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ÍCONE | SUTEMI: Um autêntico representante do dark nacional

Conheça a história de um dos maiores influenciadores da música psicodélica nacional

João Carlos Sutemi de Almeida é um daqueles jovens e promissores talentos que surpreendem pela sua visão de futuro. Viveu sua adolescência no bairro Belém (São Paulo) sendo, às vezes, vocalista de bandas de hardcore de seus amigos com muita gritaria, atitude e um inglês um tanto quanto duvidoso. Brincadeiras à parte, o rapaz sempre encontrou na música paixão e alegria. 

O Drum’n Bass, uma das sub-vertentes do Jungle, foi o início da jornada de João pela música eletrônica. O paulistano acumula referências em diversos estilos musicais: além do D&B, rock, reggae, rap e, é claro, o bom e velho psytrance, onde deslanchou em sua carreira e serviu de inspiração para a maior parte dos “darkeiros” em todo o território brasileiro. Seu entusiasmo pelo psytrance aconteceu logo nos primórdios da cena obscura nacional, e ele logo despontou como um dos pioneiros no estilo desde a zona leste de Sampa até terras gringas.

“Em 2000, fiz curso na DJ Ban, tocando no vinil. No ano seguinte, comecei a tocar em festas periféricas, no bar da faculdade, ainda tocava D&B, som que foi minha 'porta de entrada' na música. Em 2003, passei a tocar psytrance, nessa altura eu já tinha adquirido minha passagem só de ida para a psicodelia”

Samsara. Foto: Lauro Medeiros.

Um breve histórico…

Numa época em que os discos musicais ainda estavam em alta, o garoto decidiu em 2000 ingressar num curso para DJs, onde conheceu o mestre Tom Hopkins. Sutemi e Tom se tornaram amigos durante o curso e o nosso ícone o acompanhava nas gigs e acrescenta ter extraído desse convívio boa parte de seu aprendizado profissional logo no início da carreira e “muito também do know how que ele tinha para conduzir pistas e transitar desde as mais conhecidas até onde as pessoas nem sabiam mais o que estavam ouvindo”, completa nosso homenageado.

Sutemi. Foto: Lucas Hamman.

Começou sua jornada nos vinis e daí não parou mais. Nas primeiras modestas apresentações nas festas da Zona Leste de São Paulo em bares, no ambiente universitário e em festas da comunidade, já fazia a galera remexer o esqueleto com muito feeling, técnica e bom repertório. Entretanto, ser um DJ nos tempos de decks de vinil ou CD era algo muito mais restrito e nosso ícone contou com a ajuda de grandes amigos além do próprio mestre Tom Hopkins.

“O Vinny, na época do D&B, me ajudou bastante. Foi com ele que comecei a tocar em bares de faculdade na zona leste e conseguimos nossa primeira residência numa casa noturna, a Strabe, na Rua Quatá, um saudoso e pequeno inferninho de música eletrônica em plena Vila Olímpia, o núcleo de baladas de São Paulo na época. Inclusive, foi na Strabe que comecei meu processo de ‘transmutação’ do D&B para o psytrance”, conta João Carlos.

Já inserido no contexto do psytrance, Sutemi contou com a ajuda de outros grandes e reconhecidos nomes do estilo no Brasil e que também estavam ainda começando um movimento “psyBR” que ganharia o mundo. Dentre eles, estava o fabuloso Fábio Leal, amigo pessoal e vizinho, que o auxiliou bastante na transição para os decks digitais, visto que o nosso astro ainda não tinha equipamento próprio. Fábio é um dos precursores e representantes mais estimados da magnífica Zenon Records, conhecida pela sonoridade futurista e techno-progressiva de seu casting e, hoje, mora na Austrália.

Entre outros amigos e parceiros no psytrance, podemos citar também o Thiago Demonizz, Marcus Sevilhano (Dharana), o Marcelo Guimarães (Cannibal BBQ), sendo fundamentais na trajetória deste grande artista. Todos eles também cresceram nesse mesmo ambiente de inovação sonora e, hoje, juntos desfrutam de reconhecimento e grande influência ao nível mundial nas vertentes mais underground do trance psicodélico. O trabalho de excelência aliado a uma grande relação de admiração e amizade vem produzindo uma parceria de grande sucesso.

Pulsar. Foto: Interfaces (Bianca Motta).

Sutemi tem um histórico para ninguém botar defeito: estreou no Universo Paralello em 2007 no main floor, quando a pista ainda funcionava a beira-mar e teve sua primeira apresentação na Europa no Transylvania Calling 2012, além de ter promovido a primeira Sanaton Night do Brasil no Zuvuya em 2016 e a Parvati & Sanaton Night no Pulsar Festival de 2017

Sutemi Zuvuya. Foto: Divulgação.

Em 2005, quando ele havia tocado em uma de suas primeiras gigs fora de São Paulo, conheceu o grande amigo Rafael Rosa, o Rafahell, com quem estabeleceu sociedade na Warm Bookings e, hoje, mantêm juntos essa agência de referência quando o assunto é psicodelia avançada. O trabalho de excelência aliado a uma grande relação de admiração e amizade vem produzindo uma parceria de grande sucesso.

Karacus Maracus. Foto: Lucas Caparroz.

Sutemi já esteve no casting da própria Sanaton records, e também das gravadoras Forestdelic (Eslovênia), Temple Twister e Tremor Underground Production (Índia), e hoje responde pelas gravadoras nacionais Resina e Trippy Jungle e pelas também indianas Pralayah e Gylfaginning. Recentemente, apresentou-se no Festival Karacus Maracus em Goa, Índia, onde tivemos uma noite com vários artistas brasileiros, confirmando que o “brazilian forest” veio com tudo para ditar novas tendências mundo afora.

Porém, a relação de Sutemi com a música é realimentada a todo momento e ele é categórico em afirmar que, embora tenha suas preferências, no fim das contas, só existem dois tipos de música: a boa e ruim.

“Ouço de tudo, mas tenho uma queda pela bass music, idm, assim como rock, rap e hip hop desde moleque também. Tenho ouvido bastante idm e hip hop instrumental ultimamente”

Quanto aos projetos de futuro, ele pretende focar em sua agência, a Warm Bookings, especializada em artistas do gênero dark psytrance e correlacionados. Além de trabalhar como DJ e agente de outros artistas, ele revela que também cuida de seus investimentos, o que lhe garante uma certa estabilidade, já que se dedica exclusivamente à música como trabalho.

A você leitor que almeja enveredar-se pela carreira de DJ, Sutemi dá algumas dicas: seja original, pesquisador, ame o que faz e se esforce para não ser mais do mesmo. Além disso, o artista em geral não deve se limitar e nem se omitir. Ser artista é um ato político e um ato social e a arte ocupa esse papel de usar os argumentos do coração e da alma.

O DJ deve ainda valorizar o que se passa em seu coração, seguir sua intuição e ser autêntico e deve também aprender a lidar melhor com as redes sociais, que se tornaram um meio indispensável de se trabalhar a carreira nos dias de hoje.

Rootts. Foto: Divulgação.

Quer saber sobre a agenda do ícone da Colors DJ? Siga-o nas redes sociais!

Para finalizar essa singela homenagem da Colors, convidamos os amigos que iniciaram essa jornada com Sutemi a dar um pequeno depoimento sobre o grande artista e pessoa que o “Ponêis” representa em suas vidas. Confira!

Sobrinho (Rodrigo de Oliveira Sobrinho)

Sobrinho (Rodrigo de Oliveira Sobrinho)

Grupo I.D. Psy Trance, Chefe de Reportagem (Psy Trance), Colunista e Repórter

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