REVELAÇÃO | GHITTA: A Alma Feminina, Familiar e Espiritual do Psytrance

Com apresentações inesquecíveis e um propósito transformador, Ghitta está redesenhando a experiência do Psytrance

Espiritualidade, som e poder feminino: Ghitta, a DJ REVELAÇÃO, transforma o Psytrance com autenticidade. Sua jornada une paixão, família e conexão espiritual em um universo de pura psicodelia.

Crescendo entre o rock e os sons eletrônicos, a DJ e produtora encontra na música a ponte para sua essência. Agora, como destaque da Resina Records, Ghitta trilha um caminho de inovação no Psytrance, consolidando-se como uma artista revelação da cena global.

Na entrevista, ela compartilha histórias de superação, seu trabalho com a Tríade Trance e as transformações que o Psytrance trouxe para sua vida. Descubra como a música é o motor da sua trajetória e sua mensagem de inspiração para quem sonha em seguir esse caminho.

Seu primeiro contato com a música eletrônica foi bem jovem, não é, Kimberly? Conte-nos sobre essa experiência e a influência de seu tio.

Sim! Eu tinha por volta de 7 anos de idade, entre 1999 e 2000, quando meu tio Leandro colocou uma música eletrônica na sala e me perguntou o que achava. Achei estranho porque não tinha vocal, mas dançamos e nos divertimos. Foi uma novidade para mim, já que nossa família ouvia muito rock. Esse momento marcou o início do meu interesse por sons diferentes.

Desde a infância você já tinha artistas que influenciaram seu gosto musical? Pode citar alguns?

Eu sempre me achei bem eclética, com o passar dos anos sempre curti um pouco de tudo, mas claro que tem aquelas que batem mais forte no coração. Eu ouvia, e ainda ouço muito: Deep Purple, Pearl Jam, Aerosmith, Pink Floyd, Motley Crue, Guns n Roses, Nirvana, System Of A Down, Whitesnake, Metallica, The Doors… na adolescência consumi bastante também The Strokes, Alice In Chains, Jimi Hendrix, Janes Joplin, Red Hot Chilli Peppers… Nossa, eu poderia listar muitos. Com certeza eles, e tantos outros, me influenciam até hoje.

Como foi crescer em cidades menores e depois viver em Curitiba? Isso influenciou sua visão sobre a música eletrônica?

Com certeza! Em cidades menores é raro encontrar diversidade de opções de eventos. Eu, por exemplo, consumi por muito tempo as influências da minha família, e os sons diferentes, só conheci a partir dos meus 14 anos através dos meus amigos. Na minha cidade só tinha pagode, reggae e sertanejo, gostar de rock já era um diferencial (risos).

Seu primeiro contato com as raves foi marcante. Como foi essa experiência?

Meu primeiro contato foi com um namorado na adolescência. Fiquei encantada com a energia e liguei para meu pai dizendo: “Você precisa conhecer isso!” Anos depois, foi ele quem me levou a uma festa Psytrance. Isso mostra como nossas conexões com a música podem mudar com o tempo.

Você teve uma estreia inusitada na sua primeira gig. Conte-nos como foi.

Foi no Festival Afrodite, graças ao Wagner, um amigo que me colocou no line-up. Eu nunca tinha tocado ao vivo, mas aceitei o desafio. Essa oportunidade me impulsionou a investir na carreira como DJ.

Como é trabalhar com sua família no mundo da música?

Trabalhar com minha família na música é um sentimento único. Sei que muitas pessoas enfrentam resistência familiar nessa carreira, mas isso nos uniu ainda mais, criando laços que vão além de nós, conectando outras pessoas a essa energia familiar. Ter o apoio do meu pai, da minha irmã e da minha mãe, que adora me ver nos palcos, é um privilégio que valorizo profundamente. Trabalhando juntos em eventos, na escola de formação de artistas e outros projetos, sinto que desistir não é uma opção. Isso me dá força para enfrentar desafios e a certeza de estar no caminho certo.

A Tríade Trance é um projeto incrível. Como ele surgiu e o que representa?

Surgiu há quase 10 anos, da vontade de criar eventos que transmitisse nossa visão do Psytrance. Hoje, organizamos eventos pelo Brasil e mantemos o Music Lab, uma escola para DJs e produtores. Buscamos sempre transformar a cena e incentivar novos talentos.

(www.triadetrance.com.br/historia)

Sua conexão com o espiritual e o psicodélico é forte. Como isso influencia seu trabalho?

Eu sempre fui muito conectada a experiências psicodélicas, me ligando de uma forma muito espiritual a elas. Para mim, a festa, a dança, as conexões, são um ritual. A dança é uma meditação ativa, o som emana uma grande carga de energia e intenção, e tudo isso faz parte da experiência psicodélica. Sou muito conectada a isso, sendo o principal alicerce do meu trabalho, que é a conexão entre a experiência psicodélica e o espiritual.

Conte-nos sobre sua evolução no mundo da produção musical.

Tenho me dedicado muito a isso, mas por enquanto estou testando elas, aprimorando e tentando alcançar o que imagino. A produção musical é um processo demorado, no qual não tenho pressa. Quero poder apresentar minhas músicas quando sentir que é o momento certo. Já sinto que estou próxima de lançar algo que realmente traduza minha visão musical. Mas digo que esse momento está bem próximo! Tenho muitos amigos produtores experientes que me apoiam e me ajudam muito. Alguns que são professores do Music Lab e outros que estão na mesma gravadora que eu, a Resina Records (@resinarecords).

Quais foram os momentos mais marcantes da sua carreira até agora?

Minhas apresentações no Universo Paralello, especialmente tocando com meu pai e irmã, foram inesquecíveis. Outro momento especial foi minha estreia no Norte do Brasil, onde senti um carinho imenso do público.

Sabemos que você tem uma filha. Ela se interessa por música ou outras artes?

Minha filha ama artes em geral e já demonstrei a ela como usar CDJs. Mas deixo que ela explore seus próprios interesses. Meu papel é proporcionar um ambiente de estímulo e apoio.

Que conselho você daria aos leitores da Colors DJ Magazine que querem entrar no mundo da música eletrônica?

Persistam! Não existe nada que você não possa ser, aprender ou fazer, basta querer e não desistir. Nada é impossível quando se tem foco e determinação. Procure conhecimento, estudem muito, pratiquem, erre quantas vezes for necessário, tudo isso faz parte da jornada, mas a diferença entre você e aquele que conquistou, é que ele nunca desistiu. Tenha um propósito, pois quem não tem, desiste no primeiro obstáculo. Atualize-se, aprenda com as mudanças e nunca desista. A jornada é desafiadora, mas também transformadora.

Picture of Rodrigo Sobrinho

Rodrigo Sobrinho

DJ e Repórter Colors DJ
Edição de texto: Orly Fernandes e Dih Aganetti

Todos os posts

COMPARTILHE: