Com uma intro e quatro faixas o trabalho estreia no streaming e no Youtube
Didi Fiorucci, compositor natural de Curitiba, mas criado em Palmeira, no interior do Paraná, divulga hoje (01), o EP visual Formato. Com uma intro anunciando as quatro faixas, o disco apresenta narrativa autobiográfica e revela seu conceito em formato audiovisual. Assista aqui.
O trabalho marca uma nova fase na carreira do compositor, agora em trabalho solo, ele foi o responsável por arranjar, tocar (com exceção do baixo na faixa Distração), produzir, compor e gravar todas as faixas do EP, que partes foram registradas em seu home studio, em Curitiba, e outra em Palmeira (PR). “A ideia foi captar a grande maioria das coisas e só depois partir pra synths e midis. Eu queria tudo bem processado digitalmente, para criar esse contraste entre o orgânico e o digital na produção também. Escolher alguém que atua na música eletrônica para fazer a mix foi também parte disso”, revela o músico que escalou seu parceiro musical de longa data, João Vitor Schmidt, do projeto Espetacara, para a mixagem do álbum. Para masterização, contou com Leo Gumiero, produtor e músico dos projetos Ímã e Farol Cego.
O artista já trabalhava com temáticas existenciais e reflexivas em suas canções de projetos anteriores, mas desta vez Didi conta que o processo biográfico de suas experiências entre 2019 e 2021 foram essenciais para a construção da identidade conceitual não só sonora como também nas letras: “Nesse processo de por um lado, ser sobre a materialização das ideias, por outro, ser sobre conseguir sair do lugar mental ou emocional desconfortável que eu estava e chegar em alguma conclusão. Este trabalho é como uma resposta mais solar e esperançosa a esses últimos anos, para mim mesmo. Muita coisa ruim aconteceu com o mundo e no meu círculo pessoal, então foi um certo desafio consciente não escrever algo mais triste, mais melancólico, que poderia ser muito bonito também, mas pra mim teve algo terapêutico e de reafirmação em botar pra fora algo pra cima e com uma mensagem positiva, mas uma que tem uma reflexão séria ao mesmo tempo”.
Faixa a faixa
A Intro do álbum soa como um convite para uma viagem rumo a todo o processo do pensamento introspectivo, uma simbologia traduzida em arranjos instrumentais que dão um tom onírico para o ouvinte.
A voz suave de Didi contrastada com forte interpretação, é acompanhada de arranjos de violões, que anunciam a primeira canção, Distração, a única faixa com participação especial, feita pelo pai de Didi, Irapuan Luiz, quadrinista e músico, que tocou o contra-baixo. “A mensagem é sobre aquele momento de perceber tanto o desconforto como a necessidade de sair daquele lugar, sendo ele principalmente psicológico, mas também podendo ser interpretado como físico”.
Esquecer e Lembrar ressalta a característica de psicodelia moderna da música que transita entre lamento, salsa e tropicália. “Faço uma referência mais forte a ritmos e à estética musical brasileira, com as diversas percussões orgânicas, baixo bem marcado e com dissonâncias no violão, mas mantendo os traços mais etéreos e psicodélicos com as guitarras, os sintetizadores, as vozes e os processamentos. A mensagem é sobre reflexão, como podemos lidar com nossas memórias enquanto seguimos em frente. Conseguir esquecer e lembrar dos momentos sem se perder completamente neles, fazendo disso uma jornada de compreensão e autoconhecimento, entendendo o passado para nos encontrarmos”.
Mudança é marcada por frases de guitarras que trazem uma atmosfera de renascimento evidenciadas por escalas árabes na melodia da canção. “É como se fosse um empurrão adiante, como um segundo pedido por movimento, já em um lugar mais claro, de saber o que é necessário, para atingir o objetivo, de movimento e descobrimento, externo e principalmente, interno”.
Beleza encerra o álbum, mas no processo criativo foi a faixa que deu vida ao EP. Gravada primeiramente de maneira rudimentar, a canção ficou em stand by durante alguns anos até ter sua releitura registrada no disco. “Beleza é a grande resolução do processo, onde as coisas foram aprendidas, digeridas e agora são colocadas pra fora, isso fica claro também na estética da música, que evoca tanto um lugar de harmonia quanto por quase todos os elementos sônicos apresentados previamente serem utilizados em seu potencial completo nessa música. Ela traz a afirmação, de que não há coincidência, tudo está em seu lugar, e que a beleza pode ser percebida através dessa afirmação. Há uma qualidade catártica nesse processo”.
EP Visual
A ideia de lançar um EP visual surgiu quando o músico buscou todas as ferramentas disponíveis para traduzir para a arte, o processo catártico vivido durante a pandemia. “O vídeo busca contar a trajetória do processo interno de lidar com as mudanças da vida, a passagem do tempo, o luto e conseguir enxergar propósito e razão, por meio da criação e da materialização de ideias. Para mim, esse foi o próprio processo de fazer o EP e o vídeo, ao mesmo tempo, é essa a história que estou contando”. Assista aqui.
