ENTREVISTA | Um Chá com Pablo Falcão

Foto de divulgação.

Nesta edição, nós dá Colors DJ tivemos a oportunidade de conversar com Pablo Falcão, criador da festa Chá da Alice, a maior festa da cena pop do Brasil.

“O que importa é o talento, o carisma, a presença de palco, a criatividade e o profissionalismo. O gênero é só um detalhe.” Pablo Falcão.

Nesse bate papo, pudemos conhecer um pouco mais sobre como a festa começou e várias outras curiosidades, então vem conosco conhecer um pouco sobre o universo criado pelo Chá da Alice.

O Chá da Alice é hoje a maior festa pop do Brasil, mas até chegar neste momento vocês percorreram um longo caminho com muita história. Conta pra gente como foi que tudo isso começou.

Eu sempre comemorei meu aniversário com um tema e em 2009 escolhi “Chá da Alice”. Era uma festa só para amigos, mas no meio dela fui surpreendido pelo dono do estabelecimento que me propôs repetir o “evento” nos três sábados consecutivos, pois havia um furo de pauta na casa.

Claro que eu neguei. Respondi: “não faz sentido repetir o meu aniversário e convidar todos os meus amigos novamente”,“a festa foi linda, mas já foi”. E ele me disse que trabalhava há mais de 20 anos no mercado de entretenimento e que aquilo que eu havia criado para o meu aniversário era justamente o que o público da cidade do Rio de Janeiro precisava. Aceitei o desafio e hoje, 11 anos depois, vejo o quanto ele estava certo. Jamais imaginei que minha festa de aniversário iria se tornar uma empresa, um case de sucesso e meu principal trabalho.

“Hoje temos um time fixo e faço muita questão que isso exista, porque é uma equipe/família que defende bem o conceito da festa.” Pablo Falcão.

O Chá tem uma relação diferenciada com seus DJs, tem um line up sólido e quase inalterado ao longo dos anos, por que desta escolha?

Olha, tudo no Chá aconteceu naturalmente. Naquela época eu não sabia nem o que era “line”. Rsrsrsrs… Acontece que eu criei um conceito e minha amiga e atriz, Giordanna Forte, vestiu a camisa. No início ela tocava sozinha 7, 8 horas. Depois a gente foi percebendo a necessidade de ter mais alguém para dividir o tempo com ela porque, claro, ela precisava ir ao banheiro, descansar… rs e assim foram surgindo os nossos DJs, de acordo com cada necessidade. Hoje temos um time fixo. E faço muita questão que isso exista, porque é uma equipe/família que defende bem o conceito da festa. E é exatamente isso que o público quer: provar o “Chá” em sua essência, seja em qualquer cidade do Brasil ou do mundo onde percorremos.

Foto de divulgação.

O Chá tem grandes DJs mulheres em seu line up como Giordanna Forte e Babi. Sabendo que boa parte das festa da cena LGBTQIA+ têm o line up com maioria masculina ou, em alguns casos, sempre 100% masculino, vocês acreditam que possa haver um aumento de DJs mulheres nos line nos próximos anos? E a visão de alguns contratantes de que os gays preferem ver homens tocando, o que vocês pensam sobre isso?

Eu acho que tem espaço tanto para o DJ homem, quanto para a mulher e que se abra espaço para qualquer outro gênero. Nosso time hoje, por exemplo, é bem meio a meio. Claro que ficamos conhecidos pela forte presença de DJs mulheres em nosso line, mas isso, como citei anteriormente, foi um processo natural. Quanto a visão dos contratantes sobre a preferência do público em relação ao gênero dos DJs, sinceramente, acho ultrapassada, rasa. Tanto no pop, quanto no eletrônico temos DJs que se destacam em ambos gêneros e eles são ovacionados pela galera! Há na cena uma forte presença de DJs drags também, e que cada vez mais apareça as trans, os não binários e todas as siglas que representam LGBTQIA+ . O que importa é o talento, o carisma, a presença de palco, a criatividade e o profissionalismo. O gênero é só um detalhe.

Video Promo do Chá do Rouge.
Grupo Rouge – foto de divulgação.

O Chá tem uma tradição de grandes produções de shows. De onde surgiu essa vontade de fazer isso? E de todos os grandes nomes que já subiram no palco, quais foram os mais marcantes?

