REVELAÇÃO | DJ PINK: Da Infância Musical à Ascensão no Psytrance

De coreografias escolares ao palco das raves, Pink transforma paixão em carreira e conquista seu espaço no fullon morning

Desde a infância, DJ Pink já mostrava uma relação especial com a música, seja gravando suas canções favoritas no rádio ou coreografando hits pop para apresentações escolares. Essa conexão, que começou com o rock e o pop, evoluiu ao longo dos anos, culminando na paixão avassaladora pela música eletrônica, especialmente o psytrance. Inspirada por nomes como Paranormal Attack e Vibe Tribe, Pink encontrou no fullon morning a melodia que mais vibra em seu coração, tornando-se uma das promessas da cena.

Em sua jornada como DJ, ela enfrentou noites em claro e desafios técnicos, mas também experimentou momentos de profunda realização, como sua residência no CCPC General Club e apresentações em eventos marcantes como a festa SOUND SISTERS. Essa determinação e dedicação, impulsionadas por um amor genuíno pela música, fazem da DJ Pink uma figura em ascensão no cenário nacional.

Na entrevista a seguir, ela fala sobre suas inspirações, a transição de fã para artista, e a conexão única que sente ao tocar para o público. Além disso, revela suas metas para o futuro, incluindo expandir sua carreira internacionalmente e contribuir para a cultura psytrance com produções musicais originais que prometem emocionar e inspirar. Não perca essa conversa emocionante com uma DJ REVELAÇÃO e que brilha com autenticidade e paixão!

Aline, quando foi que você percebeu pela primeira vez que a música era algo especial para você? Há memórias da infância que marcaram essa paixão?

Desde pequena sou apaixonada por música. Lembro de momentos na minha infância que adorava escutar minhas músicas favoritas no meu quarto enquanto cantava. Na época me lembro de ficar escutando rádio com a fita no gravador, esperando tocar minha música preferida para gravar. Quando adolescente, fazia coreografia de músicas do Fat Family com minhas amigas para apresentar em shows na escola. Amava cantar também, mas só depois de mais velha comecei a fazer aulas de canto.

Quais eram os estilos musicais que você mais curtia na época, e como essas influências te moldaram? Rock e pop eram seus favoritos, certo?

Os estilos musicais que eu mais gostava eram pop e rock. Gostava muito da cantora Pink, até por esse e mais alguns motivos escolhi meu nome artístico de DJ PINK. Gostava muito também de eletrônico, mais especificamente Techno, e foi a partir daí que fui moldando meus gostos musicais, que me levaram mais tarde ao psytrance.

Como foi sua descoberta da música eletrônica? Lembra-se do momento em que percebeu o impacto dela na sua vida?

O que mais me atrai na música era o que eu sentia quando a escutava. A música nos envolve, nos trazendo diversos sentimentos. Ela também é capaz de nos trazer certas lembranças, até possíveis cheiros, quando a escutamos. Quando eu era mais nova escutava muito rádio, e assim conhecia novas bandas e novas músicas. Foi assim que conheci a música eletrônica, e gostei muito pois me trazia uma alegria, uma felicidade inexplicável. As batidas da música eletrônica me envolviam de uma forma muito especial, única.

Você lembra da primeira festa de música eletrônica que frequentou? O que te marcou nessa experiência?

A primeira festa de música eletrônica eu não me lembro, pois desde menina sempre gostei de sair bastante. Mas a primeira festa de psytrance foi inesquecível. Minha melhor amiga me levou para o Club A, e quando chegamos estava tocando Paranormal Attack. Eu simplesmente me apaixonei. Dancei do começo ao fim da festa na frente das caixas de som. Me lembro como se fosse ontem da energia do público, todos muitos felizes e dançando sem parar. Depois desse dia, nunca mais parei de ir em festas de psytrance. Comecei a frequentar raves e festivais, que me deixavam cada dia mais apaixonada pela cena psytrance. Como costumo dizer, só não gosta de rave quem nunca foi! Mas a vontade de ser DJ e de estar nos palcos surgiu muito depois, naquela época não tinha ideia do que me tornaria hoje em dia.

