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ENTREVISTA | MC XUXÚ | CIDADÃ BENEMÉRITA!

Karolina Vieira é uma mulher trans, preta e periférica, considerada uma das desbravadoras a alcançar importância nacional dentro da comunidade LGTQIAP+ e a Colors traz como primeira entrevista desta edição acendendo um papo com essa grande artista, MC Xuxú!

Natural de Juiz de Fora/MG, Karol provém de um espaço que a grande mídia insiste em rotular e/ou mascarar a realidade, a periferia. Como todo artista periférico, a “cria” Juiz-Forana teve o primeiro contato com a música e arte dentro da própria comunidade. O meio artístico adentrou a vida de MC Xuxú através do “Rap” e sua ascensão ao “Funk” vem do prestígio que o ritmo tem no Rio de Janeiro/RJ, lugar onde residiu por oito anos. A artista independente sempre ressalta em sua obra a influência do gueto, em seu videoclipe intitulado “Eu fiz a Chuca”, o cenário é seu berço, a comunidade do Santa Cândida (Candinha).

Recebimento do título Cidadã Benemérita – 2017 – Juiz de Fora/MG

Dona de Hits e detentora do título de “Cidadã Benemérita” no ano de 2017, essa mulher já concorreu a categoria Web Hit no VMB (Video Music Brasil) da MTV em 2009 com seu primeiro clipe “Pantera cor de rosa” e tem até um bloco de carnaval, o Bloco da Benemérita!

Em honra ao título que lhe foi concedido, Benemérita não só enfatiza a influência da periferia na sua obra, mas reconhece o valor da comunidade no contexto geral. Através de projetos sociais de sua autoria, Karolina promove oficinas de aula de dança e bate-papos direcionados a crianças e adolescentes, dentro de um espaço em sua comunidade, que infelizmente, devido às atuais circunstâncias, foi interrompido.

A MC é autora de músicas intensamente representativas e de grande relevância para seu currículo no mercado, como “Um Beijo” – trilha sonora do filme “Alice Junior” produzido pela Netflix em 2020- e parcerias ao lado de artistas prestigiados em faixas como “Kit Assume” feat. Mulher Pepita, “Missa” feat.

Danny Bond e “Escoldada” feat. Rt Mallone e Jovem Saga. Além do grande prestígio do público por sua obra, MC Xuxú já se apresentou em rede nacional em programas como “Esquenta” com Regina Casé e conta com o apoio de grandes cantoras como Elza Soares.

"O mais importante é acreditar em você e nunca desistir, porque em algum momento o universo vai conspirar ao seu favor."

Foto Divulgação

Como surgiu MC Xuxú?

MC Xuxú surgiu entre 2007 e 2009, foi quando eu entrei pra ONG PZP (Posse de Cultura Hip Hop, Zumbi Dos Palmares), uma organização no bairro onde moro. Ali eu dei meus primeiros passos, tive a primeira oportunidade de me apresentar como artista, de aprender a compor, entender mais sobre música e até mesmo sobre as minhas raízes no cenário artístico periférico.

Quais são as suas maiores influências artísticas?

Quando tudo começou eu fui muito influenciada pelas músicas da Wanessa Camargo e até hoje tenho um grande carinho pela música dela. Agora, falando sobre inspiração para produzir e compor, em primeiro lugar eu coloco a Rihanna, mas disputando esse pódio com a Elza Soares, que me deu apoio publicamente nas suas postagens do twitter (risos). Esses três nomes que citei representam muito resumidamente o meu gosto musical, que ditou o caminho até eu me encontrar como MC Xuxú.

Como são as reações à repercussão do seu trabalho?

Eu tenho um público, o qual eu ainda não consigo dimensionar, mas é um público fiel. Sempre que lanço trabalhos novos, as coisas acontecem através deles, é um carinho muito grande que eu recebi e tenho recebido virtualmente em meio a pandemia. Tudo está meio bagunçado, né? Tem sido muito difícil equilibrar tudo. Mas, o carinho do público com meu trabalho é algo que renova as forças e me inspira a criar mais conteúdo.

Quando fiz o EP “Senzala“, eu não consegui o financiamento coletivo, através de editais e fiquei muito dolorida com isso, entende? Doeu demais. E logo após os episódios desses nãos, Elza Soares mostrou o apoio a mim, isso me fortaleceu muito no lançamento. Ela foi muito importante, a mensagem dela foi muito importante sobre essa minha trajetória, principalmente nessa fase, e tem sido até hoje, porque me inspiro muito nela, sou uma grande fã que sonha um dia, quem sabe, ter a oportunidade de realizar algum trabalho ao lado dela.

"Quanto mais as pessoas me escutam, mais eu me sinto salva."

Foto Divulgação

Como tem sido driblar todas as adversidades deste momento?

Tem sido cada dia mais difícil, eu tenho divulgado muito as minhas músicas, meus clipes e peço diariamente a minha fã base para que ouçam não só meu trabalho, mas também deem apoio às outras centenas de dezenas de travestis e transexuais que vivem da arte e nesse momento estão desassistidas como eu!

Nesta pandemia eu tive a perda de uma das minhas principais ferramentas que foi a minha conta principal do instagram, com 50k seguidores, este foi o ápice dessa transição pra mim. Mas, em meio a todo esse contratempo, eu tive um grande gatilho que foi a inclusão da música “Um Beijo” no filme “Alice Junior” produzido pela Netflix em 2020. Isso reverberou de maneira muito positiva num momento muito desesperador. As plataformas streaming tem me auxiliado muito no meio do caos, então, quanto mais as pessoas me escutam mais eu me sinto salva.

"...Deem apoio às outras centenas de dezenas de travestis e transexuais que vivem da arte e nesse momento estão desassistidas como eu!"

Foto Divulgação

Qual conselho você dá aos novos artistas independentes?

Não importa de onde você vem, o que você faz ou fez, o quanto você tem de grana, como você transa (risos), o quanto você tem de peso, faça, vá, acredite em você, pegue todos os problemas, todas as mágoas, e transforme arte. Porque é isso que eu faço, meus melhores trabalhos não foram criados em um arco-íris. O mais importante é você acreditar em você e nunca desistir, porque em algum momento o universo vai conspirar ao seu favor.

Álbuns, Singles e EP’s:

Perfeita aos Olhos do Pai:

 

 

Senzala:

O Clã:

Marginal:

TOP 20 MC Xuxú

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