Mesmo durante a pandemia que estamos enfrentando, vimos muitos talentos desabrochando, os chamados “crias” da pandemia. A DJ Pauli é uma dessas que com pouco mais de 2 anos de carreira vem chamando muita atenção.
Alegre, irreverente e com uma energia sensacional, por onde ela passa esbanja carisma, simpatia e um talento incontestável. Em tão pouco tempo já vem construindo uma carreira incrível com muito estudo, dedicação e amor pela música.
“Acredito que nossa profissão tem a responsabilidade de levar alegria através da música para o público, e não cabe a nós uma disputa de egoísmo. Errar é humano. Aprender e evoluir também é.” – DJ Pauli
Nessa entrevista ela fala um pouco sobre como foi começar a carreira em um momento tão difícil, suas realizações e pontos de vista sobre o cenário musical. Confira a seguir:
Vamos começar de uma forma um pouco diferente. Como você definiria a DJ Pauli?
A DJ Pauli é alguém que procura sempre evoluir e aprender, para entregar o melhor ao seu público, pois sei da minha responsabilidade de levar alegria para as pessoas através do meu trabalho. Além disso, acredito muito na força da música e da arte, que podem transformar a vida ou marcar momentos especiais.
Sendo uma DJ Open Format você transita muito bem entre diversos estilos musicais. Quais suas maiores inspirações e referências?
Tenho muitas referências, mas as principais são: Vintage Culture, Charlotte de Witte, Anne Louise, Gioli & Assia, Dj Anna, Allan Natal, Nina Kraviz, Amelie Lens, Vlad, Tommy Love, Nat Valverde, Mor Avrarami, Sagi Kariv, Samhara, Bruno Be, Dubdogz, entre outros…
Falando sobre inspirações você sempre se preocupa bastante com o seu visual para se apresentar. Como você escolhe seus looks, como são construídos e para você qual a importância desse cuidado com a sua identidade visual?
Eu amo muito moda, gosto de ter referências fashionistas, procuro associar os meus looks com a preparação dos sets que faço. Muitos dos looks que uso sou eu mesma que faço. Por exemplo, se a festa tem um tema específico procuro buscar referências que posso usar na produção. Além da identidade musical, acho essencial a identidade visual.
Em uma entrevista para o “Isso vai ter que mudar” em julho de 2020 você falou sobre algumas situações desagradáveis que chegou a passar com algumas pessoas por ser uma DJ novata. Com a pandemia, tivemos novos DJs chamados “crias” da pandemia, alguns deles também sofrem com críticas. O que você tem a dizer a respeito desse assunto?
Você tocou em um assunto que acho pertinente, sofri alguns comentários desnecessários, resolvi não absorver isso e levar a situação com profissionalismo. Críticas construtivas são necessárias no nosso processo de crescimento, mas algumas são mais carregadas de “maldades” do que propriamente ditas de boa fé – temos que aprender a filtrar as que realmente irão nos ajudar. Nesse período de pandemia, nasceram muitos DJs e digo até grandes talentos, que merecem respeito e suporte para seu crescimento. Não concordo quando vejo comentários maldosos ou pessoas de má fé querendo prejudicar os novos colegas de trabalho. Acredito que nossa profissão tem a responsabilidade de levar alegria através da música para o público, e não cabe a nós uma disputa de egoísmo. Errar é humano, aprender e evoluir também é.
Na mesma entrevista citada acima você havia dito que no começo da pandemia estava a ponto de conseguir pagar suas contas trabalhando apenas como DJ. Qual foi o impacto da pandemia na sua vida?
O impacto foi grande, tive que fazer mudanças e reajustes na minha vida pessoal e profissional para “segurar a barra” na pandemia. Além de DJ, tenho como formação acadêmica Ciências Econômicas e Marketing, fiz alguns projetos nessas áreas que me ajudaram nesse período. Aprendi que temos que ter sempre uma segunda opção de renda.
Em pouco mais de 2 anos como DJ você já teve grandes feitos, vem conquistando um público cativo e teve realizações significativas. Quais sonhos você já conseguiu realizar como profissional da música e quais os próximos?
Tenho muitos projetos e sonhos na área da música. Porém, tive a oportunidade de realizar alguns que foram tocar no Sirena, fazer um B2B com o Dubdogz (que sou muitooooo fã e até chorei no dia). Além disso, toquei no Sutton, entre outras casas de São Paulo. Na vertente tribal, toquei em festas do Super Festas, como a Code After, Agrada Gregos, entre outras. Atualmente estudo produção musical com o Thiago Costa, pois quero desenvolver novos projetos.
“Algumas pessoas pensam que trabalhar como DJ é “uhuul e curtição” e não é bem assim, DJ é uma profissão, temos que ter disciplina, estudo e projetos, buscar pelos nossos direitos, principalmente trabalhar o nosso psicológico para a vida noturna.” – DJ Pauli
Mesmo tocando a pouco tempo você trata sua carreira de forma muito profissional. Qual a importância da profissionalização do DJ e a diferença que isso faz na sua vida?
Algumas pessoas pensam que trabalhar como DJ é “uhuul e curtição”, mas não é bem assim, DJ é uma profissão, temos que ter disciplina, estudo e projetos, buscar pelos nossos direitos, principalmente trabalhar o nosso psicológico para a vida noturna. A partir do momento em que comecei a entender que a “DJ PAULI” é uma pessoa jurídica, compreendi que além da parte musical, sou marketing, estudo, desenvolvimento e criação da minha empresa. Porém, no geral, o profissionalismo do DJ é algo em ascensão. Acredito que deveríamos nos unir mais para buscar os direitos que podemos ter através do sindicato ou buscar nossos recursos para nosso ramo.
“Fico muito feliz quando vejo uma mulher ganhando espaço, faço questão de aplaudir e divulgar o trabalho, precisamos nos unir mais.” – DJ Pauli
Aos poucos vemos mais mulheres nos CDJs, porem é nítido que a grande maioria dos DJs reconhecidos são do sexo masculino. Qual sua opinião sobre isso?
A voz feminina é essencial na arte, música e produção, porém, nosso espaço ainda é muito pequeno nas cenas, podemos perceber isso em festivais, flyers de festas, projetos. Quando olhamos nosso percentual comparado a quantidade de homens da cena, ainda é muito baixo. Queria entender, o porquê? Somos menos talentosas? Somos menos competentes? Não, para essas perguntas. Precisamos de mais espaços e oportunidades de igual valor. Fico muito feliz quando vejo uma mulher ganhando espaço, faço questão de aplaudir e divulgar o trabalho, precisamos nos unir mais.
E pra finalizar pode nos contar sobre planos futuros. Podemos esperar uma futura Festa da Pauli? E que recado você deixa para os leitores da Colors DJ Magazine.
Muitos planos e projetos para o futuro. Sim, teremos Festa da Pauli, aliás quem quiser ser um patrocinador do projeto, pode entrar em contato comigo (Risos).
Espero que essa fase passe logo, não vejo a hora de poder fazer o que amo sem restrições, vamos levar a vida mais leve e alegre. E não podemos nos esquecer do principal desse período difícil: força, empatia, solidariedade e fé! Torço muito para que todos estejam bem!
Foto de capa: Edmar xxxx – Presskit para Stars Group Brazil.