REVELAÇÃO | DJ ACID ASIAN: Do taiko japonês direto para as produções musicais e um projeto de techno na música eletrônica

O nome dele é Fábio Seiki Aka, vocês podem estar estranhando, mas não. Ele é mais conhecido através do seu projeto Acid Asian. Ele tem 25 anos, é DJ e também produtor musical de São Paulo. Sem dúvidas, uma das revelações do techno nacional. Em pouco tempo de carreira, já se apresentou em várias festas, importantes clubes e vem recebendo suportes de artistas influentes. Do taiko japonês, importante instrumento musical, direto para produções musicais e pistas de techno no Brasil. Acid se apresentou recentemente no KNTXT (01/11 – festa da Charlotte de Witte).

“E tudo o que vem acontecendo na minha carreira, só me faz ter mais certeza de que estou no caminho certo e que esse esforço está valendo a pena”

Ele pensa em passar uma temporada no exterior para adquirir novas experiências, aprender mais sobre produção musical e depois retornar para o Brasil como parte do seu planejamento futuro de carreira.

Esse é o Acid Asian, que nos contou um pouco de sua trajetória, e nós, da Colors, te convidamos a conferir o bate-papo que tivemos com ele.

Primeiramente, a Colors DJ gostaria de lhe agradecer por topar em fazer essa entrevista. Você começou a tocar há pouco tempo e vem conquistando espaço rapidamente. Como está sendo para você desenvolver esse trabalho? Digo, em relação ao seu empenho, esforço e meios para viabilizar sua carreira?

Eu agradeço o convite e o espaço dado. Então, desde que eu comecei a trabalhar na área farmacêutica, está sendo bem puxado conciliar as duas coisas. Principalmente, quando estou no trabalho, porque a minha escala, praticamente, é de domingo a domingo. Mas, isso me fez ter mais foco quando tinha tempo para me dedicar somente à música. E tudo o que vem acontecendo na minha carreira, só me faz ter mais certeza de que estou no caminho certo e que esse esforço está valendo a pena.

Sabemos como é difícil para muitos DJs/artistas definirem um nome para seus projetos ou artístico. Como você chegou em Acid Asian? 

O “Asian” veio pelo fato de eu ser descendente de asiáticos e o “Acid”, por conta de um elemento que  chamou minha atenção quando ouvi sets da Charllote de Witte, a controladora TB – 303. Elemento característico do estilo “Acid Techno”. Em meus sets, sempre coloco tracks de Acid Techno e mesclo com outros estilos como Industrial e Hard Techno.

Antes da sua carreira, como era o seu contato com a música eletrônica?

Meu primeiro contato com a música eletrônica foi em 2013, a partir de um vídeo da Tomorrowland no YouTube. Naquela época, não sabia nada sobre ser DJ e sobre música eletrônica. Mas, uma coisa eu tinha certeza: que era entender como funcionava essa parte de ser DJ. Eu sinto que esse vídeo meio que “acendeu” essa luz para eu querer me tornar DJ/Produtor. E, somente em 2020, eu escutei essa minha voz interior e decidi seguir o que eu realmente acreditava

Pode-se dizer que o fato de estar isolado me ajudou muito a criar esse projeto Acid Asian, porque tinha tempo para focar, já que na época estava no último ano da faculdade e eu estava só fazendo estágio Acid Asian.

Seus primeiros passos foram na época da pandemia, certo? O fato de ter ficado isolado, ajudou no seu processo de aprendizado?

Sim, decidi seguir minha intuição depois que minha amiga falou para produzir uma música para os stories da Diesel. Só que eu nunca tinha produzido nada e quando percebi que tinha conseguido finalizar uma track, aquele sentimento de querer ser DJ/Produtor aflorou novamente e falei para mim mesmo “é agora ou nunca“. Porque vinha “enterrando” essa vontade desde 2013. Pode-se dizer que o fato de estar isolado me ajudou muito a criar esse projeto Acid Asian, porque tinha tempo para focar, já que na época estava no último ano da faculdade e eu estava só fazendo estágio. Algumas pessoas me ajudaram a estar onde estou: que foram o Bruno e o Deeft, com ensinamentos em relação à produção.

Você é agenciado pela Pulse-T? Como foi esse caminho percorrido até chegar à agência? 