De 2020 a 2021 Didi se aprofundou nos estudos de técnicas audiovisuais, o que o fez ter autonomia para produzir, editar e dirigir as imagens. A captação ficou por conta do próprio compositor e de seus pais Michelle Fiorucci e Irapuan Luiz. Fechando o time técnico, o artista visual Frê Vidovix cuidou das animações 3D. “A maneira como meus trabalhos são feitos importa conceitualmente para mim, ou ainda atribui ou reforça significados. Por exemplo, há uma importância nas pessoas que participaram desse EP visual assim como ele ter sido filmado em Curitiba, em Palmeira e em Pontal do Paraná, que são lugares especiais para mim”.
Com duração de pouco mais de dezesseis minutos, a obra exibe na ordem do disco, a narrativa de todo o processo vivido pelo compositor. A intro é representada por imagens que remetem ao estado onírico de consciência, na sequência a faixa que abre o álbum, Distração, traz o músico de costas acompanhado de uma projeção de sua imagem negativada, o que pode ser interpretado como o período de introspecção e auto-reflexão, ao final da música seu corpo ganha cores, o que conecta com Esquecer/Lembrar figurada por imagens de pés na areia e natureza florescendo que pode ser associado à intenção de preservar memórias, e usufruir delas sem se esquecer de aterrar o corpo no presente, tudo isso acompanhado de inserts no tempo rítmico da canção. Mudança entrega o sentido literal do título exibindo estradas, mares, foguetes saindo da terra, figurando o movimento que leva para a parte final da obra, a solução: Beleza, quando o artista aparece pela primeira vez de frente, colorido e fazendo esculturas de argila, representando, assim, a materialização da sua jornada.
“Assim como na música, a experimentação é a ferramenta. Tentar coisas diferentes, usar várias câmeras, comunicar sentido ao usar certos efeitos e interferências visuais. No fim, acabei indo desde a animação 3D, que simboliza a ideia etérea, até a escultura em argila, como processo final de materialização”.
- Didi Fiorucci.
Capa
A idealização e realização da capa também foi feita pelas mãos do próprio compositor. O artista visual e músico, Frê Vidovix, contribuiu com animações 3D para o EP visual e construiu o Oloid, que veio a ser a figura estampada na capa. O conceito e tradução visual do trabalho surgiram através de conversas da dupla. A fotógrafa e musicista Alessa Berti também somou no processo criativo através de troca de ideias no campo de design gráfico com o Didi, que revela: “O trabalho de capa traduz visualmente o conceito do EP, que é o processo de transformação e materialização de ideias. Eu usei o cubo, a esfera e o Oloid, para representar essa transformação e na capa usei versões 2D dessas formas. É como se cada figura fosse uma evolução processual da outra. Nesse caso o Oloid, que é uma forma extremamente peculiar, em sua versão 2D virou uma espécie de fita de Möbius, agregando também um significado de ciclos constantes e infinitos. Esses elementos aparecem de diferentes formas no EP visual, capa do single e nas fotografias de divulgação. O fundo da imagem evoca essa ideia de um espaço etéreo, que pode ser onírico, espacial ou espiritual, dependendo da interpretação”.
Show de Lançamento
As canções do novo EP serão apresentadas ao vivo, em Curitiba, dia 23 de Julho no espaço cultural Alfaiataria. Além das novidades no repertório, o artista também traz músicas rearranjadas do seu álbum de estreia A Manhã (2018) e do EP Casa (2021).
Os ingressos podem ser adquiridos neste link.
Data: 23.07.2022
Início: 20h
Local: Alfaiataria – Rua Riachuelo, 274 – Centro (Curitiba, PR)
Ingressos: R$25 (antecipado) ou R$30 (porta)
FICHA TÉCNICA
Música
Composição, arranjos, execução e produção: Didi Fiorucci
Mix: João V. Schmidt (Espetacara)
Master: Leo Gumiero
Vídeo
Produção, Direção e edição: Didi Fiorucci
Captação 3D: Frê Vidovix
Captação: Didi Fiorucci, Irapuan Luiz, Michelle Fiorucci
SOBRE DIDI FIORUCCI
Didi Fiorucci é nascido em Curitiba e criado em Palmeira, no interior do Paraná. Tem um interesse pela música e por diversas formas de arte desde muito jovem. Começou a compor e apresentar suas obras musicais em 2013, na mesma época em que iniciou a realizar shows. Depois de participar de diversos projetos, bandas e também se apresentar solo, formou a banda Didi Fiorucci & Os Viajantes do Tempo, como apoio para sua carreira solo no fim de 2017. Com o grupo, além de se apresentar em festivais como RockOn Antonina (2018), Poeme-se (2019), Expopalmeira (2019) e em casas de show e eventos alternativos de Curitiba, produziu e lançou o disco A Manhã (2018) e o EP Casa (2021), trabalho que finalizou essa etapa de sua carreira. A partir de 2022, ele anuncia sua carreira solo, lançando um EP visual, Formato, com quatro faixas e uma intro instrumental que materializaram sonoramente o processo vivido pelo músico na pandemia. Didi também é formado em escultura/artes visuais pela Unespar e busca traduzir seus conceitos e reflexões para diferentes linguagens artísticas.