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REVELAÇÃO | Uma volta com Ferrari

Nós da Colors convidamos a todes para dar uma volta de Ferrari. Pois a nossa DJ Revelação deste mês não perde em nada para o carro tão veloz que leva em seu nome, em poucos meses como DJ ela já acumula conquistas, e é figurinha carimbada no line up da maioria das festas LGBTQIA + da cena carioca.

Então embarque com a gente nessa corrida e venha agora conhecer um pouco mais da DJ Marcelli Ferrari.

“O maior desafio foi vencer meus próprios medos. Sempre tive pavor de ser julgada e não me sentia boa o suficiente.” – Marcelli Ferrari.

Quando e como surgiu a vontade de se tornar DJ? 

Primeiro gostaria de agradecer pelo convite.

É muito gratificante em tão pouco tempo de carreira ter um reconhecimento assim. 

Respondendo a pergunta, cresci sendo influenciada pelo meu pai que é um apaixonado por música. 

Quando pequena já acordava com o som de casa ligado. Tínhamos vários CDs, vinis, inclusive ainda temos muitos. 

Herdei essa paixão e conforme fui crescendo acabei me tornando a pessoa que fazia as playlists das festinhas dos amigos.

Como a galera curtia, começaram a falar que eu deveria me tornar DJ, que tinha muito feeling de pista e tal.

A partir daí começou a surgir a vontade, mas levei muito tempo até começar a estudar mesmo. 

Quando entrei no primeiro curso que foi para DJs iniciantes de música eletrônica, me apaixonei e vi que era isso que eu queria fazer.

Até então eu já tinha sido modelo por 5 anos e estava trabalhando na parte administrativa de uma empresa.

Quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou após tomar essa decisão de ser DJ? 

O maior desafio foi vencer meus próprios medos. Sempre tive pavor de ser julgada e não me sentia boa o suficiente.

Estava vivendo uma vida completamente acomodada e sempre vinha aquele pensamento “E se eu largar tudo e não der certo?”.

Tanto que fiz o primeiro curso em junho de 2019 e após me formar não corri atrás de nada. Fiquei enrolando por medo de tocar e as pessoas não gostarem.

Até que o universo me deu um empurrãozinho rsrs.

Em maio de 2021 a empresa em que eu trabalhava estava com problemas financeiros por conta da pandemia e suspenderam meu contrato por 3 meses.

Fiquei desesperada porque as contas estavam aí né.

Aí a DJ Janaiara, que é minha amiga e sabia o que estava rolando, me mandou uma postagem da Up Lounge no Facebook em que estavam selecionando novos DJs.

Me inscrevi no domingo e já fui chamada para tocar na sexta seguinte. De lá pra cá as coisas foram acontecendo, fui perdendo o medo, me aprimorando, correndo atrás.

Gabi Netto - @gabinettooo

Por que a cena Open Format?

Me formei em eletrônica, mas sempre fui muito eclética.

A cena Open Format é muito ampla, tem todo um leque de possibilidades e eu adoro brincar com essa variedade nos meus sets, ver a reação e sentir a energia da galera.

Ainda quero ter um projeto de música eletrônica, mas isso é algo mais pra frente.

“Acredito que o trabalho do DJ também é apresentar novos artistas que não tem tanta visibilidade” – Marcelli Ferrari.

Como foi o processo de busca pela sua identidade sonora e visual como DJ?  Que artistas te influenciaram sonora e visualmente? 

Acredito que minha identidade sonora foi construída desde a minha infância. Sempre gostei muito de todos os tipos de música.

Pesquisava letra, cantor. Quando comecei a tocar fui mesclando o que gosto com o que a galera quer ouvir e sempre incluo umas músicas que as pessoas costumam não conhecer.

Acredito que o trabalho do DJ também é apresentar novos artistas que não tem tanta visibilidade. Por isso estou sempre pesquisando.

Dos artistas que me influenciam tem muitos de vários estilos: Vintage Culture, DubDogz, Barja, Sarah Stenzel, Anna, Anne Louise, Bárbara Labres, Júlia Bacellar e a própria Bruna Strait, que é uma inspiração pra mim.

Acompanho a carreira dela há anos e agora tenho a honra de dividir alguns lines com ela.

Clara almeida - @claraalmeidaph

Você começou a tocar profissionalmente há menos de um ano, como foi seu processo de profissionalização? E qual o diferencial na sua opinião, que possuir cursos e tratar a gestão da sua carreira quanto a de uma marca ou uma empresa pode trazer de benefícios a curto e longo prazo? 

