Fomos na melhor fonte de pesquisa possível e contamos como a inclusão tem mudado vidas de Mulheres Trans Brasil a fora.
Junto a toda evolução da tecnologia, mais acessibilidade a informação, mais possibilidades são descobertas, mais preconceitos vão se desconstruindo e, com isso, mais portas são abertas às minorias. Nessa reportagem, a voz são de pessoas trans que vêm tendo seus lugares de direito sendo conquistados, sendo profissionalizades. E isso tem ocorrido também nas cabines do Brasil.
Em uma sociedade que insiste em marginalizar Mulheres Trans e que pouco conhece Homens Trans, a arte e a música vem ajudando muito a fazer ser compreendido que els também são capazes e têm o direito de serem o que quiserem ser. Por falta de compreensão, muitas vezes de seus próprios familiares, têm dificuldades de se encaixarem em algo, não se veem representades. Precisamos melhorar, incluir mais, viver nossas diversidades.
Desejamos um futuro que não existam essas diferenças, que mais espaços sejam conquistados, mais portas sejam abertas e nosso papel é dar voz a todes, desmistificar essas diferenças dentro da música. A música é colorida, é sem gênero. Então fomos buscar informações e fatos, e assim vamos contar um pouco sobre como tem sido para trans ingressarem na profissão de DJ, como se iniciou essa inclusão e com alguns detalhes reais de DJs Trans que já tocam em festas, fazem lives, tem suas agências e reconhecimento dos contratantes. Com isso, queremos inspirar novos talentos Trans: Mulheres e Homens, e dar voz e reconhecimentos a pessoas trans que já atuam no cenário.
O Tribal House é uma das vertentes da House Music na qual a maioria dos ouvintes são LGBTQIA+, então a música, o ritmo e a energia transmitida já é algo familiar para todes. Nessas mesmas festas, as pessoas Trans também estão, é a balada preferida da maioria. Logo, se identificar com aquele ritmo e querer conhecer mais é bem fácil. “A música tem o poder de unir as pessoas e de mexer com sentimentos. Sempre frequentei muito balada e já tinha essa vontade de ser DJ, mas nunca acreditei, até alguns amigos insistirem que daria certo. Aceitei a ideia e logo comecei a estudar e praticar” afirma Dominick, atualmente DJ Profissional já atuante. O não acreditar na capacidade del mesme era algo externo, que não deixa de ser algo que a sociedade fez els acreditarem. Os amigos enxergaram isso, esse movimento de inclusão necessário e a incentivaram.
Esse movimento de inclusão, se iniciou aproximadamente em 2018, quando uma janela enorme foi aberta com o programa Amor e Sexo que abordava temas LGBTQIA+ abertamente em rede nacional, que tinha Pabllo Vittar como parte fixa do programa e recebia artistas Trans como Linn da Quebrada e Valéria. Isso em um canal de TV aberta, foi um grande divisor e serviu de grande influencia para esse movimento.
No desenvolver de suas carreiras, muitos amigos já são envolvidos com música, ou produção de festas, ou conhece alguém que seja, logo, após as primeiras apresentações, conseguem receber bastante apoio e feedbacks dos mesmo e, sendo boas, logo um contratante conhece seu som, seu trabalho ainda que mais tímido, mas com qualidade. E os primeiros convites para tocar outra festa começam a surgir, seguindo o movimento que era nacional, o passado estava ficando para trás.
Inicialmente se apresentando em locais menores e em suas cidades, esse processo que iniciantes passam e é normal, vão ganhando mais visibilidade a cada festa. Logo, quem mais se aperfeiçoa, mais se destaca . “Já atuando como DJ e tocando em festas todo final de semana e amando aquele universo, sentia a necessidade de aprender mais, sempre podemos melhorar. Soube do curso da CAL ministrado pela DJ Anne Louise e Andre Baeta que estava tendo na cidade. Por ser em BH, era um intensivo com uma turma, aquela era minha chance. E em uma ação especial para revelações feita pelo Thales Sabino para a temporada de festa Verano, onde você enviava um set e, se selecionado o seu, ganhava a data. E assim eu tive a oportunidade de tocar na VIC, uma experiência incrível, que me deu mais visibilidade. Eu fui a primeira DJ Trans a tocar TRIBAL na VIC.”
Uma oportunidade que consagrou a DJ Nicoly, onde sua visão de querer melhorar sempre, se especializar, fez com que ela estivesse pronta para as oportunidades. Se você se dedica a profissão, se ama o que faz, estuda e se aprimora, o reconhecimento vem. Você precisa estar preparade pro momento. Assim foi com a DJ Fernanda Tavares: “já estava tocando no Brasil, toquei em festas com grandes DJs no line, alguns que eu era fã. E em uma dessas recebi o convite de tocar em uma festa em Portugal. Vim, toquei e com isso fui vista, identificaram meu potencial, e ganhei mais datas. Resumo: estou aqui até hoje, tive o privilégio de tocar na Construction, maior casa de música eletrônica de Portugal. Não paro, atualmente faço curso de produção musical.”
Histórias assim que gostamos de contar.
Então, o que falta para se ter mais DJs Trans presentes nas cabines tocando Tribal: “mais oportunidades e o fim do preconceito com a classe Trans” é o básico como afirmou a DJ Dominick. Por ser algo novo no tribal, muitas não se sentem confiantes. “Às vezes, falta coragem para algumas de nós “botarem a cara”, sempre que fui convidada aceitei. Ignoro o medo e vou, assim sempre deu certo. Precisamos acreditar em nossos potenciais.” Contou a DJ Paty Alves.
Para o preconceito ser combatido, além de muitos fatores, um grande impulsionador é a própria cena LGBTQIA+ abrir espaços para novos talentos. Foi assim, com quem acreditou e incentivou que pude escrever aqui acima. Paty Alves nos revelou, “eu tinha desistido de ser DJ, porque logo depois que estreei na festa de um grande amigo, o que me incentivou a ser DJ que me desafiou a conquistar isso, ele infelizmente faleceu. Isso mexeu muito comigo. Até que uma grande amiga minha, me convidou pra se apresentar em uma festa já conhecida em Brasília, e para acabar com minhas incertezas e não recusar o convite, ela ainda me presenteou com uma controladora, foi onde eu criei forças para continuar e voltei com tudo.”
Tendo a presença de pessoas trans em posições importantes, influentes e artísticas, faz com outres trans se vejam representades, acreditem mais neles mesmes, isso ajuda muito com a inclusão, todos ganham, porque uma das mudanças que farão nosso Tribal debutar dentro do eletrônico e estar presente em grandes eventos e festivais, é a união de todes, precisamos acreditar mais uns nos outres, estender a mão, trabalhar como uma grande equipe, juntos somos mais. A música é isso, o Tribal House é isso.
“A house significa inclusão, diversidade e celebração.” Honey Dijon.
Honey é uma mulher trans, negra, que conquistou seu espaço na cena eletrônica e se tornou uma das maiores DJs da House Music Americana. Encerro com essa frase dela, mas num futuro próximo esperamos ser o nome de umas dessas novas revelações a serem citados mundo a fora, e que seja do Tribal House.