ÍCONE | O Rei das Mixagens

DJ Vlad celebra os 27 anos com uma entrevista bem descontraída e divertida
Photoshooting - Stars Studio - Abril/2021 - Foto: Edmar Martins/ Stars Group Brazil

Quem nunca ouviu falar do DJ Vlad? Se você tem pelo menos uns 3 anos de vivência na cena eletrônica LGBTQIA+, provavelmente deve ter fervido, ou visto ele em alguma pista, isso não só em São Paulo, mas também neste “Brasilzão”. Conhecido por sua alegria contagiante durante as suas apresentações, com um carisma de fazer inveja e técnica em mixagens únicas de fazer qualquer um ficar com o queixo caído ao chão, hoje falaremos desse DJ.

Na tarde de preparação da sua live de comemoração de 27 anos de carreira, exibida no dia 29/04, e que também estará disponível na íntegra no Youtube, tive um papo bem divertido, regado a gargalhadas e boas lembranças no qual pudemos falar desses anos todos e relembrar bons momentos.

Dos 27 anos que ele faz as pistas vibrarem ao seu som, pelo menos 20 eu acompanho sua trajetória, e desde a primeira vez fiquei fascinado pela empatia, carisma e principalmente sua técnica. Essa admiração não ficou somente como ouvinte, mas ela veio também na oportunidade de ser aluno em sua escola para formação de DJs, a DJ Class.

Por isso, com todo o respeito e carinho que tenho por esse poderoso mago das pickups, convido você meu caro leitor “colorido” a conhecer um pouco dessa caminhada, com histórias únicas, falas fortes e também entender porque ele é único, com sorriso e gargalhadas largas, um DJ de extrema simpatia, profissionalismo e com muito amor pelo o que faz… Com vocês, DJ Vlad.

Quando você imaginou que você ia ser DJ? Como começou sua carreira? E o primeiro convite como rolou?

Na verdade, eu nunca imaginei ser DJ, foi uma vontade, um sonho que começou, após um bom tempo escutando música, comecei a escutar com mais ou menos 8/ 9 anos, criar uma personalidade e o gosto pelas músicas. Com 12 anos comecei a sair para as matinês. Em 1985, em Ilhéus-BA, eu e uns amigos que escutávamos o Piu Som, estávamos conversando sobre som e música quando eles disseram que o Piu ia mudar de nome e que ele se chamaria DJ Piu. Confesso que eu estranhei de imediato, mas quando ouvi DJ, quis me aprofundar, queria saber o significado da palavra DJ. Naquela época eu não tinha informação, foi aí então que eu me interessei, vi uma capa de disco do Furacão 2000, e nela tinha os nomes relacionados dos DJs e isso me despertou o interesse em pesquisar. Então logo que cheguei a SP comecei a buscar a realização do sonho de ser DJ.

A minha carreira começou em 1994, o ano que finalizei meu curso para DJ na Fieldzz do saudoso DJ Iraí Campos, na época era um dos nomes mais cogitados, era um artista badaladíssimo em SP. Comecei a minha trajetória em 1990, eu já frequentava e curtia baladas, ia para as matinês, escutava vários DJs, mas meu amor só aumentou quando realmente eu comecei o curso, o meu professor foi o DJ Akeen. O meu primeiro convite, se é que podemos chamar de convite, foi para fazer um teste e após teste, eu me tornei residente. Isso foi na boate Álibi, só aconteceu porque teve um imprevisto e acabei sendo colocado a prova, por isso que não considero como um convite, diante da necessidade, tive que apresentar meu trabalho no teste e desenrolou. Era pra ser DJ mesmo (risos).

Estúdio da Fieldzz escola onde se formou como DJ no Ano de 1994 - Foto: Acervo Pessoal

“A música eletrônica é evolutiva, da época que comecei a tocar até hoje, muitas mudanças e ramificações aconteceram, porém o fator qualidade mudou bastante, acredito que as músicas de anos atrás possuem mais qualidade comparadas com as da atualidade, mas acredito que o futuro pode trazer mudanças, não tenho como prever 100%, mas acredito nesse caminho, de novos conceitos e que com certeza surgirão novas sonoridades, sempre aconteceu isso e continuará acontecendo.” – DJ Vlad.

