REVELAÇÃO | SANTOSHA: A vibe doce e talentosa da criança que cresceu em festivais e que conquista muito bem o seu espaço na cena eletrônica

Imagine uma criança crescendo e vivendo nos grandes festivais de música eletrônica da cena do psytrance!? Então, essa é a vida do nome por trás do projeto SANTOSHA. Ele, que é filho de um dos principais nomes da cena (DJ Xamã), e que vem aqui hoje contar a sua história sendo uma das REVELAÇÕES do ano aqui na Colors DJ.

Falamos hoje sobre João Porto di Lorenzzi e Casto Ottoni, com seus 21 anos de idade, começou sua carreira há 14 anos atrás! Nascido em Goiânia, João Ottoni vem há 7 anos trazendo o seu projeto SANTOSHA, que chegou a ser apresentado no principal palco do Universo Paralello, representado atualmente o selo Tranceformation, além de ter chegado a conquistar o #7 no chart da Beatport com sua primeira produção musical, a track “Iemanjá”.

“Enquanto a maioria deles apenas jogavam vídeo game e faziam passeios ao shopping, eu, além de fazer tudo isso, frequentava festas e festivais por todo Brasil”

Nesse bate-papo, vamos saber um pouco mais da sua relação com seu pai, o DJ Xamã, suas experiências de crescer nos ambientes de festivais, suas inspirações dentro e fora da cena, seus projetos atuais e futuros. Confira agora:

Primeiramente, quero agradecer por aceitar o convite de contar sua história para a Colors DJ. Você é uma das raridades que praticamente teve o privilégio de nascer dentro dos Festivais de música eletrônica. Conta pra gente sobre essa experiência incrível de viver sua infância e adolescência em contato com a música que você tanto ama.

Para mim, conviver em um ambiente de música eletrônica sempre foi algo natural. Ao longo da minha vida, sempre  frequentei, com meus pais, festivais dessa vertente musical, muito executada dentro de casa.  Essa influência me levou para uma vivência um pouco diferente daquela que meus amigos de classe tiveram, por exemplo. Enquanto a maioria deles apenas jogavam vídeo-game e faziam passeios ao shopping, eu, além de fazer tudo isso, frequentava festas e festivais por todo Brasil, como o Universo Paralello, Trancedance e Tranceformation e outras. Assim, sempre tive contato com muita diversidade: com a cultura hippie, a do rap, a indígena, além de práticas como a da meditação. Por ser filho de DJ (Bruno – DJ Xamã), estar no backstage é como estar no quintal de casa e manusear uma CDJ era como uma brincadeira de criança. Me sinto muito grato por essa oportunidade de estar inserido em um mundo cultural tão diverso.

“…eu gostava bem mais do público do trance, da forma como se dançava e da vibração que essa vertente tinha enquanto atmosfera na pista.” – SANTOSHA.

Aos 14 anos, você começou a tocar profissionalmente. O que mudou daquela época pra essa em relação às suas conexões com as diversas sonoridades que existem no mundo da música eletrônica?

No início da minha carreira, quando eu tinha 14 anos, comecei tocando house, um estilo eletrônico mais comercial e popular. Naquela época, eu tinha na cabeça que esse era o caminho para crescer profissionalmente, isso porque a minha música teria maior alcance, cairia no gosto da criança, do cidadão comum e até mesmo das pessoas mais idosas. Mas no fundo mesmo, eu gostava bem mais do público do trance, da forma como se dança e da vibração que essa vertente tinha enquanto atmosfera na pista. Por essas e outras, eu passei a tocar psytrance, especialmente o full-on. Outra influência muito importante para essa decisão foi o fato do meu pai também tocar essa vertente, o que fez com que ela tivesse um espaço grande no meu coração, na minha memória afetiva. Esse processo também passa pelo amadurecimento que eu sofri com o passar dos anos, a maioria dos pré-adolescentes também não se encontraram de verdade, estão em busca de autoconhecimento e autoafirmação.

Como foi que você chegou na escolha do nome SANTOSHA?

