REVELAÇÃO | DE OUVIR A CRIAR: A História de Sabadini, o DJ Revelação do Brasil na Música Eletrônica

A trajetória de Sabadini em curto tempo une remixes e faixas originais com grandes suportes mundiais.

Sabadini encontrou na música eletrônica sua maior paixão e propósito de vida. Inspirado por ícones como deadmau5, ele começou a explorar o universo da música por conta própria, até transformar sua admiração pelos grandes artistas em um caminho profissional e se tornar um DJ REVELAÇÃO. Com um remix que marcou presença em eventos como Tomorrowland e EDC, e um carisma que cativa em cada apresentação, Sabadini se destaca como uma das promessas do cenário eletrônico brasileiro.

Representando com autenticidade a nova geração de DJs brasileiros, Sabadini transita entre o Melodic Techno e o Progressive House, trazendo um som que mistura técnica e emoção. Além de conquistar as pistas com seus sets, ele também é reconhecido por sua capacidade de conectar-se com o público, transmitindo energia e paixão através de suas performances.

Nesta entrevista, mergulhamos na história de Sabadini: desde seus primeiros contatos com a música na infância até o divisor de águas que mudou sua carreira com um remix de impacto global. Descubra os desafios que ele enfrentou, sua evolução artística, as razões que o tornaram um dos nomes mais promissores da música eletrônica.

Fotos: @FERNANDO_SIGMA
Para começar, como foi seu primeiro contato com a música? Você se lembra de algum momento específico da sua infância que despertou essa paixão?

Tenho contato com música desde minha infância, mas o primeiro contato foi através dos meus pais e dos meus avós, que são todos amantes de música. A paixão veio próximo da minha adolescência, que foi quando eu comecei a pesquisar música por conta própria e ouvir com mais frequência, dando início a construção dos meus gostos pessoais.

Você lembra de algum som, artista ou gênero musical que te impactou no começo e te fez pensar “eu quero fazer isso”?

Sim, deadmau5, considero como um expoente muito importante pra mim. Na época tinha dois álbuns dele que eu não cansava de ouvir que se chamam: “Random Album Title” de 2008 e “For Lack Of A Better Name” de 2009. Sempre quando volto a escutar as músicas contidas neles me bate um sentimento de nostalgia bem especial. Eu não ouvi os álbuns nos respectivos anos em que foram lançados, acredito que os descobri entre os anos de 2014 e 2016, mas desde então, comecei a ter mais preferência por ouvir música eletrônica do que ouvir qualquer outro gênero que eu gostava antes.

Durante sua adolescência, você já tinha em mente que queria seguir uma carreira na música? Como era seu envolvimento com a música nessa fase?

Nessa fase eu ainda não tinha ideia, seguir uma carreira na música nunca tinha passado pela minha cabeça. Na escola eu tive contato com música através das aulas, aprendi a tocar alguns instrumentos como flauta e violão, porém, isso não me prendia a atenção, pois eu não gostava muito da ideia de tocar um instrumento, eu gostava mais era de ouvir as músicas que eu admirava.

Quando você começou a perceber que queria ser DJ? Foi algo gradual ou teve algum evento marcante que fez você se decidir?

Surgiu quando eu estava no último ano do Ensino Médio, um ano antes do meu intercâmbio para o Canadá e veio de forma gradual, nessa época eu já estava bem mais por dentro dos gêneros de música eletrônica que existiam e bombavam, pois já fazia alguns anos que eu estava escutando e descobrindo novos artistas. Porém, foi através da minha curiosidade de saber como eram os shows de música eletrônica, que realmente me fez ter essa vontade de experimentar me tornar um DJ. Assistir os artistas que eu apreciava tanto, botando a galera pra dançar enquanto mexiam naqueles aparelhos cheios de botões, foi amor à primeira vista para mim.

Quais foram os primeiros passos que você deu na carreira? Conta um pouco para gente sobre o processo de aprender a mixar e os seus primeiros desafios.

