“Um bando de gente doida e uma música sem sentido”: quantos de nós, simpatizantes da música eletrônica, já não ouvimos essa frase? São muitos os que já se depararam com comentários cheios de julgamentos e preconceitos em relação a cena da e-music. A visão generalizada, simplista e a banalização dos movimentos artísticos e culturais perante ao senso comum, e grande parte influenciada pela grande mídia é algo que perpassa o Psytrance e, infelizmente, recaí em diversos outros nichos artísticos.
É dentro desse contexto que, em 2019, surgiu o “Papos Psicodélicos” idealizado por Lui Cavalcante (25). Foi na pista de dança em uma festa na sua cidade natal, Recife-PE, que Lui, entregue às frequências do Psytrance, teve o insight (ou chamado, se assim pode dizer) de começar a dedicar o seu tempo e sua energia para construir uma comunidade em que pudesse abordar o vasto universo da psicodelia através de uma das suas maiores habilidades, a comunicação; e assim, desconstruir a imagem errônea que o movimento do Psytrance carrega na sociedade. Nesta mesma festa, Lui teve a oportunidade de dar o pontapé inicial à sua ideia, e, com ajuda de sua amiga, Tália Maçaira, entrevistou Rica Amaral (DJ), onde abordou o tema: “A semelhança entre festivais de psytrance e rituais”.
Na época, estudante de Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco, a multiartista encontrou no audiovisual a possibilidade de transcender sua visão de mundo e a forma como sente e vivencia a psicodelia no seu dia-a-dia. Desde então, dedicou-se diariamente em fortalecer o projeto com o objetivo de informar a matriz verdadeira do universo psicodélico, documentando e fomentando a troca de conhecimento com seu público. “A partir do Papos Psicodélicos, minha intenção é manifestar para o mundo a minha forma de viver e de enxergar a psicodelia.” (CAVALCANTE, Lui. 2020). Há 2 anos e meio, o projeto vem ganhando força nas redes sociais. Apenas nesse curto período de tempo, o Papos Psicodélicos traz em sua bagagem o filme “Coordenadas do Infinitos”, produzido e editado por Lui: uma série de entrevistas com diversos nomes reconhecidos na cena do Psytrance como Carolina Abreu (antropóloga e pesquisadora na área), Cláudio Prado (produtor cultural e ativista da contracultura) e Robson Honorato (espiritualista e químico), além de artistas como Elowinz, Nicolas do projeto Megalopsy e o casal em Sectio Aurea.
Lui também realizou intervenções em festas Raves, workshops e a realização do curso online “A Bússola”, formação voltada para quem almeja se aprofundar na história da contracultura, do psytrance e temas que tangem a temática da cultura psicodélica; nomes de peso como Cláudio Prado (Produtor Cultural), Megalopsy (produtor musical) e Tália Maçaira (artista visionária e empreendedora) compuseram o time de professores do curso.
Para Lui, a psicodelia é um substrato de tudo que existe (2020), ou seja, a cultura psicodélica não se resume apenas aos setores da arte e da cultura, mas também abrange outras esferas que influenciam o ser humano na sua construção enquanto indivíduo único e social, como espiritualidade e política, assuntos recorrentes em seu canal. Atualmente, a conta no Instagram já conta com quase 5 mil seguidores e vem crescendo a cada dia que passa. A realização desse sonho vem de encontro com a vontade de transformar o mundo através de um olhar mais sincero na forma como nos relacionamos com nós mesmos, com o coletivo e com o mundo. Sejam bem-vindos ao Papos Psicodélicos, nossa porta está aberta para vocês!
Papos Psicodélicos
Texto escrito por Yan Fernando, parceiro ativo no canal - Relações Públicas | Artista
Visionário | Co-fundador do Coletivo Kamandra| Educador Cultural| Produtor de Conteúdo.