Imagina que você está preparando um prato delicioso com ingredientes bem inusitados e ao final descobre que tal combinação rendeu uma incrível descoberta. Falando assim, até parece lembrar de um reality show de culinária, mas, trocando os pratos pelas pick-ups dos DJs, a mistura daria outro tempero, que chamamos de bootleg ou mashup.
O “bootleg” é uma produção não oficial ou não autorizada, geralmente um remix ou um mashup originário dos trabalhos de outros artistas. A princípio o nome “bootleg” nunca teve nada a ver com a música eletrônica. O termo em si se refere a objetos que são duplicados, transportados e vendidos ilegalmente. E só quando chegou ao patamar da indústria da música, o termo passou a se referir a toda e qualquer criação musical que é usada em violação das leis de direitos autorais, especialmente algo que é duplicado e vendido com fins lucrativos, por alguém que distribui sem o direito legal de duplicá-lo ou vendê-lo.
Falando em “mashup”, a nomenclatura se refere ao ato ou efeito de misturar duas ou mais músicas para gerar uma única faixa. O “mashup” é reconhecido também por outros nomes, tais como “blend”, “bastard pop”, “power mixing” ou a terminologia mais antiga, que conhecemos como “bootleg”.
O método mais usual e comum para se criar um “mashup” é acrescentar um vocal, sample, ou acapela de uma música a um novo instrumental de uma nova faixa, ou vice-versa. Embora isso possa ser considerado uma violação dos direitos autorais, essa brincadeira tem se tornado cada vez mais comum entre grandes e novos produtores de música eletrônica.
Há quem afirme que os mashups foram criados em meados da década de 1980, mas se tornaram populares provavelmente no início do novo milênio. De fato, a sua criação se tornou tão popular, que muitos DJs e produtores de música eletrônica já adotaram a prática do mashup como estratégia exclusiva em suas apresentações.
O problema com esses termos é que existe a definição formal e, também, a maneira trivial como as pessoas usam esses nomes hoje em dia. Além disso, muitas terminologias se acumulam, por exemplo, você pode ter um remix dito original, mas que se utiliza de pequenos trechos (samples) com vocais manipulados, extraídos de uma outra música original. No final das contas, tudo isso é considerado formalmente um bootleg, que pode vir a ser originalmente lançado.
Então, para esclarecer essa salada musical, saiba que, um “remix” é a versão de uma faixa original de um artista e o “bootleg” é apenas um remix que foi feito não oficialmente. Ou seja, o produtor não pediu consentimento para fazê-lo.
Para o ouvinte, porém, não há diferença entre um remix e um bootleg. Talvez essa seja uma das grandes razões pelas quais a maioria dos bootlegs são chamados de remixes. Boa parte dos produtores da atualidade não se preocupam em seguir essa regra, que no final das contas nem gera muita importância para o público.
O fato é que “bootlegs” e “mashups” sempre estiveram presentes na Dance Music. Para muitos DJs, tudo isso é o primeiro passo para entrar no universo da produção musical, até porque a ideia vem da brincadeira de criar novas versões para as músicas originais. O público passa a reconhecer e perceber o quão bem as faixas funcionam juntas e o DJ acaba ficando surpreso com o resultado na pista.
Ouça a seguir três bootlegs que bombaram nas pistas e se tornaram sucessos pelas mãos de produtores da cena da música eletrônica.