Os primeiros passos são sempre os mais conturbados e no meu caso foi um pouco complexo, porque estávamos vivendo o início da pandemia que parou o mundo. Do final de 2019 para o começo de 2020 eu já havia terminado o curso de DJ e estava começando a entender mais das coisas, treinava bastante em casa com uma controladora que meus pais haviam me dado, mas não se compara a apresentar-se para um público de verdade. A parte técnica da mixagem não foi a mais desafiadora para mim, pois durante o curso o meu professor foi bem rigoroso durante as práticas de viradas, dicas e ensinando algumas situações que eu poderia passar durante uma apresentação e como lidar com elas da melhor maneira possível. O real desafio para mim que demorei para adaptar, foi lidar com a timidez e melhorar minha performance em cima do palco. Desde criança fui muito tímido, tinha vergonha de falar com estranhos, me comunicava muito pouco verbalmente, e não gostava de falar ou me apresentar em público. Então, me ver em uma situação como essa sendo um DJ, fez com que eu me desdobrasse para enfrentar essa dificuldade e me aprimorar cada vez mais.

Como foi a sua primeira apresentação como DJ? O que você lembra desse momento?

Foi em um aniversário de um amigo meu, ele alugou uma chácara e convidou muitas pessoas, todas que curtiam música eletrônica. Eu não fui o único a me apresentar naquela noite, outros amigos nossos também DJs se apresentaram, eu devo ter sido o terceiro a tocar. Todos que estavam presentes na festa me apoiaram muito, mas me lembro de estar muito nervoso na hora, um frio na barriga, as mãos tremendo feito doidas, ocorreram algumas falhas de mixagem por conta do nervosismo, mas mesmo assim, eu consegui entregar uma apresentação sólida e simples, nada de extraordinário, até porque, nesse primeiro momento eu ainda não tinha muita noção de como montar um bom repertório musical.

Teve algum mentor ou alguém que te ajudou nessa fase inicial? Quem foram as pessoas que influenciaram seu caminho?

No começo meu mentor foi meu professor, ele me ensinou muita coisa durante e depois do curso que fiz com ele, mas pouco tempo depois eu comecei a me virar pesquisando maneiras de baixar músicas, como organizar um set de uma maneira coerente, praticando em casa etc. Depois disso, eu recebi algumas influências do grupo de amigos com que eu saía na época, incluindo os amigos DJs, mas eram mais influências musicais somente, não havia nenhuma outra influência em questões técnicas ou de carreira artística.

Em que momento você sentiu que estava encontrando seu próprio estilo e som? Como foi essa descoberta?

Meu estilo de som é algo que veio se modificando com o tempo, eu ainda curto algumas músicas que eu tocava no passado, mas eu sempre me preocupei em me manter informado sobre o mercado da música, e com isso eu ia me adaptando. Durante a pandemia, eu tive muito tempo para praticar e me aprimorar tanto musicalmente, como nas apresentações, pois eu me reunia frequentemente com a mesma galera que curtia as festas incluindo os amigos DJs, e assim passávamos horas tocando cada um em seu horário e depois juntos fazendo B2B, e com o passar do tempo eu comecei a colocar meus próprios gostos musicais nos meus sets, que na época era o Brazilian Bass puxado pro Bass House, um som que era mais agressivo comparado ao famoso “Desande” que meus amigos DJs tocavam. Isso se manteve por mais ou menos um ano e meio, pois em seguida eu comecei a me interessar pela produção musical, e nesse momento começa a minha fase de Tech House e House que vai de 2021 até 2023. De 2023 em diante começa a minha fase no Melodic Techno e Progressive House, vertentes que eu já tinha contato antes e que eu gostava muito, mas que eu só tive coragem de seguir depois de ter tido bastante experiência produzindo minhas próprias músicas, finalmente alcançando o estilo de som que ressoa melhor com o meu coração.

O que você acredita que diferencia seu estilo ou suas performances de outros artistas da cena?

Acredito que um dos meus pontos fortes é saber fazer uma boa seleção de músicas para construir os meus sets, isso é algo que praticamente ouço direto como feedback do público, assim como apresentar uma sequência que cativa a galera. Além disso, eu diria que meu carisma, interação e amor pelo que faço contagia o público, a energia que você transmite pode ser facilmente sentida por outras pessoas, então ao me entregar totalmente ao que eu faço, eu sinto que consigo me conectar com todos facilmente, o que em troca torna minhas apresentações mais agradáveis e atrativas para quem está curtindo. E o diferencial mais recente é referente às minhas faixas originais e remixes, que depois de alguns anos como produtor, estou conseguindo desenvolver características únicas no trabalho que faço e que as pessoas estão gostando também, o que vem atraindo cada vez mais fãs.

