Devido à pandemia de COVID-19, as Olimpíadas de Tokyo no Japão foram adiadas por um ano e o mundo esteve acompanhando nos últimos meses o maior evento esportivo – ainda sem poder receber aglomerações.
Contudo, uma observação que podemos considerar sobre essas olimpíadas é o aumento de atletas abertamente LGBTQIAP+, gerando diversas discussões sobre a participação desses atletas dentro das categorias Masculino/Feminino. Exemplos da participação desses atletas são o jogador de vôlei Douglas Souza, de 25 anos, que conquistou as redes sociais com postagens bem-humoradas mostrando os bastidores dos Jogos; e a neozelandesa de 43 anos Laurel Hubbard, do levantamento de peso. Essa é a primeira vez na história que os jogos tem uma atleta trans.
O Brasil está entre os cinco países com mais atletas LGBTQIAP+. Ao todo, são, pelo menos, 15 atletas: Marta da Silva (futebol), Andressa Alves (futebol), Bárbara Barbosa (futebol), Formiga (futebol), Letícia Izidoro (futebol), Aline Reis (futebol), Debinha (futebol), Izabela da Silva (atletismo/disco), Babi Arenhart (handebol), Isadora Cerullo (rúgbi), Silvana Lima (surfe), Ana Marcela Cunha (natação), Ana Carolina (vôlei), Carol Gattaz (vôlei) e Douglas Souza (vôlei).
Com uma maior participação das pessoas LGBTQIAP+, levanta-se no cotidiano de quem acompanhou nas olimpíadas a discussão sobre pessoas trans, intersexo e não binárias no campeonato. Visto que, mesmo com a aprovação do comitê olímpico, ainda há grupos de pessoas que protestam contra a participação dessas pessoas, especialmente das mulheres trans, questionando o direito de seus corpos competirem.
O principal argumento seria de que as mulheres trans teriam vantagens maiores sobre as mulheres cisgênero durante as competições. É evidente que esses argumentos não possuem nenhum embasamento sério sobre nossa biologia, visto que o próprio comitê olímpico avaliou e aprovou de acordo com seus critérios – o que realmente incomoda as pessoas intolerantes é apenas o fato de ver corpos Trans e Não Binários ocupando mais espaços.
Entretanto, a definição binária XX e XY adotadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) nunca foi capaz de categorizar exatamente quem deveria participar das competições masculinas ou femininas, devido à diversidade de possibilidades em que o corpo humano geneticamente se desenvolve. Quem pode detalhar melhor essa explicação é o microbiologista Atila Iamarino em seu vídeo do youtube “O problema das mulheres nos Jogos Olímpicos”.
As diretrizes do COI de 2015 autorizam a participação de pessoas trans em competições oficiais. Segundo o documento, não é preciso que se tenha passado por cirurgias de readequação de sexo, porém algumas exigências são necessárias para participação. Por exemplo no caso da transição do sexo masculino para o feminino, é exigido das mulheres trans um controle corporal do nível de testosterona abaixo do nível de 10 nanomols por litro de sangue, durante pelo menos 12 meses antes de qualquer competição.
Ainda que não haja estudos em larga escala capazes de apontar vantagens, existem grupos radicais que buscam a suspensão da inclusão trans nos esportes olímpicos. É por esse motivo que é tão importante discutirmos a participação dos corpos LGBTQIAP+ em lugares de grande relevância mundial, assim como em qualquer outro.