REVELAÇÃO | ANA JULIETA: A multinacional “DJeya” arquiteta

Ana Julieta é oficialmente uma francesa brasileira com ótimas piadas sem graça. Uma mulher competente que tem seu foco na sua carreira e a mesma não é focada apenas em música, mas também em uma grande paixão sua: Arquitetura. Conheça um pouco sobre essa Revelação que a Colors DJ escolheu.

“Quem sabe? Escreve aí que eu tenho umas piadas sem graça ótimas (hahahahahahahahaha)”

Primeiro, a Colors DJ gostaria de te agradecer por essa entrevista. Como começou esse seu contato com o gênero musical Tribal House? Além disso, esse seu contato tem algum entrelaço com sua carreira de arquiteta?

Muito obrigada a vocês por me terem aqui. Minha carreira de DJ foi meio que acontecendo. Quando estudava na FAUFBA (faculdade de arquitetura da UFBA), já tinha uma ideia de que não queria ser somente arquiteta. Comecei a fazer festas na faculdade. Comecei a tocar nessas festas, uma coisa foi levando a outra até que, em 2018, virei parte do Grupo San Sebastian e, com isso, me aproximei do tribal. Nunca tive preconceito com estilos, mas realmente o que me chamou a atenção é que o público que consome tribal é muito engajado. Continuei tocando open format e engatinhando no tribal até que na pandemia tomei a decisão que quando voltasse, me dedicaria totalmente a esse estilo. Em 2019, comecei a tocar e logo veio a pandemia.

Foto: Divulgação.

Você é francesa, mas morou bastante tempo na Espanha e no Brasil. Nos conte, por gentileza, como essas moradias e vivências afetaram e afetam o  desenvolvimento de sua carreira?

Eu na verdade me sinto brasileira. Apesar de ter nascido em Paris, com dois aninhos já tava na minha terra que não tem como esconder: é a Bahia. Sei que no papel eu sou na teoria francesa, mas nunca me senti assim. Sou muito privilegiada de ter crescido em uma família multicultural, ter dupla nacionalidade e ter viajado esse mundo todo desde criança, mas o coração não mente: além de brasileira, eu me sinto mesmo baiana. Na verdade, sempre fica aquela sensação de não pertencer a lugar nenhum, muito gringa pra ser brasileira, muito brasileira para ser gringa. Mas, quando a gente não é de lugar nenhum, só nos resta ser de todos. Sou extremamente sortuda de ter visto muito desse mundo, ter aprendido quatro línguas, entender perspectivas de vida muito diferentes, tudo isso a gente aplica na nossa vida e na nossa carreira. Mas, fica evidente quando você me escuta que eu sou uma mistureba musical. Tive muitas influências distintas e aplico todas, não tendo medo nenhum. Um “funkão” seguido de um clássico do Audioslave? Por que não? Meter um techhouse no meio do set de tribal? Fazemos também. 

Foto: Divulgação.

“Quando bate a preguiça penso logo: amor, você acha que a ANITTA TÁ DORMINDO OU TÁ TRABALHANDO? VAMO QUE VAMO!”

Você já tem residência em algum clube onde está radicada? Como você encara a importância de uma residência, Ana?

Logo quando me mudei para Madrid, virei residente do Republik Club. Foi uma oportunidade incrível que deu o pontapé inicial no meu recomeço de carreira no exterior. Acho importante o DJ ter uma residência. Realmente a constância de uma residência é o que vai marcar seu nome na cena. Mas, se existe uma busca por outras coisas que a sua residência não consegue te dar, acredito que o DJ não pode ter medo de buscar outros caminhos. Eu, agora, estou tocando sempre no Candy Club e na Kluster que são lugares que tem nichos diferentes do mesmo público, o que me traz muito mais visibilidade. Afinal, um clube acaba por reciclar parte de seu público semanalmente e depois de um tempo você fica estancado. Toda residência tem prós e contras, tem que ir pesando para ver o que traz para você. 

 

Foto: Divulgação.

Chique, agora nos conte suas inspirações fora e dentro do meio da música? Quem já fez o seu próprio corre de uma forma que te tocou a querer ser uma Ana Julieta cada vez melhor?

Eu realmente admiro qualquer mulher que se desbravou pelo mundo da noite. Me perdoem os meninos, mas sou fã de toda DJ mulher que caminhou para que hoje a gente pudesse correr. A primeira e maior inspiração é a Cláudia Assef. Quando ela chegou aqui tudo isso era mato. Hoje em dia, realmente cai um cisco no meu olho quando vejo nomes como Anna estampar o Coachella. E quem me faz sair da cama num dia ruim e mandar eu trabalhar é a Anitta. Sou fã! Essa mulher é uma aula de marketing e gerenciamento de carreira ambulante. Só não vê quem não está prestando atenção. Tudo planejado, tudo calculado. E a coisa mais importante que ela ensina é: que podem te desvalorizar, podem te meter em um nicho, podem te querer rotular. Mas, você tem que ir lá e fazer e provar para todo mundo quem você é. Quando bate a preguiça penso logo: “amor, você acha que a ANITTA TÁ DORMINDO OU TÁ TRABALHANDO? VAMO QUE VAMO!”

Foto: Divulgação.

Como é para você se apresentar em todos os clubes LGBTQIAP+ de Madrid, Ana?

Realmente, a carreira tem dado uns saltos meio doidos desde que eu cheguei aqui, que às vezes nem eu acredito. No dia 08 de Julho, eu toquei no We Pride Festival que aconteceu no clube Fabrik aqui em Madrid. Esse clube foi votado pela DJ Magazine, o club número 31 do mundo! É muita loucura. Mas, é uma loucura maravilhosa e posso garantir que “tô” aproveitando cada segundo disso.

Foto: Divulgação.

O que você pensa que poderia ser apontado na sua carreira, que te botaria no lugar de revelação em uma revista aberta à diversidade como a Colors DJ?

Quem sabe? Escreve aí que eu tenho umas piadas sem graças ótimas (hahahahahahahahaha). Brincadeiras à parte, só de cogitar ser revelação já é uma conquista enorme, e eu me sinto muito agradecida. Acho que nem precisa de mais nada.

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Kukua Dada

Editora, Colunista e Repórter

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