Durante muitos anos na história da música em todo o mundo, o DJ era aquele profissional que comandava as pistas, mas ficava em sua cabine muitas vezes sem que o público o notasse. Artistas como Madonna, Michael Jackson, Prince, David Bowie etc elevaram o conceito de arte e música no século passado e trouxeram à tona uma nova percepção para profissionais da música que desejavam alcançar patamares mais altos, seja através de grandes shows, da moda nos palcos, performances, interação com o público e todo um arsenal de possibilidades que chamassem a atenção daqueles que estavam ali curtindo a noite.
Com o passar dos anos, alguns DJs deixaram as pequenas cabines para assumir verdadeiros espetáculos. Dancers, telões com vídeos interativos, pirofagia e pirotecnia são apenas alguns dos diversos artifícios utilizados para assumirem o verdadeiro papel de performers da noite. Ainda assim, tudo evoluiu aos poucos até chegarmos na realidade atual, onde muitos DJs são valorizados e reconhecidos dentro e fora do mainstream.
Em entrevista em uma live da Revista “Quem” em junho de 2020, o Dennis DJ relatou que seu “boom enquanto artista só aconteceu a partir de 2012” e que demorou bastante tempo para que as pessoas o valorizassem na mesma importância que demais cantores, sendo ele DJ e também produtor de várias músicas de sucesso no Brasil. Mesmo com tamanha ascensão de grandes DJs no Brasil e no mundo, ainda existem aqueles que preferem o anonimato e o discrição no palco, redes sociais com poucos seguidores e foco apenas no trabalho nas cabines.
Diante dessa divergência de direcionamento entre profissionais do mesmo segmento, há muitas discussões sobre a importância de ser um DJ e artista. “Todo DJ tem que ter uma visão artística para a sua carreira. Existem DJs mais performáticos e muitos dos novos profissionais que vêm surgindo estão sempre trazendo novidades em suas apresentações. Nós DJs temos nosso lado artista, pois levamos cultura e entretenimento ao público. Música é arte!” – afirma Junior Torquatto a.k.a. Sweet Beatz, DJ e Produtor Internacional da cidade de São Paulo.
Mesmo em período de pandemia, um relevante número de DJs continuaram investindo em sua imagem na busca pelo seu lugar no mercado. Muitos são os que acreditam que marketing e imagem são fórmulas pro sucesso para os DJs do circuito mais comercial. Para a DJane Bell Roncoli do Rio de Janeiro, “o sucesso é relativo e pessoal. Cada um tem uma história, diferentes aprendizados, superações. Ter sucesso não é ter uma agenda cheia, é se sentir realizado com o que você faz”, e complementa dizendo que “não dá para querer anonimato e trabalhar com o público” já que os DJs vendem talento e imagem. “Tem que saber equilibrar”, finaliza a DJ.
Pode-se então dividir entre DJs performers e DJs que não priorizam uma apresentação performática? Pro DJ Tiago Santaroza sim, ele fala que “todo DJ já é um artista e que a diferença é quanto o DJ quer sua figura performática menor, igual ou maior que sua música”. Interação com a pista e conexões visuais através da dança ou roupa fazem com que ele seja lembrado pelo público, e que aqueles que preferem o anonimato também tem grandes chances de alcançar a ascensão e o reconhecimento do público, “uma vez que sua música seja incrível e se destaque”, conclui Tiago.