COLUNA | A ESPINHA DORSAL DO PSYTRANCE: Capítulo II – SPankartZ

Série de entrevistas sobre a estrutura e a montagem de festas e festivais de Psytrance BR, trazendo: SPankartZ - Uma realidade lúdica na bioarquitetura do Trance mundo afora

Hey, COLORS! Dando seguimento a série de entrevistas sobre a estrutura e montagem de festas e festivais de Psytrance BR – “A espinha dorsal do Psytrance” – que tem como foco mostrar a caminhada de alguns profissionais brasileiros que vêm fazendo a história da montagem ser atrelada a bioconstrução na prática, abrindo um importante espaço para o conceito de sustentabilidade através da capacitação profissional de suas equipes, na construção das maiores festas e festivais de Trance do Brasil, lhes apresento a partir de agora o segundo capítulo…

Natural de Cotia (SP), Rodrigo Gonzalez (filho de imigrante uruguaio marceneiro e restaurador, que migrou para o Brasil devido às represálias pós ditadura militar), popularmente conhecido na cena Trance como Gonza, é o “linha de frente” do grupo SpankartZ, especializado em bioarquitetura e instalações artísticas qualificadas e diferenciadas, para a estrutura e montagem de diversos eventos Trance pelo mundo, como: Pulsar Festival (Minas Gerais, BR), Anacã – Arte, Cultura e Sustentabilidade (São Paulo, BR), Katayy Festival (São Paulo, BR), Universo Paralello Festival (Bahia, BR), Terra em Transe Festival (Bahia, BR), Ecologic Festival (Espírito Santo, BR), Kundalini Festival (Rio Grande do Sul, BR), Soulvision Festival (São Paulo, BR), Respect Arte e Cultura (São Paulo, BR), Boom Festival (Idanha-a-Nova, Portugal), Fusion Festival (Lärz, Alemanha), Freqs of Nature (Niedergörsdorf, Alemanha), Wao Festival (San Venanzo, Itália), Goa Gil (edição Berlim, Alemanha) e Goa Gil Edição Brasil, Amazonas Andes Festival (Isla Del Sol, Bolivia), Kamala Festival (Rocha, Uruguai), entre outros.

Além de importantes eventos na cena Psytrance, o grupo SpankartZ também já atuou em eventos como: Verão Lovina (Paraíba, BR), Carnaval do Bem (Minas Gerais, BR), Festival R.U.A. – Recife Urbana e Arte (Pernambuco, BR), entre outros.

Atualmente morando em Lisboa (Portugal), Gonza conversou comigo sobre a sua trajetória, enfatizando os reais motivos em apresentar um modelo peculiar e um tanto qualificado na mão de obra da bioarquitetura do Trance, representando o Brasil mundo afora.

Confiram, amigos…

Gonza, como começou a sua caminhada na bioconstrução com a SPankartZ?

Minha história começa com um luto. Eu perdi o meu pai em 2010 e, nessa época, eu trabalhava em empresas metalúrgicas, com funções sempre relacionadas a altura. Eu complementava a minha renda trabalhando em buffets de eventos sociais (casamentos e afins) aos finais de semana. Comecei como carregador e, com o passar do tempo, fui me interessando pelas decorações. Vendo um amigo que começou a produzir decorações com lycra para casamentos e festas de debutantes. A partir daí, iniciei como auxiliar e, após, comecei a fazer arranjos de flores para casamentos, festa de debutantes e cenografia para rodeios na minha própria cidade.

A minha “onda” com eventos começou quando eu tinha uns 15/16 anos. Nessa época, eu já frequentava festas de música eletrônica como admirador e por muitos anos foi assim: eu fazia uma grana extra nos eventos sociais para poder curtir as festas de música eletrônica.

Meu pai veio de outro país e, então, eu conhecia apenas a minha cidade e o centro de SP, ou seja, até então, eu não havia saído deste eixo.

