COLUNA | Flerte ou jogo

Recebo inúmeras mensagens me pedindo conselhos para que eu decifre se a pessoa está jogando, se está interessada, se está em cima do muro, o que fazer, se manda mensagem se declarando ou não, se pula fora, e assim por diante.

É muito difícil opinar na vida alheia e nem cabe a mim esse papel, mas me faz pensar sobre a forma na qual as pessoas se relacionam.

Acho o ser humano fantástico. A gente tem medo e tem medo de ter medo, tem raiva e tem raiva de ter raiva, tem tédio e tem tédio do próprio tédio, ama e não sabe o que fazer com isso.

Quando se trata da fase da conquista, somos mais interessantes ainda. Cada um se comporta de um jeito, mas o jogo está rolando, a bola está no campo, é chute para lá, chute pra cá, na esperança e expectativa de um gol acontecer e esse jogo ser a final da copa do mundo.

O que considero mais curioso é como a gente se transforma em algo que não é apenas para convencer o outro de que somos aquilo que criamos. Deixa-me explicar: quem gosta de se mostrar logo de cara? Ninguém. E fazemos isso de forma inconsciente. Até mesmo as pessoas que acham que estão se colocando vulnerável e transparente, estão projetando a si mesmas como sendo pessoas que se mostram como são. Será que são mesmo aquilo?

Mas vamos falar de flerte e jogo. Muita gente considera que o ideal é não se colocar muito disponível logo de cara – talvez por acreditar que fazendo isso vai assustar a outra pessoa. Se você responde mensagens rápido, é fofa e educada, logo pensam o que? “Ih, já está apaixonada”. Pelo menos foi o que sempre aconteceu comigo porque eu não sou uma pessoa que jogo (ou jogo inconscientemente), e as pessoas dão logo uma assustada. Já aconteceu muito de mal interpretarem minhas intenções, e isso é simplesmente exaustivo. Eu deveria me colocar menos disponível para fazer parte do jogo? Se eu estou ali, recebo uma mensagem, não estou fazendo nada, vou fingir que não vi só pra não parecer desespero? Ou respondo porque me dá vontade de responder? Lógico que se você tem coisas para fazer não vai responder logo de cara, afinal temos uma vida. Meu Deus, esse negócio de conquista é muito complicado.

Vamos então não descomplicar?

A primeira coisa que me vem à cabeça é: você vai conseguir manter as aparências que está criando nesse jogo por muito tempo? Porque aparências são apenas isso: aparências. Não são reais. São projeções até mesmo de quem você gostaria de ser ou parecer, mas para quê? Por falta de amor por si mesmo? Por não acreditar que você é suficiente para suprir as expectativas do outro? Por achar que precisa agir com um script enredado por uma sociedade que justamente valoriza as aparências?

E se por acaso saiu o gol? Você venceu a copa do mundo. E agora? O que vem depois do campeonato? Vem a relação em si. Pura e clara como a água. Onde foi parar tudo aquilo que você fingiu ser esse jogo inteiro? Você não vai sustentar por muito tempo algo que você não é. Isso vai gerar inúmeros atritos e frustrações no seu relacionamento. Ou no mínimo você vai ter que reconquistar a pessoa, porém agora mostrando quem você é e esperando que seja suficiente.

Deixa-me te falar uma coisa: você é suficiente. Você não precisa fingir ser algo ou participar de jogos e enredos para conquistar ninguém.

Então quando me perguntam sobre o que fazer na hora da conquista, eu respondo: seja você e saiba o que você quer. Quer responder uma mensagem? Responda. Quer dizer que ama? Diga. E depois de toda essa reflexão você quer mesmo fingir ser algo que não é? Não é muito melhor ser quem você é e a pessoa gostar de você justamente por isso?

Tudo bem, mas como fazemos isso? Primeiro você precisa se conhecer. Fazer amizade consigo mesmo é fazer amizade com tudo aquilo que a gente não quer que as pessoas descubram. É um desconforto sermos nós mesmos. Ao mesmo tempo é a maior liberdade do mundo.

Eu sei que estamos numa sociedade de jogos e que ser você mesma pode fazer com que você perca de 7 a 1. Porque se assustam, porque logo acham que você está apaixonado, porque você pode transparecer intenso demais, mas se for para ser assim, se for para a pessoa ir embora por causa do seu jeito de ser, pois então que vá. Mas se for para ficar, que fique por quem você é. Não é mil vezes melhor?

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