O que me fez chegar na Pulse-T foi minha primeira gig no aftermemes onde o pessoal curtiu bastante meu set e quando decidiram abrir a agência me convidaram para fazer parte. Devo muito a Anna, o Milo e o Bruno por terem acreditado no meu trabalho porque essa gig abriu portas pra mim e me fez chegar aonde estou hoje. Sempre vou lembrar desse momento porque foi um dos mais importantes pra mim e foi o pontapé inicial para a minha carreira.

Créditos: Trilha 91 produtora, @trilha91

Hoje, quais são suas principais influências na música eletrônica? Onde você teve seu primeiro contato tocando música? Você já fez algum curso ou gostaria de fazer algum? Qual?

Atualmente, minhas principais influências na música eletrônica são o Hard e Acid Techno. Meu primeiro contato foi com o Virtual DJ em 2013, onde eu copiava tudo que os DJs faziam para entender como funcionava. Nesse período, assisti muito vídeo aula no YouTube e já no colegial, um amigo me deu uma aula de DJs, me ensinando o básico. Dali para frente, meus pais me deram uma controladora e fui treinando sozinho. Mas, ainda quero fazer um curso de discotecagem.

Sua relação com a música já tem algum tempo. Como o Taiko, que é um instrumento tradicional japonês entrou na sua vida? Você toca ele até hoje? Fale um pouco mais sobre esse instrumento? Teve influência da sua família?

O taiko faz parte da minha vida desde 2008 quando entrei para o grupo Todoroki Daiko de Osasco, mais ainda quando ganhamos o campeonato brasileiro em 2010 e fomos para o Japão. Foco, determinação e dedicação são grandes ensinamentos deste período. Parei de treinar quando entrei na faculdade em 2015, mas digo que faz parte de mim ainda porque carrego ensinamentos, além dos citados anteriormente, até hoje. Um deles é sempre 30 minutos antes de tocar eu fico no meu canto me concentrando para apresentação, como se fosse uma meditação. No caso do taiko, a gente se reunia para repassar toda a apresentação, além de ser um momento de concentração também. Outra coisa que levo comigo são as trocas de experiências que tive com outros grupos de taiko em época de campeonato. É um ensinamento muito bom que tento trazer comigo para o techno.

Créditos: Wagner, @wagyukio

Com produção, você já pensou em fazer suas produções com o Taiko?

Já pensei sim e quero voltar a colocar em prática ainda em 2022. No ano passado, estava fazendo uma track com uma amiga minha, mas com a correria do dia a dia, acabamos deixando um pouco de lado. Agora que tenho um pouco mais de tempo, quero retomar esse projeto. 

Acho que essa galera nova, e eu me incluo nisso, temos que continuar trabalhando para colocar o Brasil no topo do cenário eletrônicoAcid Asian.

O que você acha das produções nacionais? Você acha que este mercado está aquecido? 

Acho que estão muito boas. Vários artistas recebem suporte de peso e com certeza a cena aqui tem muito a crescer. Acho que essa galera nova, e eu me incluo nisso, temos que continuar trabalhando para colocar o Brasil no topo do cenário eletrônico e, consequentemente, aquecendo ainda mais o mercado da música eletrônica no nosso país.

Fale um pouco dos seus trabalhos como produtor. Como é todo esse processo de criação para você? 

Nas minhas produções, sempre tento colocar elementos de acid com um kick bem marcado juntamente com alguma percussão, que normalmente é inspirado no taiko, e os elementos da bateria como hat, ride, shaker, etc. Na parte de inspiração, às vezes vem de séries e filmes, de festas que vou e tenho algumas idéias durante o set dos DJs, mas normalmente eu sento na frente do notebook e vou fazendo linhas de acid ou algum arranjo até criar algo que me agrade, porque produzir é algo que tira minha ansiedade, então, se eu fico muito tempo sem produzir, começo a ficar angustiado. Uma dica que posso dar é: sempre terminem suas músicas, mesmo que no final elas fiquem ruins, porque algo de bom você vai levar para outras músicas

Conta para a gente uma curiosidade. Você é do tipo viciado em música eletrônica ou ouve outros ritmos? Fica o dia todo ouvindo música? Em casa, para se concentrar ou relaxar, o que você mais ouve? Por conta do seu ofício, ouve música para dançar também? Você gosta de dançar?

