LANÇAMENTO | Beats eletrônicos e sintetizadores são as marcas registradas de Abala Ladaia, quarto álbum de Bel Medula

Isabel Nogueira, multiartista natural de Pelotas (RS), baseada em Porto Alegre (RS), lança o quarto álbum do projeto Bel Medula, Abala Ladaia. Os videoclipes A Pedra e a Vidraça e Te Dizer estrearam simultaneamente com o streaming e hoje a faixa que leva o título do álbum ganha destaque em audiovisual assinado pela uma.noz produtora e com direção coletiva por ​​Bel, Douglas Jung, Elizabeth Thiel, Thais Andrade, Lau Baldo e luczan.

Para compor, produzir e registrar as doze músicas, a compositora contou com o seu parceiro musical de longa data, luczan, e trabalharam lado a lado no home studio, Mar de Tralhas. A mixagem foi realizada por João Meirelles (BaianaSystem, Jadsa) e a masterização por Florencia Saravia-Akamine

Beats eletrônicos e sintetizadores são as marcas registradas do disco que traz uma atmosfera electro-experimental embalada em melodias faladas. Dessa forma, pontua a narrativa criada por letras que discorrem sobre temas diversificados inseridos no conceito do álbum, que é dividido em duas partes, cada uma com seis faixas. Uma delas trata de assuntos existencialistas, propondo reflexões acuradas como a impermanência humana, e o ‘outro lado’ sugere vivências instantâneas e corpóreas encontradas no âmbito sensorial, como experiências vividas no ‘calor do momento’, como revela a compositora. Essa ideia de dualidade também pode ser percebida em Pele/Osso, disco de 2019 lançado pelo projeto. 

Capa de Abala Ladaia com design por Casulo Cria

Capa

Assim como os singles que antecederam o lançamento do álbum, a capa foi desenvolvida pelo estúdio multidisciplinar de arte e design, Casulo Cria. “Tudo na imagem foi construído com ênfase nas texturas. Além do noise nas cores de fundo, utilizamos textura de bruch, dots e ranhuras. A paleta de cores é suave, utilizando cores complementares contrastando com a tipografia ‘punch’ bem marcada, mas que se mistura a composição pela aplicação de textura com a cor do background, e o uso de elementos de botânica remete a arte do single Te Dizer“, revela o estúdio.

Show de lançamento

No dia 07 de Julho, às 20h, Bel Medula sobe ao palco do Teatro Santa Casa, em Porto Alegre, para o lançamento de Abala Ladaia. Na apresentação de 60 min, Isabel e luczan vão apresentar todas as doze canções do álbum, além de algumas inserções dos repertórios anteriores.

E, enquanto o show de pré lançamento, que aconteceu no Teatro de Arena no último dia 22, apostou em um conceito intimista, a apresentação do Teatro da Santa Casa vem com uma proposta de começo de um novo ciclo, e, como diz Bel, “propondo um acontecimento cênico onde movimento e massa sonora confluem na criação de um drama óptico no espaço”.

Apoiados em imagens, projeções e iluminação cênica, Bel e luczan vão criar um ambiente sensorial que faz do show um processo imersivo de expansão da percepção. Os ingressos estão disponíveis aqui.

Faixa a faixa

Abala Ladaia abre o álbum com peso e beats eletrônicos que bebem da fonte da banda britânica, Prodigy – e é a faixa de trabalho do disco que vem com videoclipe. O contexto que o mundo vivia serviu de inspiração para a composição: “É uma canção sobre a necessidade de abalar, cortar de vez as ladaias, conversinhas, tretas, trairagens, vacilos e coisas inúteis e superficiais. Veio num tempo em que os palcos estavam sem bandas, a vida a preço de pinga e o cheiro de morte espalhado no ar”.

o vídeo tem direção coletiva por ​​Bel, Douglas Jung, Elizabeth Thiel, Thais Andrade, Lau Baldo e luczan. Sobre a proposta construída, a artista comenta: “A ideia foi construir uma série de movimentos geradores, contrapondo elementos opostos tais como girar, equilibrar, tremer e caminhar. Esses movimentos foram gravados em uma única sessão, na qual a luz contribuiu para criar um drama no espaço. As imagens foram trabalhadas usando efeitos de processamento para quebrar continuidades, interrompendo e acelerando, sobrepondo elementos para sublinhar as coisas que acontecem sonoramente e trazendo para o vídeo os mesmos processos de criação utilizados na música”.

