A curitibana Killary Dreher é, sem dúvida, um dos grandes prodígios da nova geração do psytrance. No auge dos seus 22 anos, ela vem conquistando espaço com grande desenvoltura entre os grandes nomes do estilo. Integrante da Mosaico Records e do casting da grande AEON Bookings, a garota arrebata as pistas por onde passa.
Nessa entrevista, conheceremos um pouco mais das suas realizações até o momento, os incentivadores de sua carreira e um pouco dos seus planos para o futuro.
“Mergulhe profundamente em uma jornada de autoconhecimento e compreenda verdadeiramente a razão para seguir esse caminho. É indispensável compreender que a música e a arte nos levam a um meio e não a um fim”
- DJ Killary.
Vamos conhecer mais um pouco dessa jovem diva da psicodelia que já está cumprindo a promessa de sacudir o esqueleto de muita gente. Confira agora a entrevista:
Como surgiu o desejo de se tornar DJ?
Comecei a frequentar festas de Psytrance bem cedo. Meu pai (Kaliom), que na época já era DJ, foi quem me apresentou a esse universo me levando aos meus primeiros festivais e me ensinando minhas primeiras técnicas de discotecagem. Na época, eu morava em Florianópolis/SC, e lembro de viajar até Curitiba quase todos os finais de semana para ir até algum evento e passar um tempo explorando o par de CDJ 200 que tínhamos em casa. Sempre tive uma conexão muito grande com a música e minha curiosidade me levou a buscar mais aperfeiçoamento nos equipamentos. No início, tudo fluiu de forma muito natural… Era tudo muito novo e o Psytrance facilmente despertava meu interesse. Foi uma grande descoberta na qual, aos poucos, fui compreendendo com mais profundidade e adquirindo maturidade pra me profissionalizar. O pontapé inicial da minha carreira aconteceu quando surgiu a oportunidade de me apresentar no meu primeiro evento, em 2018. Desde então, isso se tornou minha verdade e o que decidi me dedicar de corpo e alma diariamente.
É DJ em tempo integral ou tem outro emprego/empreendimento?
Faço de tudo um pouco (risos)! Sou analista de mídia e gestora de tráfego, e também sou uma das idealizadoras do grupo Tríade Trance, juntamente com meu pai Kaliom, e minha irmã Ghitta (também DJs de Psytrance). A Tríade atua na produção de eventos há 8 anos, e busca conectar pessoas através da arte, cultura e música. Além de unir sonhos através do Music Lab, que é um laboratório de desenvolvimento artístico para produtores e DJs de Psy Trance. No Lab, buscamos proporcionar desenvolvimento profissional e cultural, além de uma rede de apoio para quem busca viver desse universo também.
Como é sua relação com o público e com as mídias sociais?
É algo que estou aprendendo e desenvolvendo diariamente. Por mais que trabalhe com marketing e mídias sociais, conforme as coisas foram crescendo, senti uma responsabilidade muito grande no que apresento nesses canais. Gosto de ser verdadeira, quem sou, sem máscaras ou obrigações, utilizando esses meios como ferramenta de conexão genuína. É algo que estou desenvolvendo ainda e quero explorar mais, com certeza. Além disso, é muito gratificante receber apoio de tantos lugares, fico extremamente feliz com o carinho que recebo e é incrível ter essa porta aberta que possibilita esse contato mais pessoal com cada um que vem de encontro até mim. É algo que sem dúvidas impulsiona e dá muita força pra seguir desenvolvendo e fazendo o que amo.
Quais são os seus maiores apoiadores na carreira da discotecagem?
Meu pai (Kaliom), sem dúvidas, vem no topo dessa lista. Foi quem me ensinou a tocar e me incentiva sempre a me desenvolver e buscar ainda mais enquanto artista. Meu companheiro, Matheus (Earthspace) também é uma pessoa que me incentiva muito a explorar, inovar e arriscar mais. Acompanhar a carreira dele é algo que me inspira muito e me leva a um mergulho mais profundo nessa jornada de se autoconhecer e seguir explorando. Em especial, cito o DJ Pin (Mosaico Records) e o Paulo Thiago (AEON Bookings). Nesses últimos 2 anos, tive a oportunidade de integrar o casting da gravadora Mosaico Records e ser agenciada pela AEON Bookings. Esses foram alguns dos meus maiores incentivos profissionais. Ter essas pessoas que executam trabalhos tão importantes e que tanto admiro acreditando em mim, me incentivando, apoiando e impulsionando ainda mais meu desenvolvimento artístico, é de fato uma das coisas às quais mais me sinto grata. Temos uma parceria muito incrível, eles são como uma verdadeira família pra mim.
Quais são as maiores dificuldades que você encontra para o mercado de DJs de psytrance atualmente?