O circuito de festas Trance em SP era muito legal e minha cidade é privilegiada por conta da rodovia, por possuir muitas chácaras e por isso muitas raves aconteciam lá, na região de São Roque e Raposo Tavares, saca? 

Fiquei tão chocado com a situação do meu pai quando ele se foi, que fui em busca de algo que fosse melhor para minha vida, fora das empresas metalúrgicas e em 2011 passei a pensar em decorar os eventos de Psy, inicialmente como voluntário, o que me fez conhecer a Nena Alava e, então, eu passei a trabalhar nas festas que eu frequentava, como Tribe, XXXperience, Kaballah

Desta forma, fui fazendo conexões, investindo em equipamentos de segurança, pois vi que tinha muito trabalho em altura e eu tinha experiência com isso, por conta das metalúrgicas, né? 

As primeiras festas onde trabalhei exigiam equipamentos de segurança. Com isso, pensei que poderia dar um passo a mais, o que fez eu me destacar um pouco neste mercado de festas grandes. Em 2012, eu tive a minha primeira conexão com o bambu, no Aho Festival (SP), onde eu participei da montagem, através da Nena. Foi lá onde eu me conectei as minhas maiores influências: Nena Alava, Jovemario Conceição (Jojoca), Rodrigo Miranda (Careca), Juliano Cenci, Fernando do Valle (Faraoh), Eliézio Sousa, Girafa, Lila Prasada e Gugu Costa. Desta forma, tudo começou a evoluir e na sequência eu fui convidado para trabalhar no Zuvuya Festival (GO), onde eu tive uma excelente oportunidade e a partir daí a coisa não parou mais! O Aho Festival foi uma conexão muito importante, pois tinha gente do Brasil inteiro conectado naquele grupo.

Cara, em 2014 fui convidado para trabalhar na montagem do Boom Festival (Portugal) pela primeira vez, atuando na construção do Chill Out, com uma equipe de brasileiros.

Após o festival, rolou a desmontagem e eu tive a conexão com o bambu por lá também, e isso foi um salto quântico, pois eu não imaginava que de 2011 até 2014 fosse rolar tudo isso na minha vida. Foi muito massa sentir que confiavam na segurança do meu trabalho. Essa foi a primeira experiência fora do Brasil, fazendo decoração no Trance.

Na volta do Boom, em 2015, eu voltei maravilhado com a estrutura gigante da montagem, o tratamento muito humano entre as pessoas e tudo funcionando “redondo”. Eu percebi que era algo realmente muito funcional. Eu considero essa experiência no Boom como uma faculdade.

Após o Boom eu fui trabalhar no Terra em Transe Festival (BA), onde eu conheci o Rafael Silva, o vulgo Lostinho e o Vinicius Mazargão, o lendário Macgyver. Fomos em 5 pessoas para trabalhar neste festival.

Tiveram vários problemas na montagem deste festival e eu estava prevenido diante de tal situação. Por isso, nós enquanto grupo tínhamos uma reserva de grana de um trabalho anterior, que foi destinada para uma pequena compra de alimentos, para sanar o problema da produção nessa questão e a nossa reserva de alimentação/sobrevivência não acabar. Neste momento eu pensei que seria louco ter um grupo, uma galera, ferramentas, carro etc. Então, quando retornei da Bahia, fiquei com isso na minha cabeça.

No Soulvision Festival (SP) do mesmo ano, eu estava curtindo, e um amigo nosso, o Espanco Live, estava dançando muito, espancando na pista, saca? E foi a partir disso que eu comecei a pensar no nome da empresa. Pensei: a gente espanca na arte então! Haahahahahah!

O nome SPankartZ ficou “hard” por fazer jus ao empenho da galera, né?