Eu sou viciado em música eletrônica, principalmente o techno (risos). Mas, além do techno, eu escuto muito rap/trap e um dos artistas que mais acompanho é o Travis Scott. Já até fiz algumas tracks colocando elementos do trap com meu amigo XOCHUO que é beatmaker voltado a essa vertente. Atualmente, tenho escutado bastante rap/trap francês também. Posso dizer que a música está 100% do dia comigo e depende muito do que eu estou afim de escutar no dia para fazer minhas atividades. Desde criança, nunca fui de dançar, sou meio duro pra isso (risos), mas consegui me encontrar no eletrônico porque cada um fica na sua e está ótimo.

Fale um pouco para nós sobre os lugares em que você já se apresentou e quais os mais te marcaram?

Minha primeira apresentação foi no Aftermemes (After do coletivo Technera Memes). Essa gig foi uma das mais marcantes por ser a primeira e por terem me colocado no melhor horário da noite. Sempre vou ser grato ao Bruno, Anna Maura e o Milo por terem me dado essa oportunidade. Outras gigs que me marcaram bastante foram a Vortex e o Clube dos Lenhadores, núcleos esses que admiro muito, e, desde que comecei a entrar na cena, eram lugares que eu queria me apresentar. Tive a oportunidade também de me apresentar em Curitiba pela primeira vez, através da Inverted Pyramid e ainda no Club Vibe a convite da Zians e depois da Euphoria com a Ch4os. Recentemente, me apresentei no Amazonas e posso dizer que foi uma das experiências mais legais que já tive, porque eu nunca ia imaginar que conheceria esse lugar através da minha arte.

Agora, sobre sua apresentação no Amazonas, você falou o quão especial foi essa experiência, pode nos falar mais dela?

Foi a minha primeira vez tocando num festival naquele Estado e para melhorar, foi no meio da mata. O lugar era muito bonito e, logo que você chegava no evento, você já se conectava com o festival. Em relação à apresentação, foi uma experiência muito boa. O público é diferente que o de uma festa na cidade e ainda são mais dinâmicos, ou seja, tinha muita rotatividade, já que tinha outro palco, ainda tinha gente indo dormir e gente acordando, tudo ao mesmo tempo. A organização sem palavras, sempre atenciosa.

Você se apresentou na KNTXT (01/11) e essa é uma festa da Charlotte de Witte. O quão importante foi essa apresentação pra você?

As expectativas foram bem altas, pois estava tocando na festa da pessoa que me apresentou o Techno. Ainda que eu não acredite nisso, porque até 2020, eu a via no YouTube pelas lives na pandemia e agora dividi o line-up com ela. Até nos meus melhores sonhos, eu não colocaria isso da forma como foi, sabe? Eu sou muito grato pelo que vem acontecendo na minha carreira.

Vemos muitos DJs e  produtores viverem o dilema de sair ou não de sua cidade, quiçá do nosso país seja para estudar música e/ou produção, ou ainda para trabalhar e ter uma projeção maior na sua carreira. Isso passa de alguma forma na sua cabeça? Está nos seus planos futuros de carreira?

Com certeza. Pretendo ir pra fora no meio do ano que vem, passar uma temporada, fazer meu nome e trazer as experiências que eu for aprender para o Brasil. 

Está nos seus planos fazer algum lançamento de EP com suas produções? E canal no YouTube para apresentar seus trabalhos realizados para o seu público? Você pensa em fazer ou já possui um canal? Pretende disponibilizar os seus trabalhos em várias plataformas ou tocadores de música?

Sim, lancei um EP assinado pela @kntxtmusic. Em relação ao Youtube, já tenho um canal na qual criei quando comecei o projeto. Postei alguns vídeos sets durante a pandemia e tinha um podcast mensal onde disponibilizava os sets tanto no Youtube quanto no MixCloud, mas dei uma pausa e até preciso voltar. Mas, pretendo fazer isso somente quando criar minha própria label, aí, provavelmente, vou disponibilizar nesses canais que já tenho e ainda no SoundCloud.

Conta para a gente, quais são os planos para o futuro do DJ Acid Asian?

Pretendo me consolidar ainda mais na cena nacional, fazer uma temporada fora, abrir uma gravadora e tentar dar o máximo de oportunidades para o pessoal que está começando assim como eu tive no começo da minha carreira.

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Tiago Jerônimo

Representante do I.D. Clubber, Chefe de Reportagem, Colunista e Repórter.

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