. Intitulada como música eletrônica, logo pressupomos que seja um tipo de música criada a partir de softwares e instrumentos digitais.
Não apenas para o tribal house, como também para todos os gêneros e subgêneros descendentes da HOUSE MUSIC, as últimas duas décadas, sem dúvida, marcam uma grande mudança no cenário. Os artistas têm se mostrado empenhados em inovar cada vez mais seus live sets (apresentações ao vivo), trazendo consigo desde figurinos e mensagens a inovações, como o uso de sintetizadores analógicos, instrumentos de percussão e acapellas em suas performances.
Embora a cultura da produção de música eletrônica se dê pelo uso de samples (pequenas sequências de sons de instrumentos) que utilizadas de maneira pessoal chamam a atenção dos ouvintes, todas essas inovações acabam por confrontar o conceito de que o DJ tocará em suas apresentações apenas músicas pré-escutadas, feitas em home studio. Tudo isso se deve a esse grande avanços tecnológico ocorridos nos últimos anos, que possibilita através dessas diversas ferramentas, uma surpreendente viagem pelo desconhecido quando o assunto é a performance do DJ.
Desde os anos 90, não só o Brasil como o mundo, revelou grandes DJs e produtores de HOUSE MUSIC que foram responsáveis por lançar músicas de grande relevância no mercado. Principalmente para o cenário brasileiro, são músicas consideradas verdadeiros elos entre a música eletrônica nacional e as paradas de sucesso, várias delas exportadas e reconhecidas mundo afora. Alguns desses nomes são:
DJ Meme – Produtor de remixes para a maioria dos artistas pop brasileiros nas últimas décadas, além do remix do hit “Estou Aqui” de Shakira.
Altar – Duo de produtores que, em parceria com a cantora americana Jeanie Tracy, criaram o hit “Party People“, alcançando o topo do ranking Hot Dance Club Play, da Billboard Magazine. Grande conquista que torna o Duo de DJs os primeiros brasileiros a alcançarem tal feito no ano de 2007.
FC Nond – Produtor de grandes sucessos das pistas como “Re-Used“, “New Love” (UC Music), e “The Cure” (Stereo Productions), presentes em coletâneas de famosos DJ’s, como Peter Rauhofer, Tony Moran, Chus & Ceballos, Tracy Young e Manny Lehman. Além disso, seu remix para a música “Be More Shake” (Afrika Bambaataa – Tommy Boy Records) permaneceu por várias semanas no Top 100 Billboard e faz parte da trilha sonora do seriado americano “Queer As Folk”.
Assim como em diversos cantos do mundo, o primórdio das pistas de Tribal House no Brasil foi acentuado pela influência de diversos gêneros já existentes no mercado como Disco House, Funky House, Techno e Euro Dance que, aliados a outros recursos sonoros oriundos não apenas das tecnologias, mas também da ousadia e da criatividade dos DJs, passa a figurar como um “novo” subgênero nas pistas de dança. Aqui estão alguns artistas e hits clássicos que consagraram o passado e o início do que hoje podemos chamar de novo Tribal House:
DJ TRAJIC – “Stomp” (1997);
XS – “Phantasy Tribe Remix” (1996);
Dr. Alban – “It’s My Life” (1992);
Pamp & Da Knox – “Butta” (DanceWorks! Raise It Up Mix) (1998);
R. B. M. – “Yo Shorty” (Da Bombero Mix) (1995);
Eddie X – “La Selva” (1994);
Rosabel – “La Puta” (1995);
Danny Tenaglia – “Elements” (1998);
Cevin Fisher – “Love You Some More” (2000);
Robbie Rivera – “Feel This” (2001).
De olho na interferência da cultura das divas pop no mercado, DJs e produtores começaram a criar uma sonoridade direcionada para o público LGBTQIA+: o Tribal House, que logo foi apelidado de bate-cabelo pela influência que o mesmo tem nos remixes feitos para as performances de artistas como Drag Queens e dançarinos.
O final da década de 90 e início dos anos 2000 foram marcados por diversas conquistas de DJs e produtores, ditos DJs produtores de música voltada exclusivamente ao público LGBTQIA+, algumas delas foram: Peter Rauhofer aka Club 69 ao ganhar o Grammy de melhor remix em 2000 com a música “Believe“, da cantora pop americana Cher e, Thunderpuss, dupla de DJs angelinos que dentre o inúmeros feitos, o destaque se dá às dezenas, talvez, centenas de remixes de música pop que fizeram e fazem sucesso nas pistas e, a inclusão da música “Papa’s Got a Brand New Pigbag” (Thunderpuss Club Mix) na coletânea “MTV Party to Go” da emissora de MTV em 2001.
Dentre as muitas conquistas artísticas da comunidade, devemos, além de rever as conquistas de DJs do circuito mundial, olhar para as conquistas dos brasileiros que, sem dúvida, marcaram o início do século XXI. Abaixo vocês conferem artistas, músicas e remixes clássicos que passaram consagrar o novo Tribal House depois de consolidado:
Altar – “Sexercise” (2004);
Barry Harris ft. Pepper Mashay – “Dive In The Pool” (2001);
Christina Aguilera – “Hurt” (Chris Cox Club Mix) (2006);
Club 69 – “Muscles” (Club 69 Muscleman Dub) (1998);
FC Nond – “Drum Key” (2004);
Filipe Guerra ft. Lorenna Simpson – “Brand New Day” (2009);
Movin’ Melodies – “Rollerblade” (Club 69 Future Mix) (1997);
Paris Hilton – “Turn It Up” (Peter Rauhofer Turn It Up Mix) (2005);
Rosabel ft. Jeanie Tracy – “Cha Cha Heels” (2004);
Whitney Houston – “It’s Not Right, But It’s Okay” (Thunderpuss Remix) (1999).
Com um olhar crítico a tantas mudanças e influências desse subgênero na cena mundial, podemos concluir que, mesmo sendo extremamente peculiar, o Tribal House se tornou um dos grandes responsáveis por reunir essas frações culturais que são peças fundamentais no mundo do entretenimento em clubs LGBTQIA+.
Foram diversas as mudanças no Tribal House ao longo das décadas citadas acima, mudanças que vão do ritmo, da velocidade e da energia até o próprio conteúdo das músicas, momentos em que o underground esteve em alta, elas foram fortemente caracterizadas apenas pela bateria ou, por conterem pouquíssimo vocal como é o hit “Feel This” de Robbie Rivera. E Assim como o underground pereceu, por inúmeras vezes, a música na noite LGBTQIA+, tiveram momentos em que clássicos do pop estiveram tão em alta quanto. Como acontece hoje em dia, em que vemos grande parte das produções de Tribal House voltadas aos remixes das músicas em alta no mercado pop.
REFERÊNCIAS:
https://bananas.mus.br/blog/a-evolucao-da-musica-eletronica-no-brasil
https://www.colorsdj.com
https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica_eletr%C3%B4nica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tribal_house
https://musicnonstop.uol.com.br/10-discos-pra-voce-entender-de-onde-vem-o-som-bate-cabelo/
https://canaltech.com.br/musica/a-musica-eletronica-desde-os-primordios-ate-hoje-em-dia-parte-2-76901
https://www.youtube.com/watch?v=9vw8p5ojsqU
https://www.youtube.com/watch?v=HAf7zpnuA4U
https://www.youtube.com/watch?v=6Tl2-aRgLi8&t=1627s
https://www.discogs.com