Depois disso eu conheci o Jojoca (Gênesis Bioconstrução – GO). Até então eu só conhecia a lenda dele, que foi no Aho Festival, onde tivemos pouco contato. No Shivaneris Festival 2015 (SP), foi onde eu tive a graaaaaaande oportunidade de conhecê-lo de fato. Ele deu uma aula de bambu pra gente, falou coisas que a gente nem imaginava sobre a colheita e tudo mais. O Jojoca é o coração de um festival!

E foi assim que começou a história da SPankartZ no Brasil e no mundo afora.

Como é o trabalho na SPankartZ?

Eu convidei os meus parças, Lostinho e o Macgyver, para fazerem parte do grupo e iniciamos como SpankartZ. Hoje somos um grupo de 18 pessoas espalhadas pelo mundo, qualificadas em cursos voltados para segurança do trabalho, como: segurança em acesso por corda e elevação de cargas e piloto de plataformas elevatórias. Viemos num fluxo de produzir os nossos projetos pessoais, onde eu crio o projeto e os amigos avaliam a possibilidade da construção, pois nada depende apenas da minha intenção. Existem também os projetos mais ousados, onde é necessário mão de obra qualificada, como trabalho em altura, ferramentas especializadas e afins. Desta forma, conseguimos atender os nossos projetos e as propostas de outros artistas. Assim, a gente atende de forma diferenciada todos os estados do Brasil e alguns países do mundo.

Paralelo às minhas criações, eu sempre estudei bioarquitetura por causa do bambu, que é a matéria prima principal do nosso trabalho e também estudei outras coisas, como tração para criação de tendas, a elasticidade dos tecidos, para criar com beleza, aerodinâmica e segurança.

O nosso desafio desde o início sempre foi não repetir o projeto. Ele pode ser semelhante, mesclar técnicas, mas nunca ser igual. Por isso, algumas vezes, rolam questionamentos da parte contratante, pois os nossos projetos demandam materiais novos que implicam num investimento considerável, mas que não ficam conosco, ou seja, o contratante paga por um material novo que é dele. Desta forma ele pode reutilizar o material com novas formas, aplicando o conceito de sustentabilidade.

Essa nossa metodologia deixa os nossos orçamentos maiores do que os demais, então a gente sempre teve que fazer muitas manobras para o trabalho ser funcional mensalmente, como a engrenagem de uma empresa, que foi feita para manter eu e minha equipe, que também são meus amigos, para também fortalecer o contato entre as nossas mães, fortalecendo um grupo familiar. Por isso, a preocupação em manter uma rotina é o que mais faz até hoje investir em ferramentas e afins, pensando em ter um espaço onde a gente possa criar. Então, criamos um meio do grupo estar presente em todos os eventos. Procuro sempre focar no grupo SPankartZ em si, para podermos ter a representatividade de todos nos projetos executados.

Até hoje viajamos com projetos em 13 estados brasileiros e 7 países diferentes, criando nossas artes ou complementando outras equipes. Nunca imaginei que um dia eu poderia trabalhar em festivais como o Boom Festival (Portugal), Fusion Festival (Alemanha), Freqs of Nature (Alemanha), Goa Gil edição Alemanha (Berlim) e Goa Gil Edição Brasil. Foi e sempre será muito importante.

Amigo, gostaria que você contasse um pouco sobre a trajetória da qualificação profissional da sua área no Trance.

As festas grandes de São Paulo que citei anteriormente, como Tribe, XXXperience e Kaballah, sempre fizeram o uso de EPIs em suas equipes, devido às fiscalizações rigorosas. Paralelo a isso, no Trance, essa questão ainda não era muito ativa, pois é uma cena muito underground, feita na “raça”. É difícil demais fazer uma festa aqui no Brasil, pois exige locação de equipamentos e ferramentas, mão de obra, logística complicada, pelo fato da maioria das festas serem distantes dos centros urbanos. É tudo feito do zero, ou seja, é um investimento muito alto!

Contudo, atualmente percebo que a situação melhorou bastante, principalmente a nível de projetos e os orçamentos que são destinados às equipes de montagem e estrutura. Antigamente não era assim, saca? No passado me vi em situações onde a produção não tinha ferramentas funcionais, como tesoura, alicate e afins. Era uma falta de retorno muito grande, até que as festas começaram a ter mais visibilidade e consequentemente, mais público. Com isso, as produções começaram a perceber que era importante também conseguir investir numa estrutura que fosse mais ágil para montar, ou seja, está rolando uma profissionalização da cena Trance, até a nível de fiscalização, o que provoca um movimento natural na busca por uma melhor capacitação profissional, com equipes independentes que possuam suas próprias ferramentas. Isso tem um custo alto, pois essas ferramentas precisam de manutenção constante etc. Por isso, eu entendo o motivo do Trance ser visto anteriormente como algo tão arcaico. Hoje em dia, os trabalhadores de estrutura e montagem do Trance estão sendo enxergados como profissionais, afinal, somos grupos de cenografia, tá ligada?

De 2015 pra cá, muita coisa evoluiu no Trance. Esse lance que eu trouxe das festas comerciais, de trabalhar com equipamentos de segurança, me deu a possibilidade de aplicar isso nos vários grupos que eu faço parte aqui no Brasil. Os grupos de estrangeiros (Artescape – África do Sul / Vortex Trance Adventures – Àfrica do Sul ) que vinham para atuar no Psytrance do Brasil, por exemplo, eu dei sorte de atender. Eu conversava via google tradutor e foi ali que eu comecei a ter uma noção do que é falar inglês. Trabalhar com a galera gringa me fez perceber que para eles era muito importante a função de todos, não apenas dos artistas. Não rola uma diferença entre as pessoas que montam o festival e os DJs que se apresentam, saca? Com isso, começamos a quebrar esses paradigmas de diferenças e hierarquias que existiam com força aqui no nosso país, como por exemplo, o produtor do evento que hoje em dia senta à mesa junto de todos os trabalhadores para comer a mesma comida. Anteriormente, quantas vezes eu vi produtores de festa saindo de churrascarias “palitando os dentes”, enquanto as equipes de montagem comiam arroz, feijão e salsicha… Isso era chato de ver, saca? Então, devido à minha trajetória nas festas comerciais, de não rolar este tipo de situação desagradável e todos sempre tratados igualmente, eu comecei a exigir uma atenção melhor na questão da alimentação e foi assim que tudo começou a mudar.

Entre nós enquanto grupo, tínhamos uma reserva de grana para completar a alimentação, como por exemplo: comprar um achocolatado, um queijo… E isso começou a expandir entre os outros grupos ao ponto dos produtores começarem a observar este nosso tratamento de dividir entre nós mesmos o nosso ganho e assim, passamos a ter um tratamento melhor das produções com relação a isso. Atualmente, onde o grupo atua não temos o que reclamar da alimentação, por exemplo. 

Além das dificuldades que você citou acima, me conte outras que sempre serão impactantes na sua caminhada.

Estar muito tempo longe da família é algo bem difícil  por conta do emocional, sabe? Eu sou filho único, não tive uma realidade de renda ideal para eu e minha mãe, pois hoje somos só nós dois. Depois que meu pai partiu deste plano, eu tive que virar o alicerce da a casa, ou seja, cumprir a função do meu pai. Com isso, eu busquei dar uma vida melhor para minha mãe através do meu trabalho nos eventos. Eu vi que eu ganhava mais do que antes e tinha uma liberdade maior, apesar de viajar praticamente o tempo todo. Ossos do ofício!

As condições climáticas de alguns locais onde rolam os festivais também fazem o trabalho ficar muito difícil. Certa vez pegamos ventos de 110km/hr em Urubici (Santa Catarina), na montagem do Revolution Festival 2015 (SC). Essa foi a mais difícil em questão de clima, pois houve chuva da montagem até a desmontagem do evento. Eram ventos muito fortes. Puuuunk!!!!!!!!!

