Nos últimos anos, as atenções da cena do Tribal House se voltaram para um lugar até então inédito: Brasília.
O povo que viaja o Brasil todo em busca da vibe perfeita, que está acostumado a frequentar os festivais Tribal House, como os da The Week de São Paulo, o Réveillon e o Carnaval Carioca, os resorts paradisíacos do Hell & Heaven e também a San Island, teve que acrescentar mais um evento na sua programação.
A responsável por esse frisson todo é uma só: Liliane Santana, da Festa da Lili. Na contramão da crise, Lili vê seu público só aumentar. Mas quem diria que o evento surgiu meio que por acaso?
Quinze anos atrás, para comemorar seu aniversário, Lili promoveu uma festa cuja entrada era uma caixa de cerveja e dez reais. A repercussão foi tão grande que pediram para ela fazer outra, e assim foram mais três festas (a essa altura, não mais de aniversário). Foi quando caiu a ficha de que essa era sua verdadeira vocação.
Mas o que tem de diferente nessa festa, a ponto de ser considerada por muitos a melhor festa de Tribal House do Brasil, e atraindo milhares de fervidos de todo o país? Vamos analisar por partes:
A Festa da Lili consegue, de certa forma, reunir o melhor dos mundos. Tem um palco tão grandioso, som potente, fogos de artifício e efeitos especiais como nas melhores edições do Acquaplay; uma cenografia criativa como nas melhores edições da saudosa Festa TOY; shows, figurinos e direção de arte caprichados como os da Hell & Heaven, além de um time de DJs nacionais e internacionais escolhidos a dedo, que vestem a camisa e tocam som de festival, como pede a ocasião.
Tudo muito bem sincronizado e organizado. A gente ficou sabendo que o backstage não fica atrás, proporcionando conforto e segurança para todos os profissionais envolvidos.
E um dos maiores diferenciais: um nível de serviço como jamais visto nas festas LGBTQIA+ de grande porte. Entrada, segurança, caixas, bares: tudo corretamente dimensionado, bem distribuído, para ninguém passar perrengue em nada. Chapelaria com preço acessível e equipe bem treinada, que atende todos com maior carinho a noite todo, como deveria ser sempre. Diferente de outros eventos onde você paga um preço alto e sequer tem acesso aos seus pertences durante a festa.
Lili foi pioneira em forrar em nivelar cuidadosamente a pista de seus eventos com piso plástico modulável. Assim você não se suja de poeira nem bebida. Há sempre muitos sofás, lounges, almofadões posicionados estrategicamente, para descansar.
São muitos pequenos detalhes que vão se somando e que denotam preocupação extrema com o conforto do cliente. Esse é o verdadeiro segredo: amor, dedicação, pensar no público em primeiro lugar.
Não é à toa que Lili é absurdamente aplaudida pela multidão quando aparece no palco. Ela sempre se emociona junto a gente durante a festa, como eu mesmo pude comprovar. São meses de trabalho árduo, recompensados num final de semana.
Cada edição é composta pela Main Party, no sábado à noite, e uma Day Party, no domingo.
No sábado, que em tese teria, logicamente, a predominância dos fervidos, o público é uma interessante mistura de tribos. Muitas POCs, ursos, casais héteros, e muitas outras pessoas que normalmente não frequentariam nossas festas eletrônicas, mas que não abrem mão por nada do espetáculo.
E são todos muito bem-vindos, por sinal. Diversidade e respeito é uma tradição da festa.
Já na Day Party (chamada muito injustamente por alguns brasilienses de “after”) rola num clube à beira do Lago Paranoá. O local é bastante agradável e ventilado, dá pra tirar fotos lindas para postar depois nas redes sociais. Além disso, a predominância é quase total do povo de eletrônico mesmo. A galera se joga com tudo, caprichando nos looks: você verá muitos shortinhos, brilhos, transparências, bandanas, botas e meiões coloridos, enfim, todo tipo de acessório fashion e clubber.
A Festa da Lili tem três edições por ano: em abril, agosto e dezembro. Claro que a edição mais aguardada, e de maior público, é a de aniversário, em agosto. Mas as outras também são muito caprichadas e valem a viagem até o Planalto Central. Lili também promove três edições anuais da Intense, uma Pool Party, que acontece no parque aquático Bay Park.
No aniversário de 14 anos, em 2019, o tema Museu da Arte foi explorado à perfeição. A entrada da festa era uma sala de exposições com reproduções gigantes de grandes obras da pintura e escultura, com direito até à uma divertidíssima Mona Lisa com o rosto da Lili. O palco era uma reprodução da fachada do Museu do Louvre, em Paris.
A atração principal foram os DJs/producers israelenses Yinon Yahel e Mor Avrahami, que tocaram um B2B inédito até em Israel. A sinergia deles foi completa. Não só conseguiram segurar a pista fervida da DJ Anne Louise, como ainda fizeram uma viagem musical por várias vertentes e épocas do eletrônico, mantendo total conexão com o público, que comprou a ideia e manteve a vibe lá em cima.
“Mor e Yinon são ícones, fundamentais para entender o que está acontecendo atualmente na música eletrônica mundial”, é a opinião do carioca Guilherme Mesquita, que frequenta festas de eletrônico há quase 20 anos.
Já era dia quando entrou DJ Tommy Love B2B DJ Mauro Mozart e não deixaram ninguém ir embora. Nós estivemos lá, e pudemos verificar que a Day Party também foi uma das maiores e melhores já realizadas.
Por isso tudo, a expectativa com o aniversário deste ano era muito grande. Para não deixar a data passar em branco, foi realizada na mesma data, o que foi considerada até agora a melhor live da pandemia. Ou melhor dizendo, uma Digital Party.
Foram oito horas de transmissão, começando com um set do DJ Mor Avrahami, diretamente de Israel, depois passando pro lindo palco, montado especialmente para o evento. O encerramento teve muita emoção e lágrimas do DJ Tommy Love, Lili e muitos dos que estavam assistindo, entre eles o repórter que vos fala.
Algo que também não podemos deixar de mencionar é o público de Brasília (para não sermos injustos, de Goiânia também, que vão em massa à festa): são lindos, muito receptivos, animados. Você vai ficar apaixonado.
É a mesma opinião da DJ carioca Bell Roncoli: “Falar da Festa da Lili, Day Party e Intense só me trazem lembranças incríveis. Minhas melhores apresentações, energia e troca com o público me enchem de gratidão e saudade!”
O DJ Diogo Goyaz também tem muitas recordações bonitas: “Já são anos que toco nas Festas da Lili e me sinto feliz e realizado em fazer parte com frequência do line-up de um dos selos mais importantes e imponentes do circuito nacional. Todas vezes que subo ao palco é uma emoção intensa. Olhar aquela multidão de pessoas de todo Brasil, conectadas a minha música não tem preço. Me recordo de uma edição da Intense no início de 2019, que eu tinha a missão de fechar a festa e a galera não queria ir embora por nada. Foram 4h de set com uma energia absurda. Enquanto eu tocava a Lili subiu no palco e me presenteou com um terço em formato de pulseira com o pingente de Nossa Senhora Aparecida. Foi uma conexão linda, emocionante e essa pulseira me acompanha até hoje, me sinto protegido.”
A volta já tem data definida: será nos dias 5 e 6 de dezembro e os ingressos já estão à venda.
Caso o evento não seja liberado na ocasião pelo Governo do Distrito Federal, os valores serão devolvidos.