Paula Pivatto tocando. Reprodução: Redes Sociais/ Instagram.

REVELAÇÃO | PAULA PIVATTO: Uma DJ, uma mulher com garra

Curitibana, capricorniana, mulher com muita garra e força de vontade. Ela é DJ da cena tribal, produtora musical e ainda design gráfica e de web. Quer saber um pouco mais de quem é essa mulher multifacetada? Entrevistamos a DJ Paula Pivatto, onde ela nos conta um pouco da sua trajetória que é um verdadeiro misto de prazer e alegria. Confira agora na íntegra a entrevista:

​“Meu sonho sempre foi trabalhar com a música e viver dela, mas também sabia que eu precisava de muito conhecimento teórico”

Primeiramente, muito obrigado por nos conceder essa entrevista e realizar essa troca com a gente! Pra começar Paula, conte um pouco da sua história.

Oie, eu quem agradeço o convite para falar um pouco da minha trajetória. Então, me chamo Heula Paula, tenho 33 anos de idade, sou formada em Publicidade e Propaganda e, além de exercer a carreira artística, também trabalho com designer gráfico e de web. Capricorniana, nasci em Curitiba e me mudei aos 26 anos para a cidade de Santos no litoral de SP, onde finalmente consegui dar início ao plano de me tornar uma DJ.

Me mudei para São Paulo capital no início da quarentena, mas devido às muitas dificuldades tive que mudar de cidade mais uma vez, vindo parar em Florianópolis, onde estou apaixonada pela magia do lugar.

Como a música eletrônica entrou na sua vida? Como foi esse primeiro contato com esse universo? 

Uma vez ainda quando criança eu ouvi uma música bem diferente vindo da casa ao lado e quando perguntei me falaram que era “tunts tunts”, depois disso me agarrei no estilo passando por diversas vertentes até conhecer o Tribal House, pelo qual me apaixonei perdidamente e toco hoje em dia.

Paula Pivatto tocando. Reprodução: Redes Sociais/ Instagram.

 

Você teve alguma influência familiar ou de amigos?

 

Nasci em uma família de músicos, além de participar na adolescência de comunidades evangélicas nas quais meu grupo de amizade era sempre a galera da música. Passei por vários instrumentos até encontrar a minha primeira paixão que foi a percussão e bateria, e foi ali que me envolvi ainda mais com as batidas e grooves.

E a sua decisão de se tornar DJ quando aconteceu e por que? Já a sua decisão de se tornar produtora, conta para gente como foi?

Meu sonho sempre foi trabalhar com a música e viver dela, mas também sabia que eu precisava de muito conhecimento teórico, então quando consegui o meu primeiro emprego, fui pesquisar sobre cursos de DJ, mas encontrei dois grandes problemas: primeiro o investimento era muito além do meu orçamento e, segundo, por mais que eu conseguisse pagar, os horários não batiam pois os cursos eram sempre em horário comercial, então eu pesquisava todos os anos para saber quando seria possível começar o tal curso, até que veio uma ideia de mudar de cidade por conta de vários motivos e eu precisava de novos ares. Com a nova cidade veio uma nova oportunidade, em Santos, litoral de São Paulo, eu encontrei todas as condições que precisava e fiz o curso de DJ na SB7 com professores DJs da rádio Jovem Pan.

Finalizei o curso e iniciei minha trajetória como DJ em fevereiro de 2017 logo em seguida, já senti a necessidade de me tornar produtora musical, onde encontrei novamente um longo caminho de dificuldades, mas consegui finalmente em 2019, me matricular no meu primeiro curso de produção, com o DJ e produtor Thiago Costa. Em 2021, passei pelo curso de produção da Santander Music e atualmente estudo Teoria Musical e Sound Design.

 

 

No início da sua carreira, levando em consideração a época que você começou, quais eram os maiores desafios?

 

Meus maiores desafios na época eram: poder conciliar todas as minhas atividades; tocar aos fins de semana; ter que trabalhar com outras atividades durante a semana e fazer faculdade e TCC. Tirando o tempo que eu tinha que dispor para fazer networking e conhecer novas festas, era muito intenso e é, até hoje, com a diferença que já me acostumei com a pegada.

 

E você acha que o fato de ser mulher te deu uma engrenagem para os desafios na sua carreira? Porque sabemos que a profissão DJ no universo da música eletrônica, mas precisamente na cena tribal, é majoritariamente dominada por homens. Como você fez para ter que provar seu potencial?

 

Eu diria que quase todas as profissões são dominadas por homens, entendi que não é só comigo ou só no meu trabalho, é um problema social, de construção de valores. Pensando assim, eu tiro o peso das minhas costas, me torno mais forte e me concentro ainda mais nos meus objetivos. Provo o meu potencial todos os dias para mim mesma, dando o meu máximo e não permitindo que me afetem.

Você participou de alguns programas de rádio. Conta pra gente essa experiência e quais foram as rádios que você se apresentou?

 

A primeira rádio que tive contato foi a Jovem Pan por conta do meu curso, dali vieram os convites para participar na Rádio 98 Santos e Rádio Guarujá, hoje em dia ainda faço algumas participações sempre que consigo conciliar na agenda.

Também sou DJ residente e manager da Rádio TV Regional, que é mais como uma rádio institucional da ONG LGBTQIAP+ Caieiras que trabalha com causas LGBTs e da comunidade.

Evento na Rádio. Reprodução: Redes Sociais/Instagram.

​“A dificuldade está na rotulação (DJ mulher tem que ser Diva, DJ homem no Tribal tem que ser sarado), na minha opinião o DJ tem que ser um bom profissional independente do sexo”

Desde o seu primeiro contato com a música eletrônica, até hoje, você percebe uma evolução no que diz respeito à representatividade feminina na cena tribal brasileira?

Hoje em dia, existem muito mais mulheres tocando tribal, isso é fato. Existe, sim, uma representatividade feminina, mas não veio proporcional à quantidade de DJs homens que surgiram na cena nos últimos anos. Não vejo isso como um problema, a dificuldade está na rotulação (DJ mulher tem que ser diva, DJ homem no Tribal tem que ser sarado), na minha opinião o DJ tem que ser um bom profissional independente do sexo, da proposta, das roupas ou do físico e tem que respeitar o colega de profissão independente de tudo isso que listei também.

Quais são as suas maiores influências musicais nacional e internacionalmente? Qual é a sua identidade musical? 

Aqui eu posso fazer uma lista de vários produtores de tribal house que me inspiram desde o meu primeiro play, como os brasileiros Fernando Malli e Apolo Oliver com os grooves e percussões impecáveis, Tommy Love e Brenno Barreto com peso para dançar, Patrick Sandim, Diego Santander entre outros nomes, e internacionais como Aron, Erick Ibiza, Luis Erre, Leo Blanco etc.

Ao longo desses 5 anos, fui desenvolvendo minha identidade em cima dessas e outras referências, e agora estou produzindo tracks originais com a minha sonoridade musical, nas quais vou puxar as raízes do tribal house, com a energia alegre e com muito vocal próprio.

​“A cena tribal está em crescimento porém ainda com muitos desafios"

Mesmo não sendo fácil, o que te mantém no caminho da música? O que te move? Quais são seus projetos para o futuro? 

O que mantém é o amor pela música, é a satisfação por viver algo que eu nasci para fazer, não me vejo fazendo outra coisa.

Tenho vários projetos profissionais que estão para acontecer em um futuro não muito distante, mas como comigo é tudo tão intenso, o melhor mesmo é me acompanhar e ir vivendo as novidades comigo.

Para finalizar nosso bate-papo, qual mensagem você deixaria para as futuras DJs da cena tribal?

A cena tribal está em crescimento porém ainda com muitos desafios, esteja disposta a passar pelo processo, não abaixe sua cabeça principalmente por ser mulher, saiba que você vai precisar se defender muitas vezes, mas a melhor defesa não é o ataque e, sim, o autoconhecimento, por isso acredite em você.

Paula Pivatto (@paulapivatto.dj) • Fotos e vídeos do Instagram

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