Nossa deejay revelação é a sergipana Mirtys Spencer, que conquistou Salvador após conhecer o Tribal House em uma pool party que foi com um amigo, se tornou adepta ao estilo musical e apaixonada pelo mesmo. Um exemplo para quem está começando a poder se espelhar e a perseguir seus sonhos.
A DJ, que nasceu no interior de Sergipe, mudou-se para Aracaju, onde pode conhecer a sua sonoridade principal, sendo sempre livre de preconceitos e sonhadora, viu na música uma oportunidade de se tornar uma artista.
Vamos agora conhecer um pouco mais da vida de Mirtys Spencer, que mostra que o sucesso vem com muita alegria, mas junto com muito trabalho, momentos difíceis e superação.
Quem te vê hoje como DJ profissional não faz ideia de como você chegou a essa decisão. Quando você percebeu sua vocação e paixão pela música? Entre tantos gêneros, por que você escolheu o Tribal House?
Desde quando me conheço por gente, sou apaixonada por música. Com 15 anos já frequentava algumas festas, mas de vertentes diferentes. A música e as baladas sempre estiveram presentes na minha vida. Em abril de 2017 fui convidada por um amigo a ir em uma pool party, um tipo de festa eletrônica que eu ainda não conhecia. Chegando lá, era uma pool com o público LGBTQIA+ e o som que tocava era o Tribal House. Fiquei encantada com o público que estava lá e com o som. Naquele dia me senti muito livre, muito à vontade, foi como se naquele momento renascesse uma nova Mirtys, foi onde conheci os melhores amigos que tenho hoje. Foi a melhor festa da minha vida! A partir dali, comecei a frequentar muitas festas de tribal e conhecer mais sobre aquele mundo. Decidi ser DJ a partir de uma conversa na varanda da casa do meu melhor amigo, Silvano, estávamos inclusive ouvindo um set de tribal e conversando. Eu estava desabafando com ele, falando dos meus estudos que estavam trancados, pois não me identificava com algumas profissões, então ele me perguntou o que eu queria ser na vida, qual era o meu sonho. Foi quando falei pra ele que sempre sonhei em ser uma artista e que queria brilhar, mas não tinha a voz legal pra ser cantora. Ele olhou pra mim e disse, “você vai ser DJ”, foi naquele momento que vi meu sonho criando vida, já no outro dia me matriculei no curso para DJ’s em Salvador. Eu sempre fui apaixonada pela música e isso fez com que eu quisesse entrar pra esse mundo. Escolhi o tribal porque é a vertente musical da minha vida, me sinto muito livre e feliz com o público, sou da ‘’fechação’’, alegria, sentimentos, turbilhão de felicidade, e o tribal é isso tudo. Eu amo o Tribal House!
A música é algo que nos conquista, nos motiva e nos transmite alegria, mas nem sempre é um mar de rosas. Qual foi o maior desafio que você enfrentou? Alguma vez passou pela sua cabeça desistir desse objetivo?
Eu me formei como DJ profissional na CAL, curso de DJ da Anne Louise em Salvador. No início do curso, as aulas eram aos sábados. Ia e voltava no mesmo dia pra Aracaju e durante dois meses foi assim, até que as aulas passaram a ser dois dias na semana e havia dias que eu ficava na casa de conhecidos ou voltava no mesmo dia para Aracaju. Não foi fácil… abdiquei de muitas coisas pra concluir o curso, inclusive algumas oportunidades de trabalho. Estava em outro estado, tudo era novo pra mim e, como nada na vida é fácil, eu achava que não iria conseguir, me peguei muitas vezes pensando em desistir, mas no fim, acreditando no meu potencial e com ajuda das pessoas que me amam, permaneci consciente que este é exatamente o meu lugar. Persisti e concluí o curso. Até hoje venho me aprimorando e amando a profissão.
“A música é uma conexão com a alma, além de causar uma coleção de sentimentos” Mirtys Spencer.
Se você pudesse descrever sua conexão com a música, como a descreveria?