A gente começou fazendo números com cenários e ballet para nossa DJ Giordanna Forte, depois começamos a trazer os artistas para nossos eventos. A gente sempre teve a inquietação de inovar, queríamos mais, sempre mais! Não bastava “contratar” artistas para eles fazerem o show de estrada, comum, que muita gente já teria visto pela internet…Daí, em 2013, fizemos uma parceria com Anitta que estava iniciando. Como na época ela não tinha uma estrutura de Show, criamos tudo para que o Chá dela fosse especial. E foi a partir daí que começamos a contribuir e, por vezes, produzir todo o show dos artistas que se apresentam no Chá da Alice. Misturar os mundos e entregar um produto diferente pro público. Você sempre vai esperar um show diferente do artista quando ele está no Chá.

Video Promo do Chá da Xuxa.
Foto de divulgação.

“Misturar os mundos e entregar um produto diferente pro público. Você sempre vai esperar um show diferente do artista quando ele está no Chá.” Pablo Falcão.

Quais os “Chás” de artistas que mais marcaram?

Olha, essa é uma resposta muito individual. A nossa ideia é causar uma experiência. E cada pessoa sente diferente. Para o fã da Valesca, pode ter certeza que vê-la saindo de uma carruagem conduzida por um cavalo de verdade e vestida de Cinderela, foi tão especial, tão marcante, quanto para o fã da Xuxa que a viu descer da nave; do Rouge que viu as 5 integrantes juntas novamente com um show potente; da Ivete que a viu de Rainha de Copas; da Anitta que já foi Alice, rainha, gata; da Ludmilla, da Lexa… Para a família Chá da Alice, cada “Chá” de seu artista deixa uma marca. Uma experiência. Uma lembrança com gosto de quero mais!

Teaser do Chá da Alice.

O Chá já rodou diversas partes do nosso país mas como foi a experiência de levá-lo para fora do país? E também quais as principais dificuldades de se levar um evento, com as mesmas características, para outros países?

Nunca, nos melhores dos meus sonhos, eu imaginei que meu aniversário, viraria um evento que viajaria o Brasil e várias cidades do mundo. Sair do Rio de Janeiro foi um desafio, São Paulo foi uma das primeiras cidades que nos abraçou, depois Belo Horizonte, Recife, Salvador… e por aí vai! O desafio maior é continuar com o mesmo conceito, trazendo a mesma vibe para públicos diferentes. A gente sempre teve uma sensibilidade para trazer cada público de culturas diferentes pro nosso mundo. Para isso, sempre foi preciso entrar no mundo deles. Assim o jogo fica mais fácil, mais leve e mais divertido. O que mais importa é fazermos o público se desvencilhar dos seus problemas, esquecer ao menos por uma noite. No Chá, o público volta a ser criança, e como toda criança quer brincar, sorrir e ser feliz é o que mais importa.

Levar a festa para fora do país foi ainda mais desafiador, porque além da estrutura que temos de cenografia, personagens e interações, a língua e a cultura de cada país são bem diferentes, mas como disse acima, a gente entra no mundo, na cultura do público primeiro para fazer com que ele entre no nosso. Lá se vão 4 anos fazendo o Chá em Lisboa, Nova Iorque, Miami, Orlando, Toronto, Porto, Londres, Derfield, Leiria, Zurick, Filadélfia, Newark…

Não poderíamos ignorar todo este momento que estamos vivendo em função da pandemia do Covid-19 (Coronavírus). O que vocês estão fazendo para driblar, da melhor forma possível, toda esta triste situação, que afeta vocês e as pessoas que trabalham para vocês, incluindo os DJs?

Estamos passando por um momento bem delicado da humanidade. Infelizmente o nosso setor, por trabalhar com aglomerações, foi o mais prejudicado. Completamente necessária essa pausa. Nós do Chá estamos realmente aguardando que as coisas melhorem para que a gente possa retornar com segurança para todos.

O que os aliciados podem esperar de novidades para o pós pandemia?

O público pode esperar viver mais experiências inesquecíveis. Estamos com o bule pronto na chaleira. Quando as coisas melhorarem vamos acender o fogão. Preparem suas xícaras!

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