A Colors traz uma homenagem em forma de história sobre o fenômeno brasileiro do dark forest
Elohim (do hebraico אֱלוֹהִים , אלהים) é um dos nomes de Deus. Revela seu caráter supremo, majestoso. Aparece no princípio criando os céus e a terra e manifesta a grande potência da criação (religiões abraâmicas). Manifesta os gêneros masculino e feminino em um só (gnosis) e carrega a grandeza de tudo que foi construído. Manifesta o trazer à luz, gerar. E o que seria a arte senão a capacidade de trazer ao mundo visível aquilo que está oculto, mergulhado no inconsciente?
Elowinz é uma variação na grafia do nome sagrado e traz toda essa energia do trazer à realidade. Como excelentíssimo representante da arte psy e cumprindo a própria “imagem e semelhança” do Supremo, ele vem com sua música densa e emocionante levar multidões ao transe psicodélico e assim acariciar seus ouvidos e inspirar suas almas à felicidade. Tendo sido aclamado em diversas regiões do globo terrestre, é o primeiro ícone do psytrance a ser homenageado no ano de 2022.
Diogo Gouveia tem a música correndo em seus vasos sanguíneos. Numa tarde de terça-feira ele contou à Colors sobre suas primeiras experiências musicais em bandas de hardcore, onde tocava bateria. Disse também que estudou guitarra e desde os 13 anos respira música. Até 2004 seguiu com as gigs com grupos musicais, o que já lhe serviu de grande experiência com o público.
Em 2005 foi morar em Florianópolis e conheceu uma boa galera raver. Nesse mesmo ano ele esteve em seu primeiro festival alternativo de psytrance – o Trancendence – onde se apaixonou pelas vertentes psicodélicas da e-music. Diante do seu já conhecido amor pela instrumentalidade musical, ele não perdeu tempo: se inscreveu no mesmo ano na escola de produção Groove Art, onde veio a desenvolver as habilidades necessárias para se tornar agora um “homem banda” – afinal, é mais ou menos esse o trabalho de um produtor ao criar cada detalhe de todos os synths, leads, basslines, reefs de bateria, guitarra e até instrumentos criados na imaginação que tomam forma audível através dos VSTis e dos racks analógicos.
Dessa dedicação às melodias e ao ritmo pulsante do psy, nasceu o projeto Disfunction, que já se sagrou uma jóia do dark prog lançando pela grandiosa Zenon Records. A gravadora atualmente já é bastante conhecida no Brasil pelo seu estilo bem futurista, que absorve uma gama de nuances sonoras profundas e minimalistas (e às vezes obscuras) e mantém uma forte referência technera em seus releases.
A label dá espaço para artistas extremamente autênticos e reconhecidos mundialmente pelo flow progressivo impecável e aquele sound design que te põe literalmente dentro da obra musical. O jovem e talentoso produtor paulista já estava lá, fazendo parte do casting da Zenon, o que só confirma a grande habilidade e destreza com que nosso homenageado pratica sua musicalidade.
Pedro Gouveia, porém, já estava envolvido numa esfera mais pantanosa da música eletrônica. Frequentava festas dessa cena mais que underground (digamos que seria “o porão do subsolo” em termos de psy). Segundo Diogo, seu irmão é uma grande referência musical, de vida, parceria e amizade. Ele permanece até hoje e cada vez mais forte, sendo também um dos grandes nomes do psytrance BR, com seu projeto Golomp e como “the boss” da aclamada Grimm Records, e se declara um dos maiores fãs do trabalho do Elowinz:
“É o meu maior orgulho, o meu irmão! Sempre acompanhei ele desde moleque, sempre tocando. Ele seguiu meu fluxo de festas, mas se conectou de uma forma pessoal. Começou a frequentar com os amigos e logo seguiu pelo caminho do som noturno. Desde sempre foi um grande pesquisador, absorvendo tudo com muita facilidade.
Ouvíamos música juntos desde novos; ele começou a se dedicar à música eletrônica lá pelos meados de 2005 e nunca mais parou. Mais de 15 anos de estúdio, desde que largou o hardcore e começou a produzir e-music, sempre focado e super talentoso. Repito, ele é meu maior orgulho. No mundo musical, claro que tenho minhas referências antigas, mas a maior de todas é o Diogo.
O moleque é mestre demais, mas tem o ego apurado. Ele se segura muito, sempre com o pé no chão e muito profissionalismo. A nossa conexão é um som infinito. Ele ainda tem muita coisa a fazer e estamos sempre um pelo outro. E isso é só o começo, muita psicodelia ainda para rolar desse grande nome e grande exemplo que eu tenho de sangue e de coração.” – Pedro Gouveia, irmão.
Dioguinho foi ao Universo Paralello 11 (que aconteceu na virada de 2011 para 2012) já apresentando o seu live progressivo Disfunction, e nesse ano sentiu grande inspiração para produzir o forest que vinha ensaiando desde 2006, mas ainda estava restrito ao estúdio porque o resultado ainda não o havia agradado. Mubali, Jahbo e DJ Giuseppe (dono da gravadora Parvati Records) se apresentaram nesta edição e foi inesquecível.
Dizem que uma vez que se é capturado pela experiência hipnótica e sensorial numa pista dark é um caminho sem volta. E assim o foi, não só para o Diogo; nesse mesmo ano surgiram os projetos Elowinz (que no início contava com o também produtor Tomas Vezzali aka Tots, que hoje mora em Barcelona) e Nargun, que também é um duo formado por dois outros gigantes do dark progressive: Onionbrain (Bruno Azalim) e Tijah (Juliano Bcheche). E foi assim que começamos a ter uma bela engrossada nas fileiras do forest BR, que hoje se tornou grandioso e aclamado no mundo inteiro.
Diogo já estava de volta a São Paulo e pediu ao Universo um nome para o seu projeto de forest. Na mesma semana, a palavra Elohim se repetiu de maneira incomum para ele, que se identificou com o significado poderoso do nome e resolveu criar um nome novo, mudando um pouco a grafia e entonação. Elowinz ficou legal e deu super certo! E assim, junto com o parceiro Tomas em 2012, mais ou menos em abril, já tinha uma primeira track. Alguns meses depois, ao receber o convite de Inê Montagnana para apresentar o Disfunction na Shiva Trance, Diogo comentou do seu novo projeto Elowinz e o resultado foi surpreendente:
“O Di é um ser de luz pura, assim como a música dele. Dois meses antes da Shiva Trance o Elowinz tinha apenas 4 tracks prontas. Eu disse a ele: você tem dois meses para terminar o live (risos). Ele simplesmente foi lá e fez! Quero deixar registrado o orgulho enorme que a madrinha tem dele desde o primeiro momento, como pessoa e como artista!” – Inê Goa Trance, DJ e organizadora da Shiva Trance em São Paulo.
Foi um sucesso estrondoso, e o fato de ser o seu primeiro cachê mais alto o estimulou bastante para seguir evoluindo cada vez mais. O Elowinz já estava pronto a se consagrar um dos maiores projetos de forest psytrance do mundo, e em 2014 Diogo foi convidado a apresentar o Disfunction no Freaks of Nature pelo DJ alemão Ankur, e levou na bagagem também o repertório do Elowinz.
Essa foi a primeira Euro Tour de uma sequência de seis anos seguidos marcando presença na temporada de festivais no verão europeu com ambos os projetos, estando em turnê na Europa por duas vezes no mesmo ano em algumas ocasiões nesse período. Em 2015 apresentou-se também no continente asiático, conquistando o público japonês e também o indiano com suas melodias cheias de psicodelia e cura transcendental.
O nosso homenageado chegou a apresentar-se também no Midnight Sun Festival no verão norueguês, uma época em que o sol simplesmente não se põe!
“Foi uma experiência bem louca, pois durante os 10 dias de evento o sol esteve 24 horas por dia no céu! Era sempre assim, o sol brilhando e um frio… Perdia-se a noção do tempo e por vezes passei dois dias acordado direto e o cérebro não se dava conta do horário de sono. Felizmente havia um quarto escuro onde pude descansar. Algo inesquecível!”, conta.