Comecei a tocar em junho de 2021 e como tinha feito o curso voltado para música eletrônica em 2019, senti a necessidade de me aprofundar nas mixagens de open format.

Em setembro iniciei o curso de open format e me formei em novembro.

Em março pretendo começar o curso de mixagens avançadas.

As coisas foram acontecendo quase que automaticamente, acredito que pela minha dedicação. 

Estudo bastante, procuro cada vez entregar um trabalho melhor para o público e com isso os resultados vêm chegando.

Costumo dizer que eu sou minha própria empresa. Minha marca é o meu nome, minha carreira. Trato tudo com muita seriedade. 

Desde o início fiz todo um planejamento, tracei metas, estipulei prazos.

2021 foi um ano muito bom pra mim, consegui alcançar muito além do que tinha planejado.

Você em tão pouco tempo já conseguiu grandes conquistas na sua carreira, como tocar em festas importantes dentro da cena pop carioca e firmar residência em algumas delas. A que você atribui esse sucesso? E como esse reconhecimento faz você se sentir? 

Acho que o sucesso é resultado do meu esforço, da minha dedicação e da confiança dos produtores no meu trabalho.

Claro que o apoio da minha família, dos meus amigos e a ajuda de algumas pessoas do meio foram essenciais.

Conheci pessoas incríveis na minha caminhada que me ajudaram e ajudam demais com dicas, indicações.

Sinceramente acredito que a ficha ainda não caiu. As coisas estão acontecendo tão rápido que ainda não consegui assimilar, estou vivendo meu sonho e só consigo sentir gratidão por tudo.

Esse reconhecimento só faz com que eu me sinta mais motivada para continuar, estudar cada vez mais, me dedicar para cada vez entregar um trabalho melhor e conquistar mais pessoas.

Gabi Netto - @gabinettooo

“O universo LGBTQIA + ainda é muito fechado para nós mulheres lésbicas. Tudo é voltado para o homem gay.”

Uma das festas da qual você é residente é a festa Femme, que é voltada para o público lésbico, como é para você enquanto mulher lésbica tocar nesse evento? Traz algum diferencial? E qual a importância desse espaço de representatividade enquanto DJ e até enquanto público na sua perspectiva? 

Ser residente da Femme é um orgulho, uma realização, lá é um lugar em que me sinto extremamente confortável, acolhida, em casa mesmo. Não só eu, as meninas que frequentam a Femme sentem o mesmo, inclusive costumamos dizer que na Femme as meninas que vão sozinhas saem de lá com 3 melhores amigas e 1 Crush, é o nosso cantinho.

O universo LGBTQIA+ ainda é muito fechado para nós mulheres lésbicas. Tudo é voltado para o homem gay.

Chega a ser até um pouco misógino. Tem muita festa gay voltada para os homens e as festas voltadas para mulheres podemos contar nos dedos. nós quase não temos espaço e quando temos é até difícil se manter. Muito pela falta de informação e falta de costume mesmo. 

Nós mulheres não temos o hábito de frequentar lugares feitos para nós justamente por não ter.

A Femme é uma festa voltada para mulheres lésbicas em que o espaço, os drinks, as atrações, tudo é pensado para nos sentirmos o máximo de conforto e acolhimento possível.

Em pleno 2022 infelizmente muitas portas ainda se fecham só pela nossa orientação sexual, por não estarmos no “padrão”.

Acredito que uma mulher lésbica conquistando espaço em qualquer área já é muito gratificante. Fico feliz em poder inspirar pessoas, mostrar que é possível sim!

Que novidades podemos esperar da DJ Marcelli Ferrari?

2022 tem muita coisa boa vindo por aí.

Vou começar um curso novo para aprimorar minhas técnicas, na próxima semana já vou lançar um set novo com muito pop e funk.

Espero cativar cada vez mais o público com a minha energia e representatividade.

O que o público que vai assistir uma apresentação sua pode esperar?

Uma DJ que não só toca, mas interage com a galera.

Uma parceira de pista que deseja contribuir com a diversão, que faça daquele momento especial, único.

Uma troca de energia em que o público saia leve e sinta que valeu a pena.

Paulo Liv - @opauloliv

Foto Capa: Gabi Netto – @gabinettooo

@marcelliferrari – Instagram 

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