No início eu ficava insegura, sou ansiosa. Já houve momentos até em que desenvolvi crises de ansiedade antes de subir na cabine pra tocar, mas a demora era colocar o fone no ouvido e dar o primeiro play, a mágica acontecia, a música tem um poder de transformar, e eu sempre busquei dar o melhor de mim a cada apresentação, me entrego de corpo e alma a cada música escolhida com muito amor e alegria. A música é uma conexão com a alma, além de causar uma coleção de sentimentos e emoções. Eu vivo a música, deixo ela me levar. A música hoje é minha vida!
Tornar-se residente de uma grande casa de eventos é um dos vários objetivos de um DJ. Como foi para você se tornar residente da SAN Sebastian em tão pouco tempo de carreira e tocar em diversas casas?
Eu tinha apenas um mês como DJ quando fui convidada pra tocar em uma festa no interior da Bahia, isso aconteceu em setembro de 2018, onde inclusive foi onde conheci o meu namorado que é baiano, e onde fiz muitos amigos(as) que curtiram meu som e falaram de mim para o DJ Diego Baez, que na época era DJ e produtor da San.
Eu já tinha ouvido falar muito na San Sebastian, muito antes de me tornar DJ, mas não conhecia a boate pessoalmente. Como eu vinha me dedicando muito e evoluindo na profissão, em fevereiro de 2019 fui convidada pelo mesmo para tocar na boate em um dos afters do Cortejo Afro. Percebi que era um passo muito grande na minha carreira, então fui, toquei e fui muito bem recebida pelo público e pela própria San Sebastian. Foi uma conexão imediata! Sou muito grata ao Baez, que me deu essa oportunidade. Dias depois fui convidada a compor o line da Blessed Carnival, toquei e fiquei impressionada com a receptividade das pessoas ao meu som, a atenção e o carinho comigo. Foi uma noite especial! Depois desse dia, novos convites começaram a surgir para compor os lines da boate. Em cada apresentação até os dias de hoje sempre me apresento com total compromisso, humildade e dedicação. Hoje faço parte do time de DJ’s residentes da San Boate, que pra mim é uma honra visto que é uma das casas de maior renome no país e no mundo. Sou muito grata ao Zé Augusto, André Magal, Ana Julieta e Pedro Sarkis, que além de abrirem as portas para mim, continuam até hoje confiando no meu potencial e forma de trabalho. Não imaginava que com apenas 7 meses de carreira como DJ já faria parte dessa casa tão respeitada e integraria lineups com grandes nomes da cena nacional e internacional.
Conte como foi sua emoção em tocar no Festival da Virada de 2020, após a apresentação de Ivete Sangalo. Como foi lidar com tanta emoção?
Até hoje me lembro desse dia com muita emoção e felicidade. Muita coisa veio à cabeça: ver que aquela menina do interior, que sempre batalhou por seus sonhos, tão cedo já estaria realizando um deles ao se apresentar na virada do ano, tocando para mais de 800 mil pessoas e logo após Ivete Sangalo no show da virada de Salvador, trouxe um mix de emoções difíceis de descrever. Esse dia ficará marcado pra sempre na minha carreira e na minha história. Sinto-me abençoada e agradeço até hoje por isso. Foi sensacional!
“Escolhi o tribal porque é a vertente musical da minha vida, me sinto muito livre e feliz com o público, sou da ‘’fechação’’ Mirtys Spencer.
Por último e não menos importante, qual sonho você deseja alcançar sendo uma DJ, e o que você pode dizer para quem está começando hoje na carreira?
Acho que quando falamos de sonhos nós não podemos ficar atrelados a apenas um grande sonho pois esse, às vezes, por vontade de Deus não vem. Devemos ter vários sonhos, assim a cada sonho realizado nós nos sentimos reabastecidos para buscar o próximo. É um prazer indescritível fazer as pessoas vibrarem de felicidade ao meu som, poder emociona-las e vê-las em sintonia comigo, além claro de que o fato de poder me divertir junto com elas não tem preço. Pra quem está começando hoje na carreira, aconselho a primeiramente se dedicar aos estudos e aos treinos, confiar em si, mesmo porque muitas barreiras virão, valorizem a profissão de vocês, pois somos mensageiros do amor e da felicidade e sempre tenham respeito pelos demais profissionais.
Um dos sonhos ainda não realizados como DJ, mas que vai se realizar, é participar de uma apresentação internacional. Meu coração bate muito forte por Mykonos, na Grécia.