JOE WELCH, A VOZ DA QUARENTENA, CHEGOU LÁ.
Hoje, a entrevistada é uma cantora muito querida, que teve um destaque enorme com suas lives durante a pandemia.
Ela canta há 25 anos, é casada, formada em Medicina Veterinária e ainda consegue conciliar a maternidade de um menino de 2 anos e cuidar de sete cachorros, todos resgatados. Ufa!
Neste papo, você vai conhecer um pouco mais sobre a sua trajetória na TV, a sua carreira e as histórias dos bastidores da nossa querida Joe Welch.
Nos conte um pouco da sua trajetória. Quando foi que você começou a se interessar por música, quais foram as dificuldades, como foi essa caminhada?
Comecei a cantar com 18 anos. São 25 anos de carreira, vivendo somente de música. Sendo que o canto lírico era estudo e dance music, como profissional.
Em 1995 Integrei o Doo-Dad, junto com Fernando Zuben, grupo de ópera dance que liderou as pistas da época, dentre os poucos grupos brasileiros de dance music daquele momento.
Fui vocalista do Musical Sallon Show do Hopi Hari e por 3 anos vocal na banda do Domingão do Faustão.
Sempre na linha pop dance – e pasme – ópera, pois era meu ramo de estudo musical!
Programas de TV, como Fama, Pop Star, Ídolos, Raul Gil e os demais de talentos das emissoras de TV até cansar.
Muitos deram certo, outros, não! Meu estilo de voz forte e minha pegada internacional demais me deixaram meio que fora do gosto popular brasileiro.
Quais são as suas maiores referências musicais dentro e fora do meio eletrônico?
Tina Turner, desde sempre! Vozes negras e fortes, ou tudo que passava perto disso. Nina Simone, Ella Fitzgerald, Cher, Aretha Franklin, Jennifer Holiday, Freddie Mercury e no lírico, Sarah Brightman, Maria Callas e Josh Groban.
Mesmo sem eventos, você conseguiu, através das LIVES, bastante destaque durante a pandemia. Como vê o impacto deste fato para os artistas e o futuro dos eventos?
Tive que me reinventar. E com urgência, pois estive por mais de um ano, por conta do nascimento do Liam, fora dos palcos.
Com a pandemia, meu mundo desabou, por falta de trabalho. Acabou com o meu psicológico, com o meu saldo bancário e as esperanças se esvaíram, como a de muitos artistas e trabalhadores autônomos.
Abrimos uma APOIA.SE, para uma vaquinha online, e no fim de Março iniciamos as lives semanais, sempre às terças, sextas e sábados, a princípio.
Depois tivemos que reduzir as lives para sextas e sábados, por conta dos custos.
Foram mais de 92 shows online até hoje e pretendo continuar até que normalize a situação da pandemia no país.
Não imaginamos o sucesso disso tudo. Graças ao trabalho do meu esposo que é engenheiro de áudio/vídeo, a qualidade da live se tornou ótima e chegamos a manter cerca de 1.000 pessoas online durante as apresentações e mais de 100 mil views em vídeos, através de Facebook e Youtube!
Infelizmente, por conta de direitos autorais, fomos obrigados a sair do Facebook, ou perderíamos a página.
Continuamos até hoje pelo YouTube, ainda bombardeados pelo Copyright.
Acredito que mediante tudo isso, a curiosidade por conta das lives será maior, no quesito de fazer mais eventos após a pandemia.
Creio que os artistas em geral terão as mesmas condições.
Quais as vantagens e as desvantagens de trabalhar voltada para o segmento LGBTQIA+?
É o melhor público. Quando amam, AMAM! É o mais caloroso, intenso e participativo que existe!
Mas, infelizmente, nota-se que há uma transição, um modismo que temos que lutar sempre contra.
Com exceções, não existe uma fidelização com o artista, em sim com o que faz mais sucesso no momento.
“É incrível a relação de amor que os fãs projetam na gente.” Joe Welch.
Sabemos a dificuldade de viver de arte em um país como o nosso. Mas nos conta também um pouco da alegria, do carinho do público, dos fãs, da sua relação com eles.
Como disse, os que fidelizam um artista, ficam com ele sempre.
Muitos fãs se tornaram mais próximos e alguns até amigos! Sempre presentes, comparecendo aos eventos e se importando com cada fase na nossa vida, acredite.
Já pintaram meu rosto em quadro, já nomearam seus pets com o meu nome e até tatuagem também, já fizeram! Emocionante!
É incrível essa relação de amor que eles projetam na gente!
Conte-nos uma história engraçada e uma inesquecível que você vivenciou em uma apresentação.
Cair sentada no palco, cantar quase sem voz, errar a letra, fã enlouquecido pular em cima do palco, a roupa rasgar no meio da apresentação – isso por várias vezes!
Mas o mais memorável, foi o show pra mais de 70 mil pessoas no sambódromo do Anhembi, na Festa Spirit of London, onde cada boca cantava o refrão da minha música, então estourada na época, Lollipop. Arrepiava! Só de lembrar ainda arrepia!
Qual sua opinião sobre a aceitação cada vez maior dos vocais em Português nas pistas LGBTQIA+?
Como disse, acredito que há um modismo. A tendência a esculpir uma identidade com o que há no momento.
Mas não sei se o português será uma via de mão única que vem para ficar nas pistas.
Acredito que sempre haverá uma ou outra, mas a maioria sempre será com vocais internacionais.
Baseada na sua experiência, quais são os fatores mais importantes para o sucesso de um “pocket show” dentro de uma festa eletrônica?
Primeiramente, deixar claro pro público quem é o artista. O que ele canta, qual estilo é.
Muitos conhecem, mas muitos não, e isso pode gerar um conflito.
Segundo, o tempo de show. Sabemos que um show com mais de meia hora não é mais bem tolerado em uma festa eletrônica por vários motivos.
Terceiro, o conteúdo que vem junto com o artista. Uma boa base, uma boa voz, uma apresentação coesa, com músicas conhecidas. Sim, isto é muito importante!
E por último, não menos importante, se assegurar que nenhum DJ toque nada do que o artista for cantar. Pasme! Isso é mais comum do que se pode imaginar!
“Música é DOM, você nasce com ele”– Joe Welch.
Que conselho você daria agora pra quem “ouviu o chamado” e está começando a carreira na música? Se pudesse começar agora de novo, faria algo diferente?
Em primeiro: (Serei criticada por isto, mas senti na pele o poder dessa afirmação): Estude outra coisa além da música.
TODO MUNDO PRECISA DE UM PLANO B!!!!!
Em segundo lugar, seria menos boba. Ajudei muita gente. Acreditei em muita gente. E fui passada pra trás por muita gente. Guardaria muito mais dinheiro! (Risos)
Música é DOM, você nasce com ele. Você pode aprender a cantar, a tocar, mas JAMAIS se aprende a fazer o público se arrepiar e chorar com o que sai da sua boca, da sua alma! Isso se chama CARISMA! E carisma, a gente tem ou não. E como saber?
Você irá saber, acredite. As manifestações são mais evidentes que você imagina!!