COLUNA | A ascensão da mulher na cena eletrônica LGBTQIA+ do Brasil

Quem vê as mulheres na cabine brilhando, dando o seu show em performance, figurino, técnica e feeling nos grandes palcos de clubs, festas e festivais brasileiros LGBTQIA+, nem imaginam que essa realidade mudou nos últimos cinco anos e que, há algum tempo, as mulheres vem abrindo caminhos nas cabines de DJ, trazendo força, personalidade e musicalidade, como é o caso da nossa DJ Woman, Ana Paula, precursora do movimento Girl Power e que tem passagem por selos internacionais como: We Party, Circuit Festival, Hell & Heaven e The Week.

DJ Ana Paula – foto de divulgação.

“Finalmente a mulher conquistou o seu espaço na cena eletrônica. A aceitação no começo não foi fácil, tanto pelos produtores quanto pelo público. Então, para entrar no sistema eu tinha que provar a todos que eu poderia fazer a diferença. Cada SET era uma batalha a ser travada, mas uma vez que você confia no seu som, não tem como dar errado. Posso dizer que derrubamos uma grande muralha.” – DJ Ana Paula.

A liberdade de expressão e a própria imersão nas redes sociais trouxe à tona pautas que antes não eram discutidas e deu visibilidade para que nós mulheres cis e trans ocupássemos espaços que até então eram preenchidos em sua maioria por homens, permitindo assim que assumíssemos também o papel de protagonistas da noite.

“No início da minha carreira há quase oito anos, eu sentia muita dificuldade em fechar datas, porque mesmo dentro da cena LGBTQIA+, a predominância era de homens nos grandes lines. Mais do que apresentar uma sonoridade impecável na pista, foi preciso investir em outros aspectos.”DJ Liza Rodriguez.

DJ Liza Rodriguez – foto de divulgação.

Em meio a essa transição e virada de chave nos últimos anos, os nossos bookers e produtores de festas criaram a consciência e com isso, a quantidade de mulheres nos lines tem aumentado gradativamente e há, inclusive em determinadas regiões do país que a força feminina é reconhecida de forma tão exponencial que existem festas com line-up 100% feminino, com direito a lotação máxima de público. Afinal, acaba sendo um momento único para àqueles que têm a oportunidade de ver em uma só festa todas as suas DJs Women reunidas fervendo tudo!

Ao decorrer dos anos, os produtores passaram a entender que mulheres estão perfeitamente aptas a ocuparem uma ótima posição no mercado. Hoje é até comum ver lines composto somente por mulheres.”DJ Liza Rodriguez.

“Estamos em alta neste momento porque tivemos que lutar muito para ter esse espaço, tanto na música, quanto em outras áreas. A mulher sempre foi desvalorizada, mas com nossa luta conseguimos provar que somos boas, independente de sexo e como DJ, não seria diferente, com o tempo conseguimos nosso espaço e agora podemos ver mais mulheres nas lines das festas” DJ Fernanda Tavares.

DJ Fernanda Tavares – foto de divulgação.

O fato é que, hoje em dia, fica até impossível de imaginar uma festa sem mulheres no line-up e o mais bacana disso tudo é que o público tem caminhado diariamente do nosso lado pedindo aos contratantes, dando engajamento nas nossas redes sociais fortalecendo o nosso trabalho.

“Eu acho incrível a forma como o público LGBTQIA+ recebe e enxerga nós mulheres como artistas. Eles têm uma admiração especial pela nossa imagem, energia e creio que se identificam até mais com a gente do que os homens. Quando comecei, em 2009, praticamente não existiam mulheres no nosso segmento e hoje, dominamos muitos dos line-ups de grandes festas. Acho que essa tendência ganhará cada vez mais força e espaço.” DJ Má Rodrigues.

DJ Má Rodrigues – foto de divulgação.

Sem dúvidas, a ascensão da mulher na cena LGBTQIA+ é uma vitória que carrega muita representatividade, empoderamento, atitude, visibilidade e respeito. A nossa força e facilidade de se adaptar a qualquer situação tem levado diversão, energia e bastante musicalidade para os palcos seja nas festas noite, day e pool parties ou nos afters. Quem ainda duvida de que, além de fortes, somos mutáveis?

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