E agora, você foi reconhecido como uma revelação na cena! Como é ver seu trabalho ser destacado assim? Como isso te impacta pessoalmente e profissionalmente?

Para mim essa é uma das partes mais importantes, observar todo esse reconhecimento é algo que agrega muito valor no meu trabalho, um valor que não tem preço, pois é muito gratificante. Ver o meu trabalho ser reconhecido, me mostra que de alguma maneira eu estou seguindo no caminho certo, e que as pessoas que me acompanham aprovam isso, gostam disso, então saber dessa realidade me trás muita felicidade e me ajuda seguir firme nesse caminho, pois um dos fundamentos que eu trago comigo é que a experiência do público conta muito, e eu vou sempre dar o meu melhor para entregar a melhor experiência em todo lugar que eu for.

Quando você pensa no futuro da sua carreira, o que te motiva a continuar inovando e se reinventando?

O mercado da música é muito volátil, as tendências mudam o tempo todo, então é preciso estar sempre em busca de se aprimorar e de se adaptar para o que está por vir. Isso tem uma conexão com o compromisso que tenho com meus fãs, se eu não me preocupar em evoluir mantendo a minha essência, vou colocar todo o trabalho da minha carreira em grande risco. Outro fator que me incentiva é o desafio pessoal e curiosidade de buscar informações novas, aprender e aplicar. Trabalhar com a música é algo fascinante, pois quanto mais você explora, mais horizontes de possibilidades se abrem, quase que infinitamente, então isso me motiva muito a buscar novos limites do que sou capaz de fazer com a minha criatividade.

Tem algum projeto, colaboração ou novo som que você está explorando atualmente e pode compartilhar com a gente?

Como desde cedo eu aprecio vários tipos de sonoridades diferentes, eu trago esse aspecto nas minhas produções, o que muitas vezes gera resultados diferenciados. Atualmente venho explorando a união dos gêneros de Melodic Techno e Afro House, com um pouco de Indie Dance na mistura, tudo experimental no momento, porém eu vejo um futuro nisso e espero poder testar algumas tracks novas em breve, pois acredito que 2025 vai ser um ano repleto de novas sonoridades.

Como você enxerga o impacto do seu trabalho na cena musical que representa? Existe algum legado ou mensagem que gostaria de deixar?

Como faz um ano apenas que fiz a transição de Tech House para Melodic Techno, ainda é um pouco cedo para dizer que gerei um grande impacto na cena, mas observando os suportes que venho recebendo, acredito que os próximos lançamentos comecem a mudar essa história. Como legado eu quero deixar uma discografia atemporal que seja capaz de tocar o coração das pessoas que escutem e que seja capaz de inspirar outros a trilhar esse caminho, pois a música tem poderes incríveis. E pra fortalecer isso eu sigo uma filosofia que põe a música acima do ego, valorizo fazer o trabalho de corpo e alma e entregar-se de coração para a música, a fim de se conectar verdadeiramente com quem realmente sabe apreciar essa arte. 

E para finalizar, o que o público pode esperar de você daqui para frente? Tem alguma novidade que você está empolgado para anunciar?

Tenho várias novidades que estou muito ansioso para compartilhar com todos vocês, uma delas é uma faixa irada que produzi com meu brother Undercode, com lançamento marcado para esta sexta-feira (29/11/24) pela Ame Records. Posso dizer que 2025 tem três grandes lançamentos para acontecer, uma collab autoral com um grande artista gringo, mais outra collab com um grande artista nacional e um remix de um clássico que vai ser lançado oficialmente. Tudo isso, além de eventos que também estou muito animado para compartilhar, então o próximo ano vai ser repleto de novidades!

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Dih Aganetti

Editor-executivo e Repórter
Edição de texto: Orly Fernandes

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