Santosha, o nome que adotou atualmente para o meu projeto, é uma expressão em sânscrito, que significa “o sorriso do coração”. A música é isso: alegria, boas vibrações, amor. Eu gosto de fazer a galera vibrar, guardar experiências boas na memória. No fundo, o desejo de todo artista é trazer um sorriso para o coração do seu público, atingir a humanidade que existe em cada um!

Já na primeira track, você alcançou o #7 lugar no Beatport. Conte como foi essa experiência e responda pra gente como foi perceber que isso estava acontecendo com você logo na primeira.

Alcançar o 7° lugar no Beatport foi uma grande surpresa para mim, me fazendo perceber que eu estava no caminho certo e que todo esforço ao longo da minha jornada foi reconhecido. Uma das coisas que mais me deixaram feliz com essa música, a “Iemanjá”, foi a oportunidade de representar a brasilidade através dos cantos da umbanda. Enquanto muitos artistas utilizam apenas vocais gringos, eu busco utilizar também as falas em português, trazendo à tona a minha nacionalidade. Na minha percepção, a umbanda fala sobre cada um de nós, fala sobre Brasil, sobre a nossa influência africana, que foi tão discriminada ao longo da história do país. Trazer essas referências para as minhas composições é expressar o orgulho que eu tenho em ser brasileiro.

Muitos DJs almejam tocar no Main Floor do Universo Paralello e você já conseguiu esse feito e está próximo de ir se apresentar pela segunda vez. Conte como foi a primeira vez naquele palco gigante e tão importante pra música eletrônica mundial. Também, comente sobre como estão os preparativos tanto emocional quanto mental para esse retorno no UP que volta com tudo este ano após a última edição que foi antes da pandemia.

Me apresentar pela primeira vez no Main Floor do Universo Paralello foi uma sensação única, a realização de um sonho. Desde criança, eu olhava aquele palco gigantesco e aquela pista cheia de gente e sempre pensava que um dia estaria ali comandando aquela nave! A pandemia levou todos nós a um processo de distanciamento: das festas, das pessoas queridas. Não foram momentos fáceis, pois o contato do artista com o público é um combustível que nos faz seguir em frente. O DJ depende da reação das pessoas e da energia que a pista proporciona. Contudo, consegui tirar um bom proveito desse isolamento, já que sem muita coisa para fazer em tanto tempo recluso em casa, consegui focar na produção musical, fazer collabs com amigos pela internet e me repertorizar com novas inspirações, o que teve como resultado o meu live, que ficou pronto recentemente. Poder tocar novamente em um festival tão fantástico em um momento em que as pessoas estão querendo sair, dançar e voltar a fazer tudo que foi tirado delas com a pandemia da COVID 19 é uma ideia que me empolga bastante.

Além do UP, você já se apresentou em vários selos importantes durante todos esses anos. Quais foram peças importantes para seu crescimento como DJ e porquê?

Todos os eventos em que eu me apresentei foram de suma importância para o meu crescimento como artista e como ser humano, dos maiores aos menores. Em especial, quero agradecer a Hipinótica, ao Mundo de Oz, a Tranceformation e a Satyagraha; festas que com toda certeza mudaram a minha percepção com relação à cena do trance, seja pela organização, pelo respeito do público e principalmente pela essência dos rolês, que sempre me proporcionaram boas recordações.

Já conseguiu chegar no principal palco do Brasil (UP), e agora, quais são os palcos que você sonha em viver essa experiência?

A UP é um festival único: a energia, as pessoas, a Bahia. É sempre muito gostoso estar nas praias de Pratigi e sou muito grato por essa experiência. Porém, ainda sonho em conhecer e tocar em diversos festivais ao redor do mundo. Quero muito me apresentar na Europa: no Boom, no Ozora. Sou encantado pelo conceito do Burn in Man, nos EUA: o deserto, a vibe futurista. Também, existem  muitos rolês em terras brasileiras que eu nunca cheguei a ir. Seria fantástico tocar no Adhana e até mesmo no Rock in Rio, já que eu nunca me apresentei em São Paulo e nem no Rio de Janeiro.

