Segundo Miss Biá, onde quer que ela estivesse, sempre era a mais velha das artistas.
Eduardo Albarella dava vida à Diva Glamourosa, loira, com tremenda simpatia e carisma: MISS BIÁ.
Sua primeira montagem foi em 1958 e quando ainda trabalhava como office-boy, foi a um cabaret e ficou maravilhado com a performance das mulheres que trabalhavam lá, daí surgiu a vontade de fazer o mesmo. Com ajuda de algumas amigas, que cederam algumas peças de roupas e joias, começou a se montar e dar show em casas para o público hetero, já que naquela época não havia nenhuma boate LGBTQIA+.
BIÁ, naquela época cantava ao vivo, não existia dublagem e era uma atração inédita até o momento.
Suas maiores inspirações foram Carmen Miranda, Merilyn Monroe, Gina Lollobrigida e Rita Hayworth.
Ela também fazia cover de Hebe Camargo e foi durante muito tempo maquiador e estilista da apresentadora que faleceu em 29/09/2012, em decorrência de um câncer.
Sendo pioneira nesta arte aqui no Brasil, MISS BIÁ me contou:
“Nega, hoje em dia tá tudo muito fácil. Na minha época, para ir de uma boate pra outra, a gente precisava se desmontar… Aí de nós se fossemos pegas montadas na rua…. Era prisão na certa…”
Naquela época de ditadura militar, a prostituição era tida como crime e um gay montado na rua era visto como tal.
Tive o prazer de conviver com a Miss, pois dividíamos o camarim aos sábados lá na Danger Dance Club e ela sempre foi muito carinhosa comigo.
Sempre que eu chegava, ela já estava lá, sempre muito bem vestida, normalmente com paetês e muitas joias, era o puro brilho. Ela gostava de usar uma sombra azul nos olhos e dizia que “azul era cor de festa”.
Também já coreografei um show especial dela na Danger e hoje é um orgulho ter feito parte da vida da primeira Drag do Brasil.
Infelizmente, em 2020 perdemos esta Rainha para o Covid, mas seu reinado sempre será lembrado como um grito de liberdade de expressão, grito este que derrubou muitos muros e portas para as novas e futuras gerações de hoje e de sempre.
Iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiaaaaaah! (Era um grito que ela sempre fazia em cima dos palcos).