O que te levou a escolher o psytrance como sua vertente favorita? Houve um momento decisivo nessa transição?

Depois da minha primeira festa de psytrance mergulhei de cabeça na cultura do psy. Não houve uma transição, pois a paixão foi tão grande que me fez querer conhecer de perto todo aquele mundo novo que tanto me admirava. Vivo a cena do psytrance desde os meus 18 anos, e não me canso nunca! A música me move. A música nos une, nos torna um ser só. No psytrance você é livre para ser quem realmente é, para expressar seus sentimentos através da dança e da música.

Após anos como fã, como surgiu a ideia de se tornar DJ? Foi algo planejado ou aconteceu naturalmente?

Foi totalmente espontâneo. Eu estava em um bar na vila Madalena com minha melhor amiga, vendo uma DJ tocar. Então eu disse para ela: nossa, como ela toca bem! Tenho vontade de me tornar DJ também, sabia? E ela me respondeu: ué, porque você não faz um curso? Você leva jeito para isso! Você é bonita, entende de psytrance, e muito dedicada! Então, por que não? E foi aí que me veio a ideia de procurar uma escola de DJs para iniciar o meu sonho. Quando eu estava em raves e festivais, sempre gostei de ficar perto das caixas de som para observar o DJ tocando, porque para mim tocar não é apenas colocar a música para o público. O DJ enquanto toca emana uma energia maravilhosa para a pista, ele traz uma história no seu set, é um momento mágico de conexão com a música e com o público.

O que mais te marcou durante o curso na escola de DJs do Leo Casagrande? Como você sentiu que evoluiu, e quais aprendizados foram mais significativos para você nesse começo?

É difícil dizer o que mais me marcou no curso. Acho que posso dizer que foi tudo! Foi incrível entender como funcionam os equipamentos, como se sincronizam e se mixam as músicas. Eu evolui treinando, treinando e treinando. Após o curso do Leo Casagrande, fiz curso com o Kardman Mamdrak, que foi meu mentor, e meu grande amigo até hoje. Lembro do Kardman me dizer sempre em todas as minhas apresentações: treine, treine, e treine muito! Pois só assim você irá chegar onde quer. E foi assim que cheguei aonde estou hoje, treinando e me esforçando cada dia mais e mais, aprimorando minhas técnicas de mixagem.

Logo após o curso, você conquistou uma residência no CCPC General Club. Como foi essa experiência inicial e como ela te ajudou a se encontrar musicalmente dentro do fullon morning?

Depois de formada no Leo Casagrande toquei pela primeira vez na vida no CCPC General Club, indicada pelo Kardman Mamdrak. Depois da minha apresentação, o kardman me chamou para tocar no CCPC todas as terças-feiras, e foi aí que iniciei meu curso com ele. Depois de 6 meses tocando todas as  terças e todos os sábados, o Marcelo (dono do CCPC) me convidou para ser DJ residente. Foi uma grande realização para mim! Foi ali que percebi que todo meu esforço estava sendo valorizado e recompensado. Tantas noites em claro trabalhando valeram a pena! E valem até hoje pois amo o que faço e não trocaria por nada. Desde o início da minha carreira o fullon morning sempre foi a minha principal escolha. Mas para aprender a tocar tive que adotar o fullon groove como vertente inicial, pois no fullon morning as melodias e os vocais são muito presentes, o que dificulta na mixagem para um DJ iniciante. Após tocar muito fullon groove, e com o ouvido afiado para a sincronização, migrei para o fullon morning, que é a vertente que mora no meu coração. Morning faz meu coração vibrar de alegria.

Você se inspira em artistas como Paranormal Attack e Sesto Sento. Como essas influências moldam sua escolha de repertório e energia no palco?

Eu me inspiro muito nesses artistas pois foi por causa deles que me apaixonei pelo psytrance. Na época que comecei a frequentar as festas, esses DJs estavam presentes em todos os lines. Tocar as músicas deles me faz reviver esses momentos de alegria e nostalgia, e assim consigo trazer essa energia para o público.