A falta de segurança na questão dos pagamentos é algo que nos preocupa sempre também. Atualmente, a maior dificuldade que nós, trabalhadores do Trance encontramos na nossa caminhada, foi a pandemia de coronavírus que afetou o mundo inteiro, principalmente o setor de eventos. Nunca vivi nada semelhante, saca? 

Citando o caso do Anacã – Arte, Cultura e Sustentabilidade (SP) (ano de 2020), por exemplo, evento onde estávamos montando quando a pandemia deu início aqui no Brasil. Além do investimento do produtor, eu enquanto SPankartZ fiz um outro investimento num projeto de obra de arte visionária, com a intenção de bater um recorde de altura, numa estrutura de 27m de altura, ou seja, entrei de cabeça também como um investidor do evento em si, que é algo que pretendo levar para frente, pois quero fazer parte do investimento do evento, para poder produzir as minhas artes com o meu próprio material, pensando na sustentabilidade de toda matéria prima utilizada.

Bom, três dias antes do evento começar, a Prefeitura local junto com a Polícia nos enviaram uma mensagem avisando que deveríamos desmontar tudo que já tinha sido montado e retirar todo material no prazo máximo de 2 dias. 

Isso me deixou maluco, sabe? Fui parar em casa com duas cargas de bambu e sem o orçamento que foi fechado pago, pois o evento não pôde ser realizado porque o mundo havia parado por causa do vírus. Fiquei triste ao ponto de ficar deprimido, mas, graças a Deus, pude contar com a força da minha mãe, que me colocou no eixo novamente e exigiu que eu me dedicasse a construir algo com que tínhamos na mão: o bambu e a terra onde a gente mora. E foi a partir desta dificuldade que eu dei início ao projeto do SPankhouse, saca?

Conte um pouco o que é este projeto do SPankhouse, Gonza.

No terreno da minha casa em Cotia (SP), temos uma área que não estava sendo aproveitada, então conseguimos construir uma oficina, um espaço onde a gente possa criar novas ideias e consequentemente, novos projetos. A ideia é criar um coworking que fornece ferramentas para as pessoas interessadas, para que elas criem os seus projetos também, para além do nosso grupo em si. Este momento da pandemia me fez pensar assim, pois eu vi muitos amigos tendo que desfazer de suas ferramentas de trabalho. Estou procurando pensar num futuro a partir desta realidade difícil que todos estamos vivendo. 

O foco do SPankhouse é criar um ambiente onde a gente possa criar todos os tipos de arte que evolvam um evento. Um espaço onde as pessoas possam ministrar cursos de capacitação profissional e workshops para todas as áreas do Trance. O projeto está em andamento.

O que mudou até hoje na sua caminhada, digo em relação aos conceitos da sua área de bioconstrução e estrutura e montagem de eventos no Trance?

Anteriormente eu pregava uma realidade efêmera, que era construir e destruir as estruturas dos eventos e atualmente vejo que existe muito mais o valor em construir de forma permanente. Um pouco mais detalhado e demorado, com um compromisso maior, entre acabamentos e afins. 

Hoje vejo uma outra possibilidade, onde as pessoas que atuam no Trance há algum tempo  irem em busca de novos objetivos, que sustentem outros ideais para além da cena, pois é natural querer alcançar novos nichos de mercado. 

Me conte um pouco dos projetos da SPankartZ fora do Trance.

Já faz algum tempo que eu ajudo outras equipes de bioconstrução fora das festas, para a construção de estruturas com períodos menores de duração, usando bambu sem tratamento para galpões funcionais e construção de casas. Todo investimento que eu fiz em cursos me possibilitaram atuar fora da cena Trance. Em Caraíva (BA), construímos espaços para cursos, workshops, vivências e oficinas. Com este trabalho, tivemos a oportunidade de quebrar alguns paradigmas, com novas matérias primas, novas ferramentas e os desafios das intempéries dos locais onde não estávamos habituados a trabalhar.