Qual a sua opinião sobre o cenário futuro da música eletrônica?

A música eletrônica é evolutiva, da época que comecei a tocar até hoje, muitas mudanças e ramificações aconteceram, porém o fator qualidade mudou bastante, acredito que as músicas de anos atrás possuem mais qualidade comparadas com as da atualidade, mas acredito que o futuro pode trazer mudanças, não tenho como prever 100%, mas acredito nesse caminho, de novos conceitos e que com certeza surgirão novas sonoridades, sempre aconteceu isso e continuará acontecendo. Os DJs antigamente tinham menos alcance da tecnologia, e ainda com toda a dificuldade, conseguiam fazer excelentes trabalhos, ao contrário de hoje, que a tecnologia favorece e muito, mas acho que falta interação entre a linha de produção e a tecnologia. Eu torço para que o cenário eletrônico tenha cada vez mais qualidade e criatividade.

Na sua história de carreira você passou por vários locais importantes para a cena eletrônica em São Paulo. Em quais casas você tocou e em que ano?

Como DJ convidado eu passei por várias casas noturnas, na época as noites eram feitas por um ou dois DJs residentes e mais um convidado, ou os DJs poderiam ser residentes de algum projeto que aconteciam especificamente em um dia e um local. A minha primeira residência foi no Álibi, que ficava na Praça Roosevelt. Em 1995, eu fui para a Panther Boys na boate HS, depois retornei para onde era o Álibi, com estrutura nova que passou a se chamar Espaço Nation, o dono era o mesmo da Club Sound Factory. Eu era residente nas noites de quarta, que era direcionado para o público LGBTQIA+ e tocava Tribal e vertentes, o cenário era clubber, tinha uma mistura de públicos e o som era mais underground, mas ainda assim, o som era mais comercial e tribal. Trabalhei no Vektra Cia Brasil em 1997, onde já era um outro cenário, um público mais jovem e heterossexual, consegui fazer um bom trabalho por lá, tocava um som mais underground. Nesse período, a Silvetty Montilla me fez o convite para ser residente da balada Point H, que ficava em Itu. Em 1998, comecei a minha residência na Mad Queen, que era de quinta a domingo. No ano 2000 fui trabalhar na Diesel-Base do Sergio Kalil, eu tocava aos domingos. Nessa mesma época, tocava às sextas no Massivo e aos sábados na Santa Mix no Guarujá. Toquei às sextas e aos domingos na Salvation, alternando, ela ficava no Largo do Arouche. Toquei também na boate Camaleão Mix Club que ficava na Ilha Porchat em São Vicente. E por fim, fui residente da Danger Dance Club de 2001 a 2007 e minha última residência foi de 2007 a 2020 na The Week. Em paralelo à Danger, fui residente da Ultra Diesel, Festa da Lili em Brasília, As meninas Pool Party, Single Party After, Insana em Campinas e toquei em várias casas da época como convidado : The Club, Blue Space, So Go, Massivo, Ultra Lounge, Puerto Libre e muitas outras. Bons momentos (risos)

Festa The Week Brazil - Foto: Acervo Pessoal

Circuit, Progressive, Tribal ou House, qual estilo melhor te define?

O House me define, porque todos os outros estilos são variantes/vertentes dele, mas em meus sets sempre tiveram Tribal, Circuit e Progressive. Eu já toquei Techno também, sempre gostei muito. Desde que eu ouvi Kraftwerk, aos 12 anos, eu sempre amei música eletrônica.

O que você considera um “pecado” quando um DJ está se apresentando? O que você acha que um DJ deve evitar ao se apresentar?

Não sei se pecado seria a palavra, mas acho que a entrada e a saída de uma mixagem de forma muito brusca, eu acho que interfere um pouco. Cada DJ toca de uma maneira, mas é preciso ser coerente sobre o tempo de entrada e saída, saber os pontos corretos da música, se do ponto que você escolheu, encaixa e se você consegue criar, acho muito importante, o DJ que não respeita isso, podemos considerar um pecado. Um outro ponto, eu acho que o DJ deve evitar repetições de músicas no mesmo evento, mais de um DJ tocando a mesma música, deixa de dar oportunidade de ouvir outras sonoridades.

Quais DJs influenciaram sua carreira? Quais são os que te influenciam na atualidade?

A minha principal influência foi o DJ Iraí Campos. Em 1988, quando eu vi a capa e ouvi o disco “O Som das Pistas”, eu entendi que queria ser DJ, não sabia como isso aconteceria, mas já tinha certeza que seria DJ. Quando cheguei em SP, fui fazer o curso dele.

O DJ Ricardo Guedes, foi a minha influência no House, ele era impecável, extraordinário, as mixagens eram incríveis, ele tinha o conhecimento. O DJ Marky, foi minha influência em questão de técnica, quando o vi tocando e elaborando algumas técnicas, eu entendi que podia fazer também. Essas foram as minhas influências aqui no Brasil. Do exterior, Erick Morillo e Carl Cox foram os que me influenciaram, ainda hoje, Carl Cox continua me influenciando, pela dimensão musical e por tantos anos continuar sendo DJ com maestria.

“Todo DJ tem uma referência artística, antigamente, no mercado que atuava, existia um leque gigantesco, tanto de DJs quanto de produtores, como produtor queria pegar a ideia de produção e como DJ, queria pegar a linha de pensamento, o casamento das músicas.” – DJ Vlad.

Quais são suas referências atuais? Quem você tem ouvido? Quem você tem consumido?

As minhas referências atuais estão ligadas a atual sonoridade, normalmente escuto todo o tipo de música, eu procuro abranger tudo, desde o flashback à música atual, mas confesso estar ouvindo muito House e Tech House, com Low bpm. Uma sonoridade bem diferente e que tenho ouvido é a do Bruxo (apelido dado carinhosamente ao DJ Boris Brejcha)

Eu sei que você na primeira década dos anos 2000, você produziu muitos tracks encomendados por várias drags e artistas da noite? Como foi essa experiência?

Era muito legal, além de entrar na cabeça da artista e de ouvir o que ela queria, eu tinha que buscar uma linha de identificação, ou seja, eu tinha que entender o que a artista queria e transpor para a edição, eram edições para shows. Foram meus primeiros passos, onde eu queria produzir alguma coisa, eu utilizava o Sound Forge, o primeiro software que utilizei para a edição (pra mim o melhor para edição até hoje) e trabalhava na edição. Eu procurava o ponto certo para fazer as ligaduras, inserir batidas e foi aí que começou o lance de produção. Era muito legal, porque a musicalidade era outra, era incrível, os vocais predominavam, cheio de Divas e eu passava um longo período, às vezes um dia todo, a gente mexia e resolvia.

Photoshooting - Stars Studio - Abril/2021 - Foto: Edmar Martins/ Stars Group Brazil

E o DJ Producer volta com tudo?

O plano é que ainda em 2021 aconteça, mas a pandemia atrapalhou um pouco. Com o retrocesso de fases do isolamento atrasou, mas nem que seja no final desse ano ainda, quero muito voltar a produzir, é o que eu gosto de fazer, me alimenta.

Eu tenho investido em criações Ao Vivo, nos mashups. Às vezes estou tocando e as pessoas nem percebem que estou fazendo ao vivo.

O que te inspirou na música eletrônica? Tem algum remix, track ou mashup que seja seu xodó?

Todo DJ tem uma referência artística, antigamente, no mercado que atuava, existia um leque gigantesco, tanto de DJs quanto de produtores, como produtor queria pegar a ideia de produção e como DJ, queria pegar a linha de pensamento, o casamento das músicas. Não existia a facilidade de softwares que auxiliavam, o DJ tinha que colocar a criatividade auditiva e eu sempre queria captar a ideia. As minhas influências sempre foram um pouco de cada DJ, de diversos estilos, então eu procurava mesclar. Na minha última live, eu toquei um mashup, que eu fiz em 2010 da P.Diddy Feat. Keysha Cole – Last Night – que foi muito legal e gosto muito. Já ouvi vários DJs tocando e sempre quando ouço, eu lembro que essa música me marcou muito e esteve sempre nas minhas playlists. Eu gosto sempre de revisitar ela e colocar nos meus sets.

Com a popularização da música eletrônica, o DJ ficou em mais evidência, você acha que banalizou? Com a popularização a qualidade musical e a qualidade da cena melhorou ou piorou? O que você sente de diferente da época que você começou com os dias de hoje?

Eu não acho que banalizou, tudo o que vem com o fácil acesso, a consequência é ampliar e com a tecnologia facilitou mais, eu vejo que os artistas precisam se valorizar mais, para não gerar essa sensação de desvalorização. A sonoridade é bem mais fácil de você ter acesso nos dias atuais, venho de uma época que ter acesso às informações era difícil por conta dos recursos e do difícil acesso. Hoje com toda a facilidade, ainda acho que não é explorado.

Pickup Danger Dance Club 2000 - Foto: Acervo Pessoal

“O meu estilo veio de onde eu acredito que todos os Djs deveriam fazer: frequentar pistas, prestar atenção e assistir outros DJs, porque com isso você consegue ver o que é legal, o que serve para você e te inspira.” – DJ Vlad.

Encontrar o seu próprio estilo é uma coisa muito difícil. Qual foi a sua inspiração para encontrar o seu?

O meu estilo veio de onde eu acredito que todos os DJs deveriam fazer, frequentar pistas, prestar atenção e assistir outros DJs, porque com isso você consegue ver o que é legal, o que serve para você e te inspira. Eu consumi e consumo todos os estilos musicais, quando você faz isso, você consegue criar seu próprio estilo e também quando você presencia um bom DJ tocando, você consegue absorver a desenvoltura do som do DJ.

Quando eu vi o Tio Bola se apresentando, um dos DJs mais versáteis que conheci, ele tocava numa boate, tocava de tudo, de axé e pagode até eletrônico com todo o leque de opções, foi daí que veio minha principal referência. Ver um DJ que executava vários estilos e saber que ele conseguia dominar a pista com todos os estilos.

“A música eletrônica é universal. DJ, fã e público são uma coisa só. O contato com o fã é bom demais, todo artista tem que ter esse elo, o feedback.” – DJ Vlad.

O que você acha da relação entre fã, DJ e música eletrônica?

A música eletrônica é universal. DJ, fã e público são uma coisa só. O contato com o fã é bom demais, todo artista tem que ter esse elo, o feedback. Eu sou um artista que gosta desse contato, tanto que eu sempre chego antes do horário para tocar e também gosto de ficar na pista depois que eu toquei, exatamente para ouvir a opinião e receber o carinho do público, além de conversar, abraçar, tirar foto e curtir. Essa atenção se estende às redes sociais, eu gosto de dar atenção e retribuir o carinho.

Vc já ouviu uma música e pensou : “tenho essa música no meio do meu acervo, mas não lembro qual é….” vc deve ter milhares de vinis, CDs e arquivos mp3. Como você se organiza?

Os vinis eu não tenho mais (risos). Eu já vendi todos, já tive milhares e quando ganhar na loteria, eu compro tudo de novo (mais risos). Com as músicas, já aconteceu várias vezes em que eu pensava em tocar uma música, mas ela não estava naquele pen drive ou HD. Eu procurei fazer uma organização, que é o ponto crucial para saber onde encontrar exatamente, eu tenho dois tipos de armazenamentos: um que eu mantenho em casa, que é a minha coleção, onde tem as músicas com mais tempos, clássicos musicais; e o segundo que são músicas pré selecionadas que ficam no meu notebook, elas já estão analisadas no rekordbox (software utilizado para organização de playlists para DJs). E um detalhe, elas estão separadas por ano, estilo e BPM.

DJ Vlad e DJ Robson Mouse - Pickup Cantho Club 2009 - Foto: Acervo Pessoal

“E desde então acompanho a tecnologia, esse é o diferencial que o DJ deve ter, tem que acompanhar as novidades. Hoje não critico, não falo mais, independente da maneira, o importante é a mixagem. Os equipamentos melhoraram, na verdade, eles facilitaram as mixagens para o DJ, por isso, tem que aproveitar o que a tecnologia tem a oferecer. É um mundo gigantesco.” – DJ Vlad.

O consumo do vinil tem aumentado visivelmente, e não faz tantos anos, passamos pela modernização com CDs e pendrives. Antigamente existia uma certa relutância e aceitação dos CDs e arquivos eletrônicos, o que você acha que resiste? Como foi essa modernização ao longo dos anos para você? Essa guerra existe? Existe diferença na qualidade das mixagens? Você se considera atualizado com as novidades do mercado?

Sobre o vinil, eu relutei no início, eu e meu grande irmão Robson Mouse (in memoriam), na época chegamos a usar uma camiseta, que estava escrito “F**** the CD” na frente e na parte das costas “The real DJ plays on vinil” (O verdadeiro DJ toca em vinil). Eu toquei com essa camiseta várias vezes (risos), relutei bastante, mas o mercado exige, a tecnologia anda a passos largos, eu procurei absorver o máximo da nova tecnologia para que eu pudesse usar com propriedade e também para usufruir mais pra frente, mas não parei de tocar vinil tão cedo, eu parei em 2004/2005. Mas com o preço muito alto dos vinis e dos mecanismos, me rendi aos CDs, porque eles tinham uma qualidade superior, principalmente nas partes agudas, as músicas ficavam mais nítidas, em contraponto que o vinil priorizava as partes mais graves. Passei pelos MDs (Mini Disc) até que cheguei ao ponto de trocar vinis por singles (CDs). E desde então acompanho a tecnologia, esse é o diferencial que o DJ deve ter, tem que acompanhar as novidades. Hoje não critico, não falo mais, independente da maneira, o importante é a mixagem. Os equipamentos melhoraram, na verdade, eles facilitaram as mixagens para o DJ, por isso, tem que aproveitar o que a tecnologia tem a oferecer. É um mundo gigantesco.

Você acha que as redes sociais e a modernização dos equipamentos ajuda no dia a dia do DJ?

As redes sociais são super bacanas, eu gosto. Mas sou bem tranquilo, não sou exibicionista. Interajo, converso com as pessoas, trabalho na medida. Para o artista, as redes sociais são a principal fonte de informação e contato com as pessoas e público. A tecnologia faz com que os DJs tenham um domínio maior sobre o áudio que ele está trabalhando, procuro usufruir o máximo do que é oferecido, vale do profissional buscar, se atualizar e ter conhecimento.

Festa da Lili - Brasília - 2015 - DJ Chris Cox e Vlad na pickup da Festa - Foto: Acervo Pessoal
Festa Safado - The Week Brazil - 2015 - DJ Chris Cox e Vlad na pickup da Festa - Foto: Acervo Pessoal

Qual foi a sua maior realização durante sua carreira?

Tenho duas: uma é quando comecei a tocar, meu sonho era ser DJ e ter uma escola de DJs, mas o legal e que me marcou, foi quando passei a pista para o DJ Peter Rauhofer (in memoriam) em uma festa da The Week no Metrópole; a segunda foi mais especial, que foi quando toquei com o Chris Cox, que era um cara que eu curtia o som dele, conhecia a história dele com o Barry Harris e de repente, eu estava tocando com ele na festa da Lili em Brasília. Neste dia conversamos bastante, ele me elogiou e disse que eu era um dos melhores DJs que ele já tinha visto mixando.

Quais foram as principais festas que você tocou? Qual a que te traz as maiores lembranças?

São essas duas festas, a Festa da TW no Metrópole e a Festa da Lili, em Brasília. Nem tanto pela festa em si, mas por ter contato com esses artistas incríveis.

Qual foi o seu maior público?

A Parada LGBTQIA+ em vários anos e o Alerta CariedAids em 1994, tinha cerca de 25.000 pessoas.

“A sensação de passar conhecimento, instruir uma pessoa e ela ter interesse em aprender, é a sensação mais gostosa que você pode sentir. Você ter pessoas que te admiram não só pelo seu nome, mas também pelo seu talento, me deixa sem palavras para expressar, porque a sensação é muito boa.” – DJ Vlad.

Você tem uma escola de DJs. Como é ser um DJ aclamado das pistas e também ser professor/ instrutor de novatos e menos experientes? Quais os planos para a DJ Class?

A DJ Class era um sonho, após um bom tempo, quando eu adquiri domínio, eu sempre quis passar meu conhecimento, tanto em equipamento quanto o contato com a pista.

A sensação de passar conhecimento, instruir uma pessoa e ela ter interesse em aprender, é a sensação mais gostosa que você pode sentir. Você ter pessoas que te admiram não só pelo seu nome, mas também pelo seu talento, me deixa sem palavras para expressar, porque a sensação é muito boa. As pessoas te procuram enquanto você toca, dizem que querem aprender com você, depois fazem o curso e ainda saem realizadas, isso me traz uma felicidade profunda.

Eu tenho alguns planos para o próximo ano, vou colocar o ensino de Produção Musical e tenho alguns projetos que ainda não posso contar, mas em breve conto a vocês.

DJ Vlad na DJ Class - Foto: Acervo Pessoal

Qual foi o momento mais embaraçoso/ engraçado da sua carreira?

(Muitos risos) Eu já comecei rindo, porque sua primeira pergunta foi exatamente sobre uma situação embaraçosa, tem a ver com o primeiro convite para tocar. Foi no Álibi, o dono do club era o mesmo da boate que o Tio Bola tocava. Ele pediu para que o dono me desse uma oportunidade para fazer um teste, para ver se eu era bom. No dia do teste, fui na cabine e o DJ residente que estava tocando, pediu para que tocasse, porque ele precisava dar uma “saidinha”, me deixou com o fone e com a pista. Alguns minutos depois, ele voltou na cabine, todo bagunçado e despenteado, me dizendo que tinha saído aos tapas com o gerente, ele foi embora e falou: “Fica aí que eu tô saindo fora”. (risos)

Foi bem embaraçoso, porque eu dava risada e as pessoas me viam, mas não sabiam que eu  estava nervoso. Realmente, nesse dia, foi uma prova de fogo como DJ e eu entendi que era pra ser DJ mesmo, não tinha outra saída. (mais risos)

No final da noite, o gerente veio me elogiar dizendo que o público tinha gostado e que eu era muito simpático, inclusive disse que era sorridente (na verdade eu sorria porque estava nervoso) (risos)

A situação engraçada foi quando me contrataram para tocar em um salão de beleza, que estava fechado para ele e mais três pessoas, além dos funcionários. Montei o equipamento e comecei a tocar só para eles, enquanto isso, o contratante fazia as unhas, o cabelo. Depois, acabou virando uma festa, só com ele e os funcionários, e detalhe que isso aconteceu numa terça-feira. (risos)

O que o DJ Vlad de 27 anos atrás diria para o DJ de hoje?

Eu analiso todas as coisas do DJ Vlad lá do início de carreira e percebo que ele continua fazendo o mesmo, que é: ser profissional, respeitoso, humilde e batalhador. Então o que eu diria que você deve continuar a acreditar no que faz.

Photoshooting - Stars Studio - Abril/2021 - Foto: Edmar Martins/ Stars Group Brazil

Você voltou com o seu projeto #tbtribal? Do que se trata? Quem foram os artistas que já participaram? Você já pode dar um spoiler de quem pode ser um dos próximos convidados?

O #tbtribal é a idéia de trazer a lembrança e aos ouvidos, uma espécie de túnel do tempo, os clássicos e músicas do Tribal que fizeram história, juntei a idéia com a hashtag #tbt (throwback).

O projeto traz o calor, o som e a emoção dessas músicas para o atual momento. Eu fiz as primeiras edições e depois convidei alguns DJs como : Rodrigo Borro, André Martin, Junior Brito, Pacheco, André Yakko e outros. Devido a pandemia e o retrocesso de fases de isolamento, eu dei uma pausa, mas voltei com uma nova temporada e com mais convidados surpresas. Adianto que nessa temporada, vou receber DJs do mercado atual, com uma bagagem mais recente, para passarem a visão de como seria o #tbtribal deles, qual sonoridade, qual a visão de clássicos. O mais importante não é ter trabalhado ou vivenciado, mas é entender qual a visão do DJ. Quero dar oportunidade para essa nova geração, para mostrar a visão do que gosta, do que ouvia e mostrar ao público.

Aniversário The Week Brazil 2016 - DJ Vlad e DJ Edson Pride - Foto: Acervo Pessoal

Que dica você daria para os DJs iniciantes?

Em primeiro lugar ouvir músicas, de todos os gêneros, entender a história e a evolução da música, os DJs que fizeram história e assim entender o nosso momento atual, a entrega de quem fez acontecer até chegar à atualidade. Eu fiz assim quando comecei e aconselho isso para quem está começando. Pesquisar, escutar músicas do passado, procurar boas referências e o principal RESPEITO, não só para os colegas de geração mas também pelos mais antigos.

Halloween - The Week Brazil - 2015 - Foto: Acervo Pessoal

Vlad por Vlad

Esse sou eu, esse aqui que está conversando com você, não sou de me vangloriar, mas procuro ser honesto, humilde, batalhador, profissional ao extremo, dedicado, respeitoso e um cara que não desiste do que quer…. É isso!

Desafio em comemoração aos seus 27 anos, relacione as 27 músicas que trazem alguma parte da sua história como DJ.

1 – Joy Salinas – People Talk

2 – Moby – Go

3 – Depeche Mode – Enjoy The Silence (Hands And Feet Mix)

4 – Kon Kan – I Beg Your Pardon / Harry Houdini

5 – Erasure – A Little Respect

6 – Ralphi Rosario – You Used To Hold Me

7 – Shawn Christopher – Don’t Lose The Magic (David Morales Club Mix)

8 – Masters At Work & India – I Can’t Get No Sleep (kenlou 12”

9 – Plus Staples – We Got To Be

10 – Robin S – Show Me Love [Stonebridge Club Mix]

11 – Aly us – Follow Me

12 – Jaydee – Plastic Dreams

13 – 2 Brothers on the 4th floor – Never Alone

14 – Captain Hollywood Project – Impossible

15 – Jam & Spoon Feat. Plavka – Find Me

16 – Whitney Houston – Step By Step – (Junior Vasquez Arena Anthem Mix)

17 – Olive – You’re not alone (Matthew Roberts Cloud 10 Remix)

18 – The O.T. Quartet – Hold that sucker down (Happy Danze Vocal Mix)

19 – Ultra Nate – Free (Extended Vocal Mix)

20 – Mary Griffin – We Can Get There (Thunderpuss 2000 Club Mix)

21 – Mary J. Blige – No More Drama – (Thunderpuss Club Mix)

22 – Kristine W – Save My Soul (Gabriel & Dresden Remix)

23 – Suzanne Palmer – Home – Offer Nissim Part 1

24 – Agnetha Faltskog – When You Walk in The Room – (Sound Factory Edt)

25 – Freemasons feat. Bailey Tzuke – Uninvited – (Club Mix)

26 – Dr. Kucho! & Pedro Del Moral Rain (I Want A Divorce)

27 – KeeMo feat. Cosmo Klein – Beautiful Lie

Ouça agora a playlist oficial do DJ: 

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