Ao longo desses nove anos de jornada do Elowinz, foram 2 EPs e incontáveis releases em compilações de vários selos e gravadoras. O projeto faz parte do casting da respeitada Parvati Records e foi o único brasileiro a lançar pela tradicional Sanaton Records (a faixa “Ubrahk”, que dá o título da compilação). Ele conta também que muitas tracks não foram lançadas e somente ele toca em suas apresentações, o que garante uma experiência totalmente exclusiva em suas gigs, para quem estiver no lugar certo na hora certa.
O Dioguinho, além de uma unanimidade pelo seu talento e dedicação à música, conta também com grande admiração de seus amigos e fãs por seu humor sempre sereno e personalidade iluminada. A seguir temos algumas pessoas que fizeram e fazem parte de sua história e/ou do seu dia-a-dia e que mandaram mensagens carinhosas para parabenizar o nosso ícone do psy brasileiro! Vamos nos emocionar um pouco junto com ele?
“Difícil falar sobre o Diogo sem falar de família, sua família é um alicerce muito forte, sempre do lado e crescendo. E por falar em família, formamos uma família ao longo dessa jornada, sempre conectada, não precisamos nem de palavras, só de estarmos por perto, já nos sentimos completos. Vou explicar um pouco sobre: Diogo foi sempre um dos pilares de segurança que tive quando decidi ir morar em São Paulo, lugar que escolhi como lar. Seu jeito de ser é único, sempre sereno e atencioso conquista todos. É mais que gratificante ter o Diogo por perto, sua música nem se fala, capaz de conectar a pista de uma maneira única, onde sentimos o transe coletivo natural. São tantos momentos mágicos que ele nos proporcionou, que é difícil escolher um momento, mas vou citar um momento marcante que foi registrado por uma amiga a Cat, DJ Pandemia que chegou e pediu um celular para eternizar esse momento, foi no final da noite Parvati que ele entrou, para fechar com chave de ouro, e foi emocionante olhar para os lados, e ver os amigos emocionados com o nosso amigo Brasileiro mandando o recado com muita classe. Diogo conectou o Brasil com o mundo de uma maneira diferenciada, na cena do Forest e Dark. Enfim, ele é um menino mágico, de quem todos gostam de estar perto e trocar pensamentos e conhecimento musical. Desejo muito crescimento e evolução constante para que sempre nos fortaleça. Ele Brilha e nos faz brilhar. Priiiilllllllllllllll!¹” – Helô Lima, amiga, raver, admiradora e movimentadora cultural da cena Psytrance BR.
¹Priiiilll é uma onomatopéia que ganhou o coração dos frequentadores de festivais de cultura alternativa e psytrance em toda a América do Sul através do grande xamã Jacinto Rosa, também conhecido como Munsmawa Chiumampi, que faleceu em março deste ano e era compadre de Diogo
São muitos os admiradores desse grande nome da música eletrônica, que mesmo sendo esse monstro da cena underground mundial, vive uma simplicidade real e constante. Ele atribui sua música primeiramente ao amor e em seguida ao trabalho.
“Comecei a fazer show com 13 anos e assim foi até os 15, 16 anos com minha banda de hardcore, é bom começar jovem. Quando se é novo, você tem tempo e aprende muito. Sempre tive essa vontade de tocar, de fazer shows. Fui primeiro na guitarra e depois virei baterista. Depois larguei a banda, conheci e me apaixonei pelo psy e daí por diante foram horas e horas de estúdio. Dificuldades, deixei de sair, não tinha grana para muitas coisas, mas tinha uma paixão.
A arte, principalmente a música, depende de paixão. Não pode ser movida por dinheiro ou por fama; precisa querer vivê-la e respirá-la.” – Elowinz
Através dessa singela homenagem, representamos milhares de fãs que admiram esse som que realmente parece vir de uma egrégora celestial. A Colors DJ Magazine se sente extremamente honrada em apresentar o primeiro ícone do psytrance no ano de 2022. Parabéns, Dioguinho! Desejamos que você e sua música prosperem ainda mais e alcancem cada vez mais pessoas ao redor do mundo!
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