Acredito que um dos pontos principais é adquirir uma maior valorização, além de destaque num mercado que anda saturado. Não posso deixar de citar que, infelizmente, o caminho é ainda mais árduo para mulheres que buscam um espaço nessa cena. Enfrentamos um cenário com pouquíssima representatividade feminina, e em muitos momentos passamos por muita invalidação da nossa capacidade profissional e técnica – mesmo que indiretamente. Como mulher, DJ e produtora, busco ser a diferença e influenciar positivamente o desenvolvimento e a evolução desses aspectos. Foi muito desse sentimento e a busca em promover essa transformação de pensamento que nasceu o projeto do Music Lab através da Tríade Trance. Conectar sonhos, criar essa rede de apoio e acolhimento, proporcionar ferramentas e incentivar a criatividade e inovação são alguns dos pontos principais que buscamos proporcionar hoje.
Cite algumas de suas GIGs de maior expressão e compartilhe alguma ocasião especial, engraçada ou marcante que queira compartilhar com o leitor da Colors DJ Magazine.
Em 2022, tive duas apresentações que foram muito marcantes pra mim. Uma delas foi a Progressive – Ed. Tríade Trance #61, que foi a realização de um sonho em diversos aspectos. A Progressive é parte essencial do meu despertar artístico. Naquela pista de dança, um dia sonhei estar naquele palco… E a vida acabou me guiando por um caminho ainda mais surpreendente. Poder estar lá, além de dividir esse momento com minha família ao lado do nosso coletivo foi uma explosão de sentimentos. Eu diria que foi uma das apresentações mais especiais e intensas para mim até hoje, me entreguei por completo! Em Setembro de 2022, também tive minha estréia no Nordeste do Brasil, em Fortaleza, num evento sensacional que foi a Entrance – Bennu. Levar minha música para tão longe pela primeira vez, conhecer tanta gente incrível e ver a pista incendiar foi uma alegria sem precedentes, rs. Até hoje, recebo mensagens da galera que curtiu comigo nesse dia! Foi fantástico e reverbera em mim até hoje. E claro, não posso deixar de citar a realização que foi me apresentar pela primeira vez no Universo Paralello… Viver esse festival foi uma experiência transformadora para mim enquanto ser individual, profissional e artístico. Conduzir uma pista de dança no primeiro pôr do sol de 2023 naquele paraíso me fez ir além em mil partes de mim mesma, voltei para casa um novo eu.
Além disso, este ano também faço minha estréia no festival Mundo de Oz! Mal encontro palavras para descrever a realização que é poder fazer parte desse festival que tanto admiro… e esse dia ainda guarda mais uma surpresa! Estou mega animada para compartilhar. Ansiosa pelos próximos capítulos, rs.
Qual o seu sonho como DJ, incluindo lugares onde almeja se apresentar, produções que deseja empreender ou participar?
Meu sonho na música é desbravar cada vez mais esse universo que habita em mim, e poder influenciar e atingir positivamente a vida das pessoas através disso. Acredito que sonhar grande dá o mesmo trabalho que sonhar pequeno, rs. Então, quero rodar o mundo e me conectar com culturas e corações promovendo cura e despertar, para que juntos, possamos encontrar cada vez mais sentido e propósito nessa grande jornada da vida. Acredito que a música tem esse poder. Então, me dedico a ser condutora dessa magia o máximo que eu puder. Ozora, Boom Festival, Antaris e Shankra são algumas das pistas que, com certeza, almejo conduzir. Resumidamente, o fator principal é depositar todo meu amor e toda a minha intensidade em tudo que faço, levando isso ao máximo de pessoas possível.
Qual o seu recado para os leitores que desejam seguir a carreira de DJ?
Meu recado principal é: mergulhe profundamente em uma jornada de autoconhecimento e compreenda verdadeiramente a razão para seguir esse caminho. É indispensável compreender que a música e a arte nos levam a um meio – e não um fim. Compreenda e busque iluminar em seu interior suas verdadeiras intenções e motivações. Do lado de fora, podemos até observar a vida do DJ/Produtor como um caminho de realizações, viagens, reconhecimento e ser “tentador”… Mas, saiba que não é um caminho fácil, e há muito trabalho a ser feito, acompanhado de muita coragem e dedicação. Se isso pulsa verdadeiramente em seu coração, se entregue por completo e jamais deixe de acreditar em si mesmo. Dentro de nós habita um universo infinito de possibilidades, e cada um de nós tem algo único para compartilhar com o mundo. Mergulhe profundamente, aproveite a jornada, e no caminho, compare-se apenas consigo mesmo. Eu, enquanto artista, compreendo e sinto a música como uma ferramenta de conexão e despertar, me sinto como um canal que se abre para que algo maior possa vir a se expressar através de mim. Afinal, a música é esse organismo vivo, que sempre estará aqui, muito além de nós mesmos. Divirta-se!
Rodrigo Sobrinho
Chefe de Reportagem Psytrance, Colunista, Representante I.D. Psytrance e Repórter