Desde o início da sua carreira, você tem recebido convites para eventos e colaborado com artistas importantes na cena. Quais experiências nesses shows e colaborações foram as mais marcantes para você?

Todas as experiências que tenho no palco são muito marcantes para mim. Mas em especial foi na festa SOUND SISTERS, da Zandza Berg, que ajudei a organizar a terceira edição e toquei também. Estava no início da minha carreira e não tinha tocado em nenhum lugar a não ser no CCPC General Club. Antes de tocar estava extremamente nervosa, pois a festa estava cheia e até então eu não havia pegado uma pista cheia em toda a minha carreira. No momento em que comecei a tocar meu coração estava quase saindo pela boca, mas me concentrei e fiz o que havia aprendido e sabia fazer. Durante o set observava a pista pulando, cantando e dançando e aquilo foi enchendo meu coração de orgulho. Vibrei junto com o público durante meu set todo, e quando acabou me aplaudiram de uma forma inexplicável. Foi ali que eu percebi que havia feito a escolha certa, ser DJ já estava nos meus planos a muito tempo mesmo sem eu saber disso. Depois que terminei o set fui beber uma água no bar e chorei de alegria, meu coração explodia de felicidade, realização, orgulho, amor, tudo junto e misturado. Foi emocionante demais! Esse momento irá ficar guardado para sempre no meu coração e na minha memória.

Quando está no palco, como você cria essa conexão única com o público? Existe alguma preparação ou é tudo espontâneo?

Na verdade, não existe nenhum ritual para mim. Eu subo no palco e sinto a pista. Normalmente eu monto o set antes de tocar, mas sempre chego na festa e faço diferente. Posso até seguir o set que fiz, mas as vezes troco músicas de ordem, ou até toco um set completamente diferente do que planejei. O segredo é sentir a pista, você coloca uma música e se a pista reagir bem, você segue nessa linha. Depende muito também do que o DJ anterior a você estava tocando e de como a pista estava reagindo a aquela vertente. A conexão que tenho com o público é muito genuína, pois coloco muito sentimento na hora de tocar, escolho músicas que tocam meu coração, danço e pulo junto com a pista, e acho que é isso que me faz ter uma apresentação tão única. Costumo dizer que quando subo no palco é meu momento de brilhar. E digo brilhar pois é ali que sinto a conexão com a música, que é o que me move.

Mesmo em uma trajetória ainda recente, você já deixou uma marca na cena e impressionou o público. Como você avalia sua evolução até agora e quais são suas principais metas para o futuro?

Tenho muito orgulho da minha trajetória. Não foi fácil, mas sempre foi muito gratificante. Porque faço meu trabalho com a alma, não busco dinheiro, e sim realizações pessoais. Estar no palco, tocar para o público e sentir a vibração da pista dançando conforme a minha música toca, é algo inexplicável. Por muitas vezes me emociono tocando. Minha evolução até aqui foi muito rápida. Não esperava chegar aonde cheguei em tão pouco tempo e isso enche meu coração de felicidade, significa que estou no caminho certo. Minhas metas para o futuro são tocar fora do país, e ser uma DJ internacionalmente conhecida.

Para terminarmos, o que você deseja para a cena psytrance nos próximos anos? Como pretende contribuir com a sua música?

O que eu espero ver para o psytrance nos próximos anos seria ver mais Djs diferentes tocando. Mais oportunidade para aqueles que não são conhecidos, e que tem um talento enorme. A cultura psytrance no geral é muito linda, não temos preconceito, podemos ser quem somos e espero que a cena permaneça assim. Eu gostaria de contribuir tocando em mais raves e festivais. Me formei a pouco tempo no curso de produção musical, e pretendo produzir músicas incríveis que espero que irão tocar o coração de muita gente. E assim ser lembrada por muitos, assim como eu me lembro dos meus DJs preferidos.

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Dih Aganetti

Editor-executivo e Repórter
Edição de texto: Orly Fernandes

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