Walter

REVELAÇÃO I Walter Caminha: Dos Livros à Música

O DJ Walter Caminha, apesar de novo na cena tribal brasileira, tem muita afinidade com a música. E foi a partir de 2012 que começou a se interessar por uma das vertentes do eletrônico, o tribal. Ele se considerava lá no início, um “ouvinte curioso”, até chegar em 2019 e se lançar como DJ, transformando a música que era seu hobby em sua profissão. 

 

Confira agora a entrevista com o talentoso DJ Walter Caminha que a Colors DJ traz para você, nosso caro leitor:

“Sempre tive incentivo dentro de casa (com uma mãe cantora e violonista e um pai baterista), além de ter estudado em um colégio federal no qual tive aula de música desde a alfabetização.”

Olhando suas redes sociais vi que está trabalhando profissionalmente com o universo da música há bem pouco tempo, desde 2019, certo? O que te levou para o caminho da música? 

 

Como profissional no ramo, comecei no final de 2019, mas meu envolvimento com a música vem de berço. Sempre tive incentivo dentro de casa (com uma mãe cantora e violonista e um pai baterista), além de ter estudado em um colégio federal no qual tive aula de música desde a alfabetização. Quando comecei a frequentar baladas, fui conhecendo aos poucos a música eletrônica e acabei me apaixonando pelo tribal, vislumbrando a possibilidade de me profissionalizar no meio.

 

Quais são os artistas que inspiram o seu trabalho com a música? Quais são as suas referências musicais? 

 

Na cena tribal, a maioria dos DJs e produtores que admiro são brasileiros. Ao meu ver, os profissionais que atuam no mercado nacional há anos conseguiram ir moldando uma identidade bem brasileira pro tribal, um som gostoso que não se ouve em outros lugares. Acompanho de perto o trabalho de produtores como Ennzo Dias, Maycon Reis, Alberto Ponzo, Diego Santander e Carlos Pepper, minhas principais referências.

Walter tocando na festa Pipper (RJ). Foto: Reprodução/Instagram.

Você começou na música eletrônica ou foi no pop? Qual vertente mais te encanta? 

 

Eu costumava frequentar eventos de música pop quando comecei a sair à noite, mas hoje em dia sou completamente apaixonado pela cena eletrônica. Ainda acompanho o mercado da música pop pra trazer pros meus sets o que a pista gosta de ouvir e cantar, os hits atuais, sonoridades novas, etc., mas não tenho mais o hábito de consumir música pop como fazia antigamente.

“É muito gratificante ouvir os colegas DJs tocando minhas produções”

Walter durante uma apresentação no Street Lapa - RJ. Foto: Reprodução/Redes Sociais.

Você também é produtor musical, não é isso? Como é para você ver grandes mestres das pickups divulgando o seu trabalho? Tocando suas produções em grandes e consagrados eventos?

 

É muito gratificante ouvir os colegas DJs tocando minhas produções porque sei que, além de ser uma ideia minha sendo tocada na pista, ela ainda passou pela seleção de outro profissional, que ouviu e achou que era uma boa adição aos seus sets. Fico muito feliz quando vejo que meu trabalho chega até os sets de DJs experientes e renomados, pessoas que eu admiro há anos e que tocam para públicos enormes. 

 

Nunca esqueço a primeira vez que pude ouvir um mashup meu sendo tocado em alguma festa, e logo de cara foi o Thiago Dukky, uma referência na cena brasileira, tocando uma versão minha no maior clube carioca na época. Foi bem marcante e foi nesse momento que decidi começar a tocar profissionalmente.

    

Como acontece naturalmente com vários artistas/DJs, a carreira internacional está nos seus planos?

 

Como eu ainda tenho uma vida acadêmica paralela, eu tenho deixado as coisas fluírem com uma certa calma e vou aproveitando as oportunidades conforme elas aparecem. Se rolar um convite pra tocar fora do país ainda esse ano, vai ser um prazer, mas é algo que vou começar a correr atrás com mais objetividade para o ano que vem, quando vou poder me dedicar exclusivamente à música. 

  

Você tocou num dos maiores réveillons do país, o de Floripa. Como foi para você estrear lá? Qual a sensação de pisar num evento tão grandioso como este?

 

O convite para tocar na Ejoy em Florianópolis veio do Wander Bueno, que tem residência no selo há anos e com quem hoje tenho uma grande amizade. Ele confiou no meu trabalho e me levou pra esse desafio, já que é uma festa que tem um nome muito sólido no sul. Foi uma experiência incrível, que certamente vai trazer muitas outras oportunidades, pois a Ejoy acaba sendo uma vitrine e traz muita visibilidade aos DJs. Foi uma responsabilidade enorme tocar para uma pista lotada e animada, 3000 pessoas em média, depois de nomes grandes como o próprio Wander, Aron e Rodolfo Bravat, mas a missão foi cumprida e fiquei muito feliz com o set.

Você é mestre e doutorando pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Esse seu outro lado influencia e te ajuda na carreira como DJ e produtor?

 

A minha pesquisa na área acadêmica não se aproxima muito da música – na minha tese de doutorado, estou buscando uma proposta de leitura da literatura produzida no Caribe como uma possibilidade de revisar e entender melhor a história da região através de olhares menos privilegiados na colonização. Eu diria que a vantagem em estar cursando o doutorado ao longo desses primeiros anos da carreira como DJ é que não tenho muitos compromissos acadêmicos em horários fixos, o que facilita muito conciliar com tudo que venho fazendo na música. Não preciso me incomodar com trabalho na segunda-feira, por exemplo, então posso tocar aos domingos sem preocupação! Rsrs…

“Apesar de ser ansioso, me cobrar muito e ter que lembrar a mim mesmo constantemente que tudo tem seu tempo, consigo ver que já conquistei muita coisa que jamais imaginaria ter conquistado em um período de dois anos.”

Olhando para trás, desde quando você assumiu sua primeira cabine, em 2019, num bar super famoso no Rio de Janeiro, até agora? Qual o raio-x que você faz da sua carreira?

 

Apesar de ser ansioso, me cobrar muito e ter que lembrar a mim mesmo constantemente que tudo tem seu tempo, consigo ver que já conquistei muita coisa que jamais imaginaria ter conquistado em um período de dois anos, principalmente porque fiquei muitos meses parado, devido aos meses mais complicados da pandemia. Fico satisfeito de conseguir evoluir cada vez mais, olhando desde os primeiros mashups que fiz até os remixes mais recentes. Certamente não posso reclamar do quanto caminhei até agora, o que me motiva a continuar buscando o crescimento profissional.

 

Quais são os seus planos para o futuro? O público pode esperar muitas novidades e projetos?

 

Nos últimos meses tenho feito muitos trabalhos exclusivos por encomenda, mas como esse ano preciso dedicar um pouco mais de tempo à minha vida acadêmica, vou reservar um pouco mais de tempo à criação do meu repertório próprio e fazer alguns remixes oficiais a convite de outros colegas produtores. A intenção é manter o ritmo da agenda de festas aos finais de semana, e usar meu tempo durante a semana para elaborar novas tracks para surpreender o público que me ouve.

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