COLUNA | A influência do BPM no Tribal House

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A sigla BPM nada mais é do que a abreviação de “batidas por minuto”. O significado é simples, o que da a impressão que é algo sem importância, mas não é bem assim…

O termo é usado em todos os estilos musicais, principalmente na música eletrônica onde a maioria das tracks são feitas com um BPM fixo, sem variação. Um dos primeiros pontos a ser decidido ao produzir uma track é a velocidade dela, cada estilo de música tem uma variação de BPM sendo isso uma das características que identifica cada estilo musical. Por exemplo: não se pode produzir um “deep house” a 135bpm, pois isso descaracterizaria a música e o estilo musical.

Estudos feitos por pesquisadores de órgãos como o Instituto de Pesquisa e Estudos da Música (IPEM) e da Universidade de São Paulo (USP) apontam que a música tem influência direta no comportamento do ser humano, alterando sua frequência cardíaca e comportamento. Toda música é feita para transmitir sensações, e o BPM tem um papel muito importante nisso, afinal ele está ligado diretamente aos nossos batimentos cardíacos. 

O Tribal House se tornou popular entre o final da década de 80 e o início dos 90s, e ganhou força nos principais clubes de NY. Nessa época as músicas do estilo eram produzidas entre 120 a 126bpm, bem diferente do que conhecemos hoje como “Tribal” na cena LGBTQI+, podendo também ser chamadas de Latin-House ou Afro-House. Basicamente os três são a mesma coisa, se caracterizam pela fusão de elementos de percussão nas batidas, vocais étnicos e indígenas, cantos de pássaros e outros sons provenientes da natureza. 

Logo depois começaram a aparecer músicas desse subgênero mais aceleradas, podendo chegar até 130bpm. Nomes como Victor Calderone, Júnior Vasquez, Masters At Work, Razor N’Guido, David Morales, Danny Tenaglia, a dupla Rosabel (Ralph Rosario & Abel) foram alguns dos pioneiros, seguidos por Thunderpuss, Peter Rauhofer, o duo Altar (Macau e VMC) entre outros nomes que fizeram o subgênero ser mundialmente conhecido. 

Com o passar dos anos o estilo passou a ser executado nos clubes entre 128 a 130bpm, ou se tratando do Brasil, podendo até mesmo ultrapassar esse “limite”. 

Outro ponto a ser citado é que ao alterar o BPM de uma música drasticamente, a mesma sofre perdas de frequência e pode chegar totalmente distorcida e com menos impacto aos ouvintes. 

Em mais de 10 anos trabalhando e frequentando a noite, eu pude ouvir alguns produtores de festas e a resposta de todos foi unânime ao dizer que o BPM e o estilo de música tocada numa festa influência diretamente no consumo de bebidas no bar. Essa informação não tem embasamento científico, porém é superválida e faz todo sentido se pararmos para analisar os estudos. 

Agora que vocês já sabem um pouco sobre a história do Tribal e suas variações de BPM e também da influência sobre o corpo humano, deixo aqui uma reflexão. 

Meus queridos “tribaleros” de plantão: por que vocês curtem as músicas em tal BPM? 

E para nós DJs: por que escolher tal BPM para determinada ocasião? Vocês realmente pensam nisso, ou fica somente no “é meu estilo, eu toco assim”? Será que estamos respeitando o andamento e construção? Numa festa é preciso união e profissionalismo, somos um conjunto. O respeito é a ética precisam estar presentes desde e primeira batida até a última.

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