COLUNA | Ser ou não ser ainda é a questão?

Foto por: Samuel Ribeiro.

Acho impressionante a necessidade das últimas gerações em rotular tudo e todos: chique, brega, fashion, feio, bonito, de direita, de esquerda, branco, preto, ativo, passivo, flexível, heterossexual, bissexual, homossexual, assexuado… que chatice!

A questão sexual talvez seja a que mais me angustia, principalmente porque as consequências de tantos rótulos e padrões geralmente é a violência. Nada pode ser diferente porque parece incomodar o outro e, automaticamente, essa diferença ganha algum título que provavelmente o levará a sofrer algum tipo de preconceito.

A própria sigla GLS sofreu tanta mutação que hoje é difícil encontrar alguém que saiba de forma atualizada e que entenda seu significado: LGBTQIA+, que representa Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais ou Transgêneros, Queer, Intersexo, Assexual e + todas as diversas possibilidades de orientação sexual e/ou de identidade de gênero que existam.

São tantos nomes que até eu parei para pensar onde me enquadro e não cheguei à conclusão nenhuma. Até porque seria necessário muito tempo para encontrar nomenclaturas em todos os campos, mas confesso que minha reflexão durou em torno de dois minutos.

É comum que os indivíduos semelhantes se unam, isso é natural. O que considero absurdo é discriminar alguém por divergir em algum aspecto do que considera certo. E se levarmos em conta que cada ser é único, imagine a quantidade de conceitos que ainda faltam ser criados.

Se já não bastasse isso, dentro de cada grupo ainda consegue rotular mais. Em alguns lugares, ser ativo ou passivo faz muita diferença. Talvez por nossa formação machista, ainda tem gay que coloca o passivo numa posição de inferioridade ou o ativo como mais “macho”.

Nos aplicativos, a coisa mais comum de se ler é “não curto efeminados”, “macho discreto”, “fora do meio” e assim seguem os absurdos. Em algumas cidades do Brasil, dificilmente você encontrará alguém assumidamente passivo nestes aplicativos e também é comum achar os termos “Flex-passivo” ou “Flex-ativo”.

Eu sou do tempo que sexo era bom de qualquer jeito, que o que aconteceria na intimidade seria descoberto na hora, que não tínhamos um cardápio 24h por dia para que todos pudessem ser tratados como objetos descartáveis, mas isso é papo para outra conversa.

Outra moda triste que encontramos, principalmente no Twitter, é o questionamento de bicha-padrão. Oi? Padrão de quem? Com base em que?

Eu fico enlouquecido quando leio “bicha-padrão fazendo x ou y” ou alguém perguntando se é ou não padrão. Ah gente, por favor, me poupe.

Acho mais útil usar seu tempo para amar, para estudar, para ocupar a mente com coisas que podem facilitar sua vida e a dos outros e não para este tipo de questionamento que só traz mais problemas.

Não à toa que os psicólogos e psiquiatras estão cada dia mais procurados e temos o aumento dos casos de depressão e de suicídio.

Mais amor, por favor!

Para que ser ou não ser alguma coisa? O que realmente importa é ser quem realmente é, como todos os atributos que lhe cabem e seguindo o caminho que lhe agrada. O que os outros acham que somos, é problema exclusivamente deles.

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