REVELAÇÃO | “Minha identidade tem como foco e base a música preta mundial” – Iury Andrew

Que a carreira de DJ não tem sido fácil nessa pandemia não é novidade para ninguém, mas existem muitos DJs fantásticos e com histórias incríveis que não podem passar despercebidos. É o que será provado, mais uma vez, neste mês de junho com essa entrevista especial com o DJ Revelação Iury Andrew.

“Eu me imaginava em outdoors e hoje tem outdoor comigo por aí” – Iury Andrew.

Nascido em Peixinhos, comunidade cultural da cidade de Olinda – Pernambuco, Iury Andrew iniciou sua carreira de DJ com apenas 19 anos. Começou tocando com um amigo que, na época, acabara de iniciar como produtor. Como DJ, hoje tem sua identidade com foco e base na música preta mundial.

Sempre como artista independente, já tocou no camarim de ídolo e abriu show para diversos cantores nacionais e internacionais como: Gloria Groove, Pabllo Vittar e Azealia Banks. Considera o trabalho de DJ um eterno laboratório e não vê a hora de tudo isso acabar para poder dar uma festa gigantesca e com muito amor envolvido.

Nesse bate-papo super especial com Iury Andrew, nós conversamos sobre o seu ínicio, o que o levou a seguir essa carreira de deejay profissional e também relembramos momentos de grande destaque de toda sua trajetória. Confira agora:

“Conquistas que eu consegui pelo meu talento e também pela minha coragem de meter a cara e ir atrás” – Iury Andrew.

De onde surgiu o DJ Iury Andrew?

Iury Andrew (que não é nome artístico, é realmente meu nome de verdade) surge na comunidade de Peixinhos, uma das comunidades mais artísticas e culturais da cidade de Olinda – Pernambuco – onde Chico Science passou a maior parte de sua vida fazendo música.

Brinco falando que minha mãe já sabia que eu iria ser artista e por isso colocou esse nome hahaha. Sempre fui uma criança diferenciada, que se destacava e que sabia o que queria: que sonhava bastante.

Hoje venho realizando aos poucos boa parte do que minha mente criava, naquela época em que tudo parecia tão distante da minha realidade, sabe? É doido. Eu me imaginava em outdoors e hoje tem outdoor comigo por aí.

Comecei a tocar com 19 anos e desde então, não parei mais. Tornou-se uma de minhas paixões.

De onde veio a ideia de se tornar DJ?

Então… eu sempre fui muito musical. Já tive diversas fases: do rock, do rap, do pagode.

Sempre fui muito interessado no mundo pop, fã da Pitty… fã da Rihanna. Sempre tive um gosto muito eclético, que às vezes até me confundia.

Até que um dia, um grande amigo, Lucas Estevão, que na época estava começando como produtor (e hoje é um dos maiores de Recife – festas freaks), me convidou para tocar em uma de suas primeiras festas. Não tinha muita coisa nessa época: CDJ, luzes, jovens estudantes bêbados e nenhum lucro.

Ele, que também é DJ, me ensinou ali mesmo, antes de começar a festa, como fazia o “Play/Pause” e então, eu, com meus dois pendrives e uma seleção de 40 músicas, consegui fazer todo mundo dançar.

Não era um sonho meu ser DJ e nem imaginava que entraria no ramo… Simplesmente aconteceu, todo mundo gostou, incentivou, eu amei e fui me interessando.

@festafreaks - Recife. Foto: Reprodução/Instagram.

“O trabalho de DJ é um eterno laboratório” – Iury Andrew.

Sabemos que você começou muito novo. Como foi o seu processo de profissionalização?

Então, completando a outra resposta, eu comecei a pesquisar por conta própria. Não tinha condições para pagar um curso e nem sequer tinha material – nunca fiz nenhum curso. Porém, ganhei um notebook e fui aprendendo, por contra própria, por meio do nosso fiel amigo: Virtual DJ. Rs

Eram dias e noites desbravando o programa, até que fui aprendendo a mixar ali pelo PC mesmo. Comecei a ir atrás de oportunidades na noite, mesmo sem experiência e mesmo sem ser conhecido, metendo a cara mesmo (coisa que faço até hoje – não tenho agente). A cada festa que eu tocava, as pessoas ficavam impressionadas como eu conseguia tocar bem, mesmo em um notebook.

Até que fui ganhando notoriedade e o carinho de muita gente. Ganhei uma controladora de uma grande amiga produtora, a qual me acolheu muito: Allana Marques (golarrolê).

Desde então, cada dia foi um novo aprendizado e novas oportunidades foram surgindo. Ainda tenho muito que estudar e aprender, aliás, o trabalho de DJ é um eterno laboratório.

“Minha identidade tem como foco e base a música preta mundial” – Iury Andrew.

Iury Andrew. Crédito: Uhgo.

O que você considera ser sua característica marcante ou diferencial?