A Pedra e a Vidraça foi concebida durante a pandemia, e é regada por referências do big beat, movimento eletrônico fundado na capital inglesa no final dos anos 90, e chama para o debate vivências cotidianas assistidas sob o ponto de vista contemporâneo. “A música começou a partir de uma base sampleada de bateria e de riff criado com sintetizador. Na letra falamos sobre aprender com processos, impermanência e como as coisas se transformam. Todas estas experiências nos colocam na posição de entender quem a gente quer ser e como nos posicionamos no mundo que habitamos”. A canção abriu a divulgação do álbum e estreou com um videoclipe dirigido por luczan.

Afiador é uma composição inspirada no som do carro do afiador de facas que passava na rua da Bel. A música resgata a sensação nostálgica relatada pela artista, por tratar de um som familiar presente em sua infância vivida nas cidades do interior. “Gravei o afiador, trabalhei o sample e fiz uma base de bateria e sintetizador trazendo a ideia dos ruídos da cidade que acontecem junto com o pregão do afiador e seu apito”.

O Sentido é o Olho exibe batidas diretas que se conectam com o contexto da canção. “O sentido acontece do olho pra dentro. O mundo não tem um único sentido, nem um sentido definido. Nós atribuímos o sentido ao que vemos”.

Corpo com Corpo traz a temática sensorial proposta em um dos núcleos do disco, carregada de influências de bandas inglesas eletrônicas dos anos 2000. ”Essa canção é sobre sedução e encantamento. Sobre desmentir a física e provar que dois corpos podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo. Simultaneamente a isso, ela narra verdades simples e profundas”.

Diferente de todos os clipes anteriores lançados na pandemia, em Te Dizer Bel aparece em uma locação externa ocupando espaços que dialogam com a letra da canção e reforçam a experiência corpórea sugerida na segunda parte do álbum. O clipe foi inspirado em um sonho da artista e reproduzido nos arcos do Parque da Redenção, na capital gaúcha. “Essa é uma canção que nasce no flow da batida da música eletrônica, da ideia da festa e de tudo que pode acontecer a partir dela. Será que é sonho ou realidade o que te derrete, o que te seduz? É sobre encontrar formas de fazer fluir teu desejo, sobre estar conectada ao seu movimento e perceber tudo que emerge a partir da tua ação no mundo”.

Bel Medula por Lau Baldo

Eram os Deuses Celebridades começa com uma estética sonora diferente das outras canções, sensação atribuída pela linha de baixo que poderia ser identificada como uma introdução de uma música do Muse. Mesclada a batidas eletrônicas, a melodia brinca com o tema da canção. “Às vezes a gente fica esperando um dia perfeito para fazer alguma coisa, uma sensação de que está tudo no seu lugar. Talvez este dia não exista, porque todos os dias são um pouco tortos, e a gente pode entender que são dias perfeitos para criar, dias perfeitos assim como são”

Se a dor ensina a gemer o prazer ensina melhor logo no início exibe duas melodias se cruzando na harmonia da música, sugerindo o tema proposto na letra da canção. “Tem muitos clichês que são repetidos sem que se pense o que dizem e como impactam pensamentos e emoções. Um deles é que o aprendizado inclui necessariamente o sofrimento, uma alegação que naturaliza as dores e as violências. O prazer ensina mais, gemer de gozo é melhor do que de dor”.

Balanço contratempo traz o sintetizador em tempo incomum na divisão rítmica, algumas entradas harmônicas são feitas na síncope ou no contra-tempo. “Às vezes a vida nos manda uma batida quebrada, um ritmo torto.  O melhor que se pode fazer é aprender a não cair, a dançar no balanço do contratempo, se reinventar e encontrar o ritmo do que cada momento pede”.

Passarinha entrega uma narrativa nostálgica e onírica, não só em sua letra, como também nos arranjos e melodias embasadas por canto de ciranda desenhados em cima de beats e ruídos abstratos. “Os sintetizadores trazem uma linguagem contemporânea para uma canção de roda. Uma ideia de tarde morna, quietude e balanço leve, como o vento que embala a janela”.