Em 2018 fui convidado pelo renomado professor e especialista em bambu, Ludovico Beraldo e a doutora em Engenharia Civil e Mestra em Arquitetura, a professora Ana Harris, a ministrar uma oficina de geometrias em bambu, no workshop: Arquitetura em Bambu, na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, SP.

Gonza, você está vivendo uma temporada na Europa desde junho de 2021, né? Me conte um pouco o que você tem feito por ai, por favor.

Minha ideia é vivenciar na Europa e comunicar os meus amigos e amigas produtores de eventos do Brasil como caminhava essa estranha tentativa de voltar a realizar eventos.

Assim que cheguei em Portugal, recebi convites de produtores e cenógrafos de eventos, para atuar na reabertura das festas Trance na Europa. Prevendo este retorno da temporada europeia, alinhei um projeto onde pudemos criar uma tenda e palco chamada timelapse.

Passei pela reabertura de lounges na França e dos primeiros festivais de Trance na Alemanha e Bélgica, pós primeira onda de Covid e, por isso, estive por dentro de minuciosas operações de fiscalizações sanitárias em busca de um caminho seguro, para trazer de volta os eventos ao público.

Vivi a realidade de atuar em festivais com 5 dias de duração onde éramos obrigados a fazermos testes supervisionados por Entidades Públicas, para controle da proliferação do vírus e com isso, muitas pessoas eram “barradas” nas portarias. DJs famosos, de gravadoras importantes, tendo que ser substituídos por estarem infectados, ou seja, uma verdadeira loucura, sem distinção de raça, credo, classe social, idade e gênero.

Isso começou em Junho de 2021 e foi assim até Novembro do mesmo ano, quando tudo voltou a ser cancelado e fechado na Europa novamente, devido às novas variantes do coronavírus. Em Dezembro tivemos o lockdown completo.

Por fim, atualmente estou em Portugal e fazendo um novo planejamento para o verão deste ano (a partir de junho de 2022), onde muitos eventos estão planejando voltar com força total, pois na primeira onda tivemos apenas eventos pequenos, com uma média de 3 a 4 mil pessoas que se arriscaram em tentar.

Boom Festival (Portugal), Antaris Project (Alemanha), Fusion Festival (Alemanha) e Space Safari (Bélgica) confirmaram as minhas contratações.

Uma mensagem importante para este momento, amigo.

Gostaria de agradecer a oportunidade que vem sendo dada aos grupos novos do Brasil nos últimos 5 anos. Está rolando um alto grau de entrega das equipes. O tratamento dado à galera de montagem atualmente, faz com que os trabalhadores fiquem mais engajados, pois estão sendo tratados com o devido respeito.

Minha busca é: Vamos viver cada um do seu trabalho em si, galera. Vamos melhorar a condição dos trabalhadores que se doam com afinco, pois isso é muito importante!

Para a galera que está chegando agora: apostem, pois estamos aqui sempre procurando fazer o nosso melhor. Vocês não imaginam tudo o que a gente passa para poder atendê-los com excelência. Fazemos a montagem dos eventos de Trance para dar toda a segurança que vocês precisam.

Galera, comprem o ingresso antes, ajudem o evento acontecer, pois a gente faz isso com amor e carinho. Fortaleçam o meio, para que assim, possamos ter a segurança de todo investimento que é feito.

Procurem se informar sobre as festas novas, para não investir numa furada, tanto os novos investidores quanto o público que vai para curtir.

Ahhhh, foi ótimo. Eu amei bater esse papo com você, amigo. Muito obrigada!

Tamo junto, parceria! Obrigado pela confiança, amiga. Vamos que vamos!

SpankartZ. Just do it!

“O conhecimento retido gera a estagnação da evolução, assim como o ego burro te tornas cego e o impede de captar e compartilhar. Logo, a matéria se vai e o conhecimento se dissipa”.

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