COLUNA | Dignidade, voz e direitos: a importância da cultura musical para o público LGBTQIA+

A música está presente em muitos lugares onde as pessoas estão reunidas. Seja em nosso momento de privacidade em que ficamos a sós com nossos sentimentos e reflexões, ou quando reunimos a galera para se divertir. A música é motivo para encontro e encontro é troca. Trocamos prazer. É o prazer proporcionado por esta mistura de harmonia, ritmo, melodia e timbre, pois a música está diretamente ligada ao encadeamento de emoções. Sua presença se dá ao longo da história das mais variadas formas e nas mais variadas culturas.

Vale destacar que a música não serve só para o lazer, não se resume à sua função de entretenimento. É preciso, em primeiro lugar, expandir o nosso olhar para além daqueles sons que nos parecem imediatamente agradáveis. Precisamos também respeitar e entender a expressão musical de diferentes culturas e grupos, ampliando a nossa visão de mundo. Isso é importante para estimular uma maior tolerância à diferença, que é uma necessidade cada vez maior em nossa sociedade (pós)moderna.

A música também contribui para a construção de identidade dos grupos vulneráveis, marginalizados, estigmatizados como o público LGBTQIA+. Afinal ela é capaz de dar voz àqueles que normalmente não tem espaço para expressão, o que pode afetar favoravelmente no âmbito individual a subjetividade destas pessoas, além de politicamente fazer barulho, amplificar vozes esquecidas, fazer valer direitos e restabelecer a dignidade humana.

A cultura musical ainda combate a alienação massificante dos meios tradicionais de comunicação. Não importa se você ouve como resultado disso uma orquestra sinfônica ou o seu DJ preferido de música eletrônica.

Enfim, a música é um dos modos de expressão da cultura popular que exerce uma importante função na construção de identidades na (pós)modernidade. Ela consegue atravessar as fronteiras das diferenças culturais, possibilitando novas práticas sociais.

Eu quero terminar esta coluna com uma crônica de minha autoria, porque ela ilustra bem o que eu quis dizer anteriormente. Eu a escrevi no meio da pista de dança de uma festa que fui com meus amigos. Seu título é “E nesta noite, eu dancei…”

Ela diz assim:

“Eu dancei… dancei sem regras, sem me preocupar com o ridículo. Meu corpo fez a dança e eu deixei. Fui livre. Sem amarras. Sem ninguém olhar e nem medir. Fui deliciosamente livre. Meu corpo se movimentou confortavelmente. Eu girava na pista e bebia e gritava livre. Foi a mais pura sensação de liberdade. Numa noite qualquer, nada especial, com amigos, sem pretensão nenhuma de qualquer evento magnífico, eu dancei e fui feliz.
A felicidade tem muito a ver com a liberdade, elas até rimam. Para ser feliz, você tem que ser livre. A felicidade é para onde você vai, mas para ir onde quer que seja, você precisa estar livre. Sem padrões limitantes, sem ofícios frustrantes, sem lutas desnecessárias, sem mágoas à toa. O melhor jeito de fazer este trajeto é esvaziado de qualquer coisa que seja um fardo pesado.”

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