Da guitarra ao techno, a nova sensação da música eletrônica clubber brasileira, Allana Letm está conquistando o mundo com sua sonoridade única, que mistura a energia do rock com a pulsão do techno. Descubra como a artista que um dia aprendeu a tocar “Smells Like Teen Spirit” no violão se tornou uma das novas promessas da cena eletrônica mundial.
Allana é o nome que você precisa conhecer. A DJ brasileira está revolucionando a cena clubber com sets que misturam a força do rock com a precisão do techno. Influenciada por bandas como Nirvana e Metallica, a artista goiana traz uma sonoridade única e poderosa para as pistas de dança. Prepare-se para se conectar com a energia contagiante de uma das maiores promessas da música eletrônica atual.
Nesta entrevista exclusiva para a Colors DJ Magazine, ela compartilha sua jornada de transformação artística, as experiências que moldaram sua sonoridade e os desafios de emergir no cenário techno brasileiro. Prepare-se para conhecer uma artista que está quebrando barreiras e redefinindo o que significa ser uma DJ REVELAÇÃO. Acompanhe e deixe-se contagiar pela energia única de Allana Letm!
Allana, de onde veio sua paixão pela música? Alguma memória da infância te marcou nesse início?
Desde pequena a música sempre esteve presente em minha vida. Em casa, sempre tive contato com um violão do meu pai. Lembro da minha curiosidade sobre o instrumento, gostava de ficar mexendo nele, tentando fazer alguns sons e fuçando nas tarraxas, o que fazia ele estar desafinado muitas vezes. Além disso, meus pais costumam contar que, quando eu era bebê, eles me faziam dormir ao som dos CDs de rock que o meu pai tinha, como Eric Clapton e Pink Floyd.
Como seus pais ajudaram a moldar sua relação com a música? Algum momento especial nessa conexão?
Uma das lembranças mais marcantes da minha infância foi um Natal em que ganhei um MP3 de presente. Desde então fomos inseparáveis (tenho ele guardado até hoje). Passei o Natal inteiro explorando as músicas que tinham e foi a partir daí que tive um contato maior com outros estilos musicais. Inclusive, fiquei viciada em “Pump It” do Black Eyed Peas, que eu não conhecia ainda, e com certeza foi a música que eu mais ouvi neste MP3. Na adolescência meus pais me perguntaram se eu não tinha interesse em fazer aulas de música e eu logo quis me adentrar nessa jornada. Comecei fazendo aulas de violão e teoria, e nunca mais parei, atualmente sigo estudando como aluna no curso de composição musical da UFG.
Por que você foi para o rock e o metal? A guitarra foi amor à primeira vista ou aconteceu naturalmente?
Considerando o ambiente em que eu cresci, acho que foi meio natural ter me aventurado por esses gêneros. Acabei seguindo mais para o metal por ter uma energia que me atraía mais. Como eu queria aprender a tocar as músicas que eu gostava, a guitarra acabou tendo um papel mais marcante, por ser mais presente no metal do que o violão.
Quais músicas e bandas mais te marcaram nessa fase? Teve alguma que foi um divisor de águas?
A primeira música que eu aprendi a tocar foi muito marcante. Nunca vou esquecer da emoção do dia em que consegui tocar meu primeiro riff no violão: “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana. Foi mágico reconhecer que o som que eu estava tirando daquele instrumento era de uma música que eu gostava muito. O Metallica também foi uma banda bastante presente pra mim nessa época, sempre achei muito desafiadoras e bastante interessantes as linhas de guitarra deles.
Como foi trocar a guitarra pelo sax e a flauta na música sinfônica? O que essa experiência te ensinou?
Durante o ensino médio no IF de Goiânia, onde cursei técnico em instrumento musical, tive um grande contato com esse universo e tenho memórias maravilhosas dessa época. Lá pude experimentar e aprender instrumentos que eu nunca imaginaria que poderia tocar. Nunca passou pela minha cabeça que um dia eu tocaria flauta transversal ou saxofone, e ainda por cima tocar e me apresentar tocando esses instrumentos em bandas sinfônicas. É uma ótima experiência tocar em um grande grupo, porque ensina bastante sobre escutar e perceber tanto os outros quanto a nós mesmos. É um ambiente mágico. Estar imersa junto com várias pessoas envolvidas pela música traz uma conexão muito forte com tudo.
Em 2019, você decidiu explorar a música eletrônica. O que te inspirou a fazer essa transição e como foi esse processo inicial?
Sempre gostei de aprender coisas novas relacionadas a música, e então tive curiosidade em saber como que a música eletrônica era feita. Eu não tinha a pretensão de virar DJ ou produtora profissionalmente, só queria conhecer mais sobre esse universo e como ele funcionava. Mas assim que comecei o curso de produção de música eletrônica foi algo que me despertou uma paixão muito forte e que só aumenta a cada dia.
Você teve o DJ Daniel de Melo como professor de discotecagem e também aprendeu produção musical na Music Lab. Como essas experiências moldaram o seu estilo e a sua relação com o techno?