Acredito que o que conquistou o público e os produtores foi a forma que consigo me reinventar: minha versatilidade. Eu consigo facilmente me adaptar em qualquer ambiente, em qualquer pista, tudo isso sem perder a minha identidade, que tem como foco e base a música preta mundial, além da forma que consigo mixar gêneros diferentes em um único setlist, por meio de uma pesquisa musical maluca, diversa e com bastante cor.

Já toquei tanto em resort de luxo para senhoras ricas quanto em baile na comunidade.

Conte-nos um pouco sobre os destaques de sua carreira.

Como falei antes, sou artista independente, então, sempre fui eu mesmo que fiz todos os meus “corres”. Consegui tocar em grandes festivais de Pernambuco como o Coquetel MolotovGuaiamum Treloso.

Já abri shows de artistas como: Azealia Banks, Pabllo Vittar, Gloria Groove… artistas esses que admiro muito, mas, acredito que meu ponto alto foi tocar no CAMARIM da Pitty, no qual eu sempre fui MUITO FÃ. Eu sonhava com esse momento de conhecê-la desde a pré-adolescência. Nunca poderia imaginar que seria de uma forma tão legal, por meio do meu trabalho e de uma forma tão íntima – esse é um dia que jamais esquecerei.

Em festas no geral, a mais marcante pra mim foi a Batekoo, em São Paulo. Também foi um sonho sendo realizado, tocando para uma multidão em um estado que eu nunca tinha pisado e não podia imaginar que tinha tanta gente que já conhecia meu trabalho. O feedback foi incrível (o set gravado dessa festa já soma mais de 7 mil reproduções). Também toquei no Festival MECA, que foi um dos melhores públicos – fui ovacionado no final da apresentação – e, nessa cena, eu jamais esquecerei também.

Toquei no total em 9 lugares em São Paulo: rádios, boates, festas… tudo isso entrando em contato sozinho com os produtores – levando algumas esnobadas, mas também conhecendo gente incrível. Me orgulho bastante disso.

Ainda tiveram turnês na Bahia, Alagoas… Tudo isso foram conquistas que eu consegui pelo meu talento e também pela minha coragem de meter a cara e ir atrás.

@clubyachtsp - São Paulo. Foto: Reprodução/Instagram.

Quais foram as suas maiores dificuldades e maiores destaques durante a pandemia?

Então a dificuldade “tá” rolando desde que começou. Eu tinha acabado de voltar da Bahia, ter feito evento com uma marca de bebida famosa etc. Estava em uma crescente boa e imaginava que 2020 seria um bom ano. Mas aí: flopou hahaha.

Foi bastante difícil aceitar. Passei por uma barra muito grande e me entreguei um pouco à depressão.

Cheguei a fazer algumas lives, participei de festivais online, mas o medo do futuro incerto me dominou e não me deixou trabalhar.

Agora em 2021 estou melhor e mais confiante, porém ainda sem muito ânimo com meu trabalho de DJ. Não tenho treinado, não tenho pesquisado e “tá” tudo bem também!

Estou cuidando da minha saúde mental e respeitando o meu próprio tempo criativo, mas estou bem! Talvez em uma das melhores fases, cuidando da minha casa, relacionamento e família.

Acredito que muita gente passou pelo mesmo e ainda tem passado e infelizmente muitos amigos têm passado por necessidades, pois nosso setor foi o mais afetado.

Onde Iury Andrew quer chegar?

Então, Iury Andrew tem muito desejo de levar a música preta regional e nacional para fora do país e o próximo investimento vai ser em produção musical, ramo no qual ainda sou leigo.

No momento estou focando no que tem me dado retorno durante esse tempo difícil: que é o trabalho como modelo e influencer.

Também irei investir em teatro, que também já era uma paixão antiga e eu tive que parar quando comecei a tocar muito, quando já não havia muito tempo para os estudos com a rotina maluca.

Por enquanto, é isso!! Irei continuar tocando, mas, no momento, não tem sido minha prioridade.

Para finalizar, temos esse espaço livre para aquilo que gostaria de escrever, deixar uma mensagem, inspirar… é o espaço Iury Andrew mandando recado:

Quando tudo isso acabar… SE PREPAREM porque irei dar uma festa que vai ser difícil ter fim, com um line up gigantesco e muito amor envolvido.

Iremos celebrar, “juntes”! Saudades demais.

Top 10 músicas de influências musicais da vida de Iury Andrew:

– Chico Science e Nação Zumbi – Risoflora

– Pitty – Anacrônico

– Rihanna – Kiss is better

– Beyoncé – Party

– Marcelo D2 – A maldição do samba

– Lazzo Matumbi – Tudo me faz sentido

– Companhia do Calypso – Chá de simancol (ao vivo em recife)

– Mc Troia – Pode balançar

– Karol Conka – É o poder

– Liniker – Tua

Crédito foto de capa: Flora Negri.

Siga o passos de Iury Andrew:

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