O projeto Vizcaya nasceu no início da pandemia em 2020, (Vizcaya vem do idioma Euskero que pode ser traduzido como Vasco, e que também batiza uma das províncias da Espanha) o nome trata-se de uma homenagem às suas raízes espanholas herdadas por sua mãe.
A mente por trás do Vizcaya é o Produtor Musical, DJ e Musicista George M., que tem também seu talento corroborado por suas outras facetas, como a aclamadíssima diva Las Bibas From Vizcaya e através do projeto Vizcaya, seu criador, cria uma linha fora da curva, sobretudo quando ele passou a remixar divas da MPB e trazer para o universo eletrônico partindo do pressuposto de que o underground representa aquilo que transgride, que busca quebrar paradigmas e que foge do óbvio.
“Eu acho que artistas com grande projeção e números de seguidores se tornam influencers mesmo sem querer. Esse não é o caso do VIZCAYA, que não se preocupa com números, playlists ou hits.” – George M.
Nessa pegada o criador do projeto nos conta o conceito dessa nova proposta, em que contexto ela surgiu e como pretende nos presentear com esse trabalho. Acompanhe com a gente esse bate papo que apresenta para nós Vizcaya como uma das revelações da Colors DJs desta edição.
Olá Vizcaya, primeiramente é uma honra para nós da Colors DJ conhecer mais esta faceta do mestre George M. Conte-nos um pouco sobre como surgiu a ideia deste projeto, de onde veio a necessidade ou a influência de criá-lo?
O projeto nasceu no início da pandemia e do tempo livre que fui obrigado a administrar. Eu já tinha outros projetos paralelos como “LAYKKAH” e “ÜBERTRONIC” , mas resolvi centrar tudo como VIZCAYA, que tem a mesma pegada, só que com o plus de querer resgatar coisas nacionais da MPB e trazer para o universo eletrônico, mas que fosse um eletrônico que você pudesse ouvir em qualquer lugar… em casa, no carro, no jantar e até na pista de dança. Isso começou na verdade em 2011, quando produzi e escrevi uma música para o artista Daniel Peixoto, e a tal música “Olhos castanhos” foi parar na trilha sonora da novela global das 18hs, “Lado a Lado” (que ganhou até um Emy).
Após o período que passamos com restrições sanitárias que influenciaram todas as cenas e principalmente o mercado de consumo de eventos e de música, testemunhamos muitas mudanças e a apresentação de várias novas formas de se distribuir e consumir conteúdo. Como, na sua opinião, a cena clubber foi influenciada por essa conjuntura?
Eu quando criei o VIZCAYA não pensei em música para “Boate/Clube”, até porque elas ainda estão oficialmente fechadas. Eu quis fazer música pra ser ouvida em qualquer situação, local ou estado emocional. Esse projeto não tem compromisso com hits, sucesso, pistas ou em ser DJ. O compromisso é pessoal, é trazer minha visão e a atmosfera do que vivo ou vivi, escuto ou escutei. E pra minha surpresa, várias pessoas se conectaram com essa minha visão.
Com uma vasta experiência no mercado musical que comprova sua autoridade no assunto, acredito que você já deve ter visto os profissionais desse setor se reinventarem e renovarem várias vezes. Na sua visão, a proposta do Vizcaya nasce nesse contexto ou simplesmente ela representa uma vertente que você já tinha afinidade e vontade de materializar sob a forma de expressão, mas ainda não acreditava que seria o momento certo?
Como falei antes, esse meu lado-B sempre existiu… já utilizei inúmeros nomes/aliases. Mas ele tomou força quando meu tempo se fez livre devido a pandemia. Em seguida surgiu o convite para remixar o EP. “Remix Século XXI”, EP comemorativo de 30 anos de carreira da ADRIANA CALCANHOTTO (Uma das minhas maiores divas e inspirações no Brasil). Tive a honra de fazer novas leituras oficiais de 4 dos seus incontáveis hits.
“O resgate é o carro-chefe, mas também irei lançar coisas novas e autorais. Com essas releituras eu apresento para as novas gerações, um produto reciclado para o nosso tempo…”
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Em suas palavras, essa é uma pegada visceral e plural de sua obra, que beira e flerta com o Indie, o House, o Tech, o Synthpop e a Nudisco. É notória a proposta de resgate desse projeto, pois vemos referências nacionais com sucessos de Angela Ro Ro, Vanusa, Maria Bethânia e Adriana Calcanhotto, mas também vemos influências de clássicos internacionais como Pet Shop Boys, Julie Hicklin, Bryan Behr e CDAMORE. Você acredita que o legado deste trabalho será esse resgate? Como você sente o resultado dessa proposta de repaginar clássicos para as novas gerações que os consomem?
O resgate é o carro-chefe, mas também irei lançar coisas novas e autorais. Com essas releituras eu apresento para as novas gerações, um produto reciclado para o nosso tempo que às vezes pode ser considerado datado (como no caso do meu projeto com a cantora Maysa). Através desse projeto, eu recebi inúmeros emails de pessoas que sabiam quem era a “mulher da série da globo” e nunca tinha ouvido outra música dela além de “meu mundo caiu”. E o prazer e orgulho de levar esse conhecimento às pessoas, não tem preço ou número de plays que pague.
Você há anos já se consolidou como referência na produção para o gênero do tribal em sua discografia de outros projetos, também possui bem marcada a presença de influência de outros gêneros como House e EDM. Você acredita que poderemos saborear a mistura dessas influências com esta nova pegada? Ou prefere buscar distinção nessas suas diferentes formas de se expressar?
VIZCAYA não tem interesse em mainstream, em EDM ou tribal house. São estilos que trabalho já em outros projetos como o LAS BIBAS. E ele nasceu justo para SEPARAR um do outro e cativar seus respectivos públicos. A pegada do Vizcaya é mais slow, introspectiva, densa, melancólica e voltada um pouco pra MPB que tanto ouvi na adolescência.
Vemos constantemente artistas lançando músicas com cunho de crítica social e política. Podemos também esperar isso do Vizcaya? Como você acredita que sua forma de influenciar e de incentivar o pensamento crítico sobre nosso contexto social impacta na vida das pessoas que consomem sua arte?
Eu acho que artistas com grande projeção e números de seguidores se tornam influencers mesmo sem querer. Esse não é o caso do VIZCAYA, que não se preocupa com números, playlists ou hits. Apenas quero trazer boa música sem compromissos (inclusives sociais). Mas nada impede que eu possa fazer um remix ou uma releitura de músicas politicamente icônicas como “Cálice”, de Chico Buarque, ou “Porque não falei das flores”, do Vandré.
Correm boatos que brevemente teremos mais novidades de Vizcaya. Gostaria de saber se em breve teremos algum novo lançamento desse novo projeto e se sim, pedir que nos fale um pouco dele.
Sim. Dia 8 de outubro já adianto em primeira mão que será lançado um remix meu oficial que estará em todas as plataformas digitais para outra Diva da MPB: Fafá de Belém. O remix sairá pelo selo “Joia Moderna”, do DJ Zé Pedro. A Fafá amou o resultado e disse que jamais tinha imaginado um hit seu, romântico e atemporal, com uma pegada deep-house/afro-House. Resta esperar dia 8 para ouvir.
Também tenho outro single novo e autoral com a inglesa JULIE HICKLIN, parceira de longa data, programado para novembro.
George, para finalizar, foi um prazer conhecer um pouco mais desse projeto e ficamos sempre muito honrados em poder tê-lo como pauta em nossa revista. Nós, fãs de carteirinha, já ficamos ansiosos por saber o que esperar de Vizcaya, sob a ótica de seu criador.