COLUNA |Coletivos e sua importância

Na busca por espaço onde possam mostrar seu trabalho, artistas se unem para criar seu próprio meio de fazer acontecer. A cena de música eletrônica brasileira existe há algumas décadas e nesse espaço de tempo diversos núcleos surgiram, parcerias com o objetivo de abrir portas, porém muitos artistas carecem de uma oportunidade. Como a minha vivência na cena Techno é grande, escolhi esse estilo para desenvolver essa pauta.

O Techno está nas pistas desde meados dos anos 80 e nos últimos anos o estilo vem apresentando novas sonoridades. Algumas mais obscuras, outras que mesclam um groove nas linhas de baixo a melodias repetitivas e também vertentes que exploram melodias hipnóticas em sua composição. Esse movimento vem tomando uma proporção interessante no Brasil, vejo artistas surgindo o tempo todo!

A cidade de São Paulo lidera quando o assunto é quantidade de artistas e coletivos focados nesse estilo. Outras cidades como Campinas, Curitiba, Brasília, Rio de Janeiro e cidades catarinenses vem emergindo logo atrás da capital paulistana.

Inspirados por esse movimento, DJs e produtores vêm fundando coletivos para se inserirem nesse meio. Um coletivo abrange diferentes frentes, como organizar uma festa, aonde esses artistas tem a oportunidade de ter um contato direto com o público mostrando sua arte, administrar uma Label e é uma ferramenta ótima para explorar o trabalho de produtores musicais e mostra-lo para o mundo e também fazer a curadoria de um podcast, espaço que explora o trabalho de diversos artistas, como DJs.

Quanto mais ferramentas um coletivo explora, mais chances ele tem de se inserir e deixar sua marca no mundo da música.

Conversei com alguns amigos do meio e colhi algumas informações a respeito.

Um deles foi o Madazio do Coletivo paulistano Under Division, que me falou sobre desafios e maneiras de se conduzir o projeto.

O coletivo comentou que após um bom tempo frequentando eventos do tipo eles se jogaram no mundo da mixagem. A galera da Under Division aprecia uma linha de techno pesada, percebendo a carência de eventos voltados para esse segmento, resolveram fortalecer fundando seu próprio Núcleo.

Eles trabalham com 3 frentes principais, Festa, Gravadora e podcasts, além de ações como Live streams e entrevistas no Instagram “UD Talks” e no período pré-pandemia acontecia a UD Lab uma vez por mês no formato “bar /pista”.

 As atividades são divididas entre eles. Murilo Leão faz a curadoria dos podcasts, a administração da label fica por conta de Madazio e Pedro Pimenta com o apoio de Matheus Brizola e a engenharia de som fica nas mãos de Matheus Rocha e Alex TB, todos os integrantes atuam como DJs e produtores musicais.

Eles relatam que encaram diversos desafios para manterem o projeto na ativa, como buscar por novidades para poderem se destacar em meio ao mercado e manterem contatos com diferentes artistas internacionais e nacionais.

Perguntei a eles como foi o processo de criar uma personalidade/identidade para o coletivo, Madazio disse que a identidade sonora foi formada em cima dessa paixão pelo Techno pesado já a identidade visual foi construída em cima da mitologia nórdica.

Os núcleos se comunicam entre si abrindo portas, trocando figurinhas, todo esse movimento fomenta a cena brasileira que vem se expandindo e buscando cada vez mais um reconhecimento da cena europeia! Alguns produtores com quem conversei tem como objetivo mostrar para artistas europeus que aqui no Brasil, temos bastante conteúdo interessante a oferecer, assim eles podem trazê-los para tocar aqui e serem levados para mostrar seu trabalho lá no velho continente.

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