Quando fiz o curso de discotecagem tive aulas sobre mixagem de alguns gêneros diferentes, como pop, funk e música eletrônica em geral. Mas eu conhecia bem pouco de techno, e nunca havia considerado explorar o estilo. Foi na Music Lab que tive um contato maior com o gênero. Nas primeiras aulas o professor estava mostrando Beatport, e abriu a página de Top 100 de techno. Ele viu que tinha uma artista brasileira no chart e colocou pra gente ouvir, era “Forever Ravers” da ANNA com a Miss Kittin. Aí foi amor à primeira escuta. Fiquei viciadíssima nessa música e daí pra frente foi só techno nas minhas playlists.
O techno logo se tornou a sua verdadeira paixão. O que você acha que mais te conecta a esse estilo musical?
O que mais me conecta, é pela energia e cultura do estilo. Gosto bastante por ser um som introspectivo e ao mesmo tempo carregar um peso e energia muito forte, um som que consegue transmitir muito com pouco. Além das possibilidades experimentais que proporcionam uma grande liberdade criativa.
Em seus sets, você explora vocais, texturas e sintetizadores no techno hipnótico. O que você busca transmitir para o público por meio dessas características sonoras?
O que mais busco é tentar construir uma jornada interessante ao ouvinte e que o envolva por meio de elementos que acho interessantes nas músicas, seja por alguma característica marcante do grave, ou por vários outros elementos que marcam cada track.
Você venceu o Shadow DJ Contest e se apresentou pela primeira vez em uma das festas mais importantes do país. Como foi essa experiência e o impacto dela na sua carreira?
Além de me apresentar pela primeira vez em uma festa da Nin92wo, também foi a primeira vez que toquei, e ter a oportunidade de estrear em uma das festas que eu mais admiro foi incrível. Poder tocar lá trouxe uma grande visibilidade, além de poder dividir lines com grandes artistas da cena nacional e internacional.
Falando sobre o seu trabalho de produção, você conquistou destaque com o remix de “Room Mode” para o contest do Truncate. Como foi participar desse contest e ver seu remix lançado oficialmente?
Eu gosto de estar sempre explorando coisas novas, e quando decidi participar foi mais pelo desafio de fazer um remix e tentar ver o que eu conseguia fazer. Ser uma das vencedoras foi algo que eu não esperava que fosse acontecer, e a ficha demorou cair. O Truncate é uma grande referência, e ter meu remix lançado oficialmente na gravadora dele é muito especial.
Além do remix para o Truncate, você também teve lançamentos pela Liberta Records e pela Noise Music. Como esses releases contribuíram para a sua carreira e visibilidade na cena?
Lançar pela Liberta Records, do Vinícius Honório, e pela Noise Music, do Anderson Noise, foi uma honra. Ambos são grandes referências para mim, e com certeza para muitos outros artistas. Essas oportunidades não apenas validaram meu trabalho como produtora, mas também trouxeram um peso a mais na minha trajetória.
Recentemente, você foi finalista do contest do Technera para o palco Generator do DGTL São Paulo. Como foi essa experiência e o que ela representa para você?
Foi uma honra ter sido finalista desse contest. Tiveram artistas maravilhosos que participaram, e estar ao lado deles foi lindo. O apoio e a troca que tive com pessoal durante esse momento com certeza foi uma das melhores coisas.
Você lançou um EP pela Northern Parallels com remixes de nomes como Centrific, Lindsey Herbert e Stephen Disario. O que esse lançamento representa para você e como ele reflete sua evolução como produtora?
Tenho muito orgulho desse lançamento, ter minhas músicas remixadas por artistas que sempre acompanhei e admirei é indescritível. É mais um dos momentos que trazem aquela sensação de que estou no caminho certo.
Você acredita que o cenário techno brasileiro está mudando? Como é para você fazer parte desse movimento de ascensão?
Acredito que o cenário do techno no Brasil ainda enfrenta desafios para alcançar uma verdadeira ascensão no país. Temos artistas super talentosos, embora pareça que não tenham o devido espaço no cenário brasileiro, encontrando um reconhecimento maior no exterior do que no próprio país. Não tem tantos clubs assim que se dedicam ao estilo e sinto que são os coletivos e festas independentes que mantêm o movimento vivo em sua essência. Infelizmente, a forma como a música é consumida atualmente afeta bastante o cenário. Por outro lado, a resistência está nas raízes do estilo, e isso torna a sua base bastante sólida. A cena segue se movimentando e recriando. E espero que eu possa contribuir bastante com mudanças positivas dentro desse cenário.
Para onde você imagina que sua carreira pode ir daqui em diante? Tem algum sonho ou meta específica que gostaria de alcançar?
Vejo a minha carreira evoluindo com mais lançamentos, aprofundando minha identidade artística. No momento, tenho vontade de lançar um álbum, algo que conte uma história e possa mostrar mais as minhas nuances como artista.
Para finalizarmos, que mensagem você gostaria de deixar para aqueles que estão começando agora na cena musical e buscam construir seu espaço como você fez?
Encontre aquilo que te faça arrepiar, que te inspira, e que desperte uma curiosidade e vontade de explorar cada vez mais, independentemente de qualquer coisa. Acho que é aí que você encontra o seu caminho.