Quais são suas principais referências nacionais e internacionais?

Dentre as minhas principais referências na cena da música eletrônica nacional, estão: Becker, Burn In Noise, Swarup, Ekanta, Vegas e principalmente o DJ Xamã, meu pai, que me inspirou nessa jornada artística. Fora do país, eu me inspiro muito em DJs como o Ajja, Raja Ram, Eletric Universe, Tristan entre outros.

Fora a música eletrônica, onde você busca inspiração?

Fora do meio eletrônico, escuto os mais variados estilos musicais. Me considero uma pessoa bem eclética. Mas, dentre as vertentes das quais eu tiro as minhas referências e escuto com mais frequência no dia a dia, estão o rock, o rap e a música brasileira. Me inspiro muito em artistas como Criolo, AC/DC, Djonga, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Emicida, Novos Baianos entre outros.

Você como produtor musical tem alguma forma diferente de criar suas track? Conte como normalmente é o seu processo criativo.

Meu processo criativo não é muito diferente do comum. Ao longo da minha caminhada nesse mundo da produção, acabei adquirindo uma lógica de compor músicas semelhantes às das pessoas que me ensinaram a produzir: amigos, vídeo aulas no YouTube etc. É claro que não pode faltar a garrafa de café ao meu lado. Brincadeiras à parte, eu acho que não existe segredo na produção musical, mas, com o tempo e a experiência, você adquire uma sensibilidade para identificar um vocal ou uma melodia que se encaixa bem com determinado tipo de batida ou elemento, por exemplo. Além disso, busco sempre escutar muita música, uma espécie de imersão em busca das inspirações.

Sem meus pais, eu não estaria tão inserido nesse meio artístico, não teria o apoio e a força necessária pra seguir em frente”, destaca João Ottoni.

Pra quem vai seu agradecimento pra fazer você chegar até aqui com tantas conquistas?

Meus principais agradecimentos estão direcionados para os meus pais e para o público que me acompanha. Sem meus pais, eu não estaria tão inserido nesse meio artístico, não teria o apoio e a força necessária pra seguir em frente, o que foi algo decisivo pra mim. Sem meus fãs, eu não teria a energia que me move cada vez que subo no palco, o retorno de que estou atingindo alguém com o meu trabalho e fazendo a coisa certa. Sou grato também aos meus amigos e às pessoas que sempre me apoiaram nesses 7 anos de carreira, tudo que atinge hoje é a somatória do esforço e do apoio de todos que me amam.

Estamos chegando ao fim, não poderíamos deixar de perguntar o que você pode nos adiantar de novidade para os últimos meses deste ano de 2022?

No momento, estou focado no lançamento das minhas músicas: a track “Acid Girl”, que estou fazendo em conjunto com meu amigo Xem, e o remix da música “Tribute to Rick Sanches”, que estou produzindo por meio de um convite feito pelo Maymum. Além disso, abri recentemente uma escola de produção musical e discotecagem (OHM MUSIC ACADEMY), outra parceria que estou fazendo com o Xem, em busca de passar os conhecimentos que adquirimos até agora e transformar a cena do trance regional, ajudando novos artistas goianos a  crescerem profissionalmente. No futuro, pensamos em fazer cursos online, tornando ele mais acessível para todos. E, claro que não preciso falar que muitos outros lançamentos estão por vir!

Aqui você deixa um último recado para os fãs de seus trabalhos e para os leitores da Colors que estão te conhecendo agora nessa entrevista especial como Revelação:

Primeiramente, gostaria de agradecer à revista Colors pela oportunidade de falar mais sobre a minha carreira e trajetória profissional e aos leitores por me acompanharem nessa entrevista. Eu convido todos vocês a conhecerem o meu trabalho através das principais plataformas digitais (Spotify, Beatport e outras) e pelo meu Instagram (@santoshamusic), onde eu posto todas as novidades e divulgo os lançamentos das produções. Um abraço com muito carinho para todos que estiveram comigo até aqui.

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Di Aganetti

SEO, Editor-executivo e Repórter

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