Numa quase manhã de outono, o vento visitava doce a pele de Nina.
Suas pernas ainda pesadas, muito tempo pra lá e pra cá na estadia.
Preferiu isolar-se na sacada, enquanto outros gritavam alegria.
Uma festa! Faces desconhecidas, atrevidas, sua agonia.
Fechou os olhos e virou o rosto em direção à lua.
Paz! O cheiro do mato molhado vinha como um beijo.
A música distante, um desejo envelhecido e alheio.
Ela simplesmente ali… sua moral, sua história e seu respeito.
Foi então que a batida parou e um toque a despertou.
Era uma convidada de cabelos cheios e de cachinhos rimados.
Parada assim, bem ao seu lado, sorriso corajoso e lábios de fadas.
Sim! Ela vestia asas de bolinhas azuis das mulheres encantadas.
E naquele momento Nina se atrapalhou e fugiram palavras.
Ainda se sentia ridícula com a ponta do nariz avermelhada.
Saia de tule colorido e um par de meia longa zebrada.
Insegurança repentina, olhos fugidios, desequilibrada.
E agora a fada tocou delicadamente o queixo de Nina.
E girou o seu rosto em direção ao dela, uma pérola.
Sua linda pele preta, brilho jovem pra deixá-la inquieta.
Bia, o meu nome, ela se apresentou, aproximou, completa.
De repente, Bia era Nina e Nina também se confundia com Bia.
Duas estranhas, agora íntimas, cúmplices e de fantasias.
O que importava a lua se agora Nina acolhia a luz de Bia?
E assim, o coração ficou quentinho e veio a sede do recém-chegado dia.