O fato de muitos não considerarem a profissão de DJ um trabalho sério, se dá ao começo informal – onde a maioria dos artistas aprende a tocar e fazer as mixagens em eventos informais, como por exemplo festas particulares, através de amigos (muitas vezes já artistas profissionais na cena), curiosidade ou até mesmo por vontade de descobrir um mundo novo. Em decorrência disso, ouvimos muitas pessoas dizerem: “todo mundo é DJ hoje em dia?” E há algo de errado nisso?
Felizmente a cena eletrônica brasileira vem se profissionalizando cada vez mais nos últimos anos, para que os artistas possam estar qualificados e atenderem as exigências de contratantes, além de se manterem relevantes na cena, pois o mercado está cada vez mais disputado.
A DJ Mara Borges, proprietária e professora da escola Atomic Curso para DJs, localizada na cidade de São Paulo/SP, sempre foi apaixonada por música eletrônica – “Eu ia até as lojas que vendiam CDs na minha cidade e comprava todos os de House que encontrava, adorava ficar ouvindo, separava tudo que eu mais gostava e sentia a necessidade de mostrar aquelas músicas para outras pessoas, comecei a pesquisar músicas e versões diferentes daquelas que todos já conheciam, eu já tinha uma coleção incrível, foi quando eu decidi que queria me tornar DJ e comprei meu primeiro equipamento. Quando os equipamentos chegaram, eu tive que aprender a utilizar sozinha, pois não tinha curso de DJ próximo a mim, os recursos eram pequenos, então tive que me virar e me dedicar muito para poder aprender”.
A paranaense foi em busca de profissionalização e foi ganhando muito destaque por onde passava, se tornou residente do maior after do Brasil, o Code After, se apresentou em grandes festivais e selos renomados, tanto no Brasil como no exterior e atualmente é DJ da Headphone Music.
A DJane possui treze anos de carreira, se orgulha e tem um grande carinho por essa trajetória de sucesso que construiu. Há quatro anos, fundou sua escola de DJs, formando grandes profissionais, as aulas são todas ministradas por ela, que acredita que “Algo essencial para quem quer se tornar DJ, é gostar muito de música, estar ativamente ouvindo, descobrindo artistas, sets, DJs, ter sensibilidade às emoções incríveis que as músicas trazem, ter a vontade de expressar esses sentimentos e mostrar essas pesquisas para outras pessoas. Esse já é um grande começo! Se alguém aqui sente isso, com certeza essa pessoa pode estudar e se tornar um futuro DJ, seja para tocar como hobby em casa, para os amigos ou então em um nível mais profissional como baladas e grandes festivais. Para isso é necessário buscar desenvolver esse interesse. Pode começar através de pesquisas sobre estilos musicais, entender quais equipamentos os DJs utilizam, qual estilo de música faz o coração vibrar, e entender qual cena recebe e combina com esse estilo musical escolhido. Tem muitos assuntos legais para ir pesquisando inicialmente, mas com certeza a melhor opção é procurar um bom curso de DJ, que vai te dar todo o direcionamento necessário, oferecendo base e conhecimento para te tirar do nível zero e elevar até ao nível profissional. O curso que deixo de indicação é a escola Atomic Cursos para DJs, que vem formando grandes DJs no mercado e preparando profissionais que estão se destacando na atualidade”.
Um grande exemplo é o DJ Bruno Moutinho, que começou a se arriscar em festinhas de amigos (aniversários, esquentas…) e para ele “as coisas foram tomando uma proporção maior do que eu esperava, foi então que me vi no momento de procurar um suporte profissional, onde eu pudesse estudar teoria musical e principalmente ter contato com os equipamentos profissionais de mixagem, e foi assim que cheguei até a DJ Mara Borges, que é uma referência como profissional para mim.
O curso me ajudou principalmente no quesito confiança, foi ali que pude (pela primeira vez) ter minhas horas de treino e isso me deixou pronto e muito mais seguro para aceitar convites maiores”.
O paulista, além de DJ é Relações Públicas por formação, trabalhou por alguns anos na área de comunicação corporativa – “E eu amava! Até a vida de DJ chegar e eu descobrir que eu amo muito mais a música. Antes da pandemia, a carreira de DJ já tinha se tornado minha principal fonte de renda. Hoje eu trabalho com outras coisas também, mas sempre em algo que possa caminhar em paralelo com a minha carreira, eu sempre digo: O Hobby totalmente despretensioso virou minha vida”.
Atualmente existem vários artistas que conseguem conciliar a carreira artística com um trabalho fora da música. Neste caso tem que ter dedicação dupla, organizar bem o tempo, sair de um trabalho e ter tempo reservado para se dedicar ao outro. No caso de ser DJ por Hobby, nada melhor do que sair de uma semana de trabalho, e poder relaxar ouvindo e mixando suas músicas favoritas com os amigos.
Ter um hobby com música, muda a vida de qualquer pessoa para melhor, para o comunicador e diretor criativo Thales Sabino, fundador da boate Victoria Haus, localizada em Brasília/DF. Recém profissionalizado como DJ, acredita que, com sua formação, pode “integrar esse conhecimento às demais áreas da minha vida, profissional e pessoal. Seja tocando como DJ, mas principalmente produzindo eventos, para que outras pessoas que estudam tanto e se dedicam muito, possam ter uma experiência de cooperação comigo. Minha expectativa é poder trabalhar em novos projetos e trazer essa bagagem do curso para eles”.
O brasiliense, que se formou com a DJ Anne Louise, acredita que o curso “foi uma breve introdução à atividade de DJ. Foram três semanas intensivas para entender o básico e começar a tocar. A ideia era aprender algo novo, me soltar, abrir a cabeça para ser um produtor de eventos mais consciente. Foi um passo que me deixou mais sensível, primeiro à profissão, porque passei a respeitar e admirar muito mais o ofício de DJ. Junto vieram
importantes aprendizados, como o poder da música.
Um dos legados dessa experiência do curso é a parceria com meu amigo Ícaro, que também fez o curso e tem se dedicado profissionalmente à atividade de DJ. Estamos trabalhando juntos em sonhos, eu direcionando artisticamente e aprendendo com ele também. Usando minha experiência para somar com ele. A ideia é que possamos realizar tudo no tempo certo, com humildade e criatividade na mesma medida”.
Esses fatos só provam a grandeza dos DJs na nossa sociedade. Somos responsáveis diretos pela diversão das pessoas, seja dentro de um clube, em um evento social ou em um barzinho. Afinal, a música tem um poder único de criar pontes entre pessoas de diferentes culturas e valores, que conseguem se despir de preconceitos para curtirem as energias que emanamos através dos alto falantes.
Foto de Capa: Thales Sabino – formação com a DJ Anne Louise. Foto: acervo pessoal.