A décima primeira música do disco, O Sampler é Uma Máquina de Inventar Tradições traz referências melódicas da passagem dos anos 90 para os 2000 do electro-pop. “O processo de sampleamento inventou tradições a partir da sua prática. A letra faz referência a um bombardeio de ideias que acontecem todos os dias na nossa cabeça, como samples de conceitos, às vezes rápidos, outras profundos, desde ideias sobre o funcionamento do universo até posts rápidos. Sons sampleados, ideias amalgamadas, resultando na conclusão de que o sampler é uma máquina de inventar tradições”.

Bom é dois encerra o álbum com atmosfera energética e letra direta: “Um é pouco, bom é dois”, que entrega o tema da canção nos primeiros segundos. “Ela é sobre encontrar uma parceria, dividir vida, amor, drama, sexo, conversas, planos, celebrações. 

FICHA TÉCNICA

Músicas

Composição da letra, musica e arranjo: Bel Medula e luczan 

Intérpretes: Bel Medula (voz e sintetizadores) e luczan (sampler e sintetizadores)

Gravado por Bel Medula e luczan no estúdio Mar de Tralhas

Mixado por João Meirelles

Masterizado por Florencia Saravia Akamine

 

Clipe Abala Ladaia

Criação coletiva por Bel Medula, Douglas Jung, Elizabeth Thiel, Thais Andrade, Lau Baldo e luczan.

 

Bel Medula – performance

Douglas Jung – direção artística criativa

Elizabeth Thiel – fotografia e câmera

Thais Andrade – iluminação

Lau Baldo – fotógrafo de still

luczan – edição e montagem

 

Juliane Senna – maquiagem

Bel medula veste Ingrid Rizzieri (entrecubos) e squame

Locação: Estúdio Amplo

Realização: uma.noz produtora

 

Capa

Arte: Casulo Cria 

 

Show de lançamento

Voz e sintetizadores: Bel Medula

Sampler, sax, guitarra e programações: luczan

Projeções: Jana Castoldi

Desenho de luz: Kevin Brezolin

Desenho de som: André Brasil

Direção artística criativa: Douglas Jung

Direção geral: Bel Medula e luczan

Registros de imagem: Elizabeth Thiel

Produção executiva: Clarice Nilles

SOBRE ISABEL NOGUEIRA

Isabel Nogueira é compositora, cantora, multiinstrumentista, produtora musical e musicóloga, à frente do projeto Bel Medula. Doutora em Musicologia pela Universidade Autônoma de Madrid, estuda piano desde a infância e, ao longo de sua trajetória, pesquisa as potencialidades da voz e dos sintetizadores na expressão artística. É professora da UFRGS e coordenadora do Grupo de Pesquisa Sônicas: Gênero, Corpo e Música (UFRGS).

Suas canções traçam teias entre histórias de mulheres, usando beats, sintetizadores, voz e vídeo arte. Grooves, beats e ambiências se misturam a vozes sussurradas, cantadas e faladas, propondo mantras contemporâneas a partir da combinação de elementos sintéticos e orgânicos.

A artista já atuou em festivais no Brasil como a Kinobeat, Musica Estranha, FIME, e no exterior como o Live Arts Culture na Itália e Feminoise na Argentina, além de performances em espaços consagrados da música experimental, como a sala Spectrum em Nova York.

Em 2019 foi orientadora da residência artística para mulheres no Projeto Concha, na cidade de Porto Alegre com financiamento da Natura Musical, e no mesmo ano, lançou seu primeiro álbum como Bel Medula: PeleOsso (2019). No ano seguinte, foi a vez de Luna e em 2021 disponibilizou seu terceiro disco, Semente.

Em Junho de 2022, a multiartista abre seu novo disco Abala Ladaia, estreando o single A Pedra e a Vidraça, escrito em parceria com luczan, que também atuou na direção e edição da obra audiovisual. Te Dizer vem como segunda música de trabalho, e chegou com  videoclipe filmado em locação externa pela primeira vez após o início da pandemia. O trabalho antecedeu o lançamento do álbum completo, Abala Ladaia, disponibilizado em Junho deste ano.

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