Leyllah Diva Black está na linha de frente contra a banalização e desvalorização do trabalho artístico e político que é ser uma Drag Queen.
“Drag Queen não é só luxo, glamour e close”.
Bom, até algumas décadas atrás eu não tinha muito conhecimento sobre os assuntos relacionados aos meios LGBTQIA+, ao universo Drag e pouco me interessava pelas questões raciais, porém tudo foi chegando pra mim de forma tardia e natural.
Me tornei drag queen aos 19 anos e, no começo, meus shows eram só pelo close de estar em cima do palco e ser reconhecida. Os anos se passaram e percebi que, muito além do close, a arte Drag me trazia um complemento na renda familiar e passou a ter uma responsabilidade política e social.
Ao nos montarmos (termo usado pelas drags no processo de maquiagem e produção) representamos a figura feminina que, dentro da sociedade em que vivemos, ainda é diminuída e luta por direitos de igualdade, logo pegamos sim, mesmo que por osmose essa parcela da luta.
Ser drag queen é ser taxada como uma figura que só pode ser vista à noite e dentro de boates.
Poucos sabem, mas até alguns anos atrás drag queens eram pessoas que dificilmente conseguiam um relacionamento amoroso pelo preconceito dentro do próprio meio, mas isso não tem se perpetuado, eu mesma estou em um relacionamento há 10 meses. OREMOS!!! (Risos).
Hoje, além de enaltecer a beleza da Mulher Preta, eu também tenho um trabalho de conscientização de que essa arte não tem haver com prostituição, com só dar close com joias, perucas e roupas bonitas, mas sim de que nós artistas não só da noite, precisamos de valorização e uma boa remuneração pelos trabalhos que realizamos.
As pessoas costumam nos ver por alguns instantes, às vezes horas, nos locais onde somos contratadas, mas há todo um preparo antes de cada show, performance ou apresentação.
Eu por exemplo só pra me maquiar demoro pelo menos 3 horas, ali na frente do espelho. Preciso ensaiar durante dias uma coreografia e dublagem ou cena que vou atuar, tem o gasto com as produções (roupas, maquiagens, perucas, bailarinos, etc.), tem o trajeto até chegar ao local de trabalho e a volta para casa, tudo leva tempo e tempo também é dinheiro!
Então quando você for contratar um artista para o teu evento lembre-se que apesar de amarmos o que fazermos, não pagamos nossas contas com amor, se não puder pagar o cachê do artista que você quer, negocie, mas sem desvalorizar, combinado!
Meu nome é LEYLLAH DIVA BLACK, com muito prazer, se você não me conhece, você vai me conhecer.?? (trecho de uma música minha disponível nas principais plataformas digitais).