Em suas apresentações, Gabriel busca sets contagiantes, criando uma jornada única para o público.
Já se apresentou em grandes selos em São Paulo e Curitiba e recebeu a missão de DJ residente em duas festas paulistanas.
Completando 2 anos de carreira, o DJ Gabriel Pinheiro vem conquistando o seu espaço na cena LBGTQIA+.
“…aqueles que levam com mais seriedade e dedicação são os que se destacam, os que permanecem tocando.” Gabriel Pinheiro.
Confira essa entrevista e descubra um pouco mais sobre a carreira e sobre as expectativas do nosso DJ Revelação dessa edição:
Tendo a música clássica e o rock como bases, o que te motivou a investir na carreira de DJ?
Sempre tive envolvimento com a cena noturna e com a música. Desde a adolescência, fazia aulas de música clássica e guitarra. Cresci ouvindo rock, indo a shows dos meus artistas preferidos (Bon Jovi, Oasis, Rolling Stones, Madonna), frequentando corais e concertos. Aos 18 anos, comecei a sair e conheci a noite de São Paulo, que é fascinante, enorme e plural. Das festas de pop e rock às baladas de música eletrônica, sem preconceitos. Tudo isso criou um repertório cultural amplo por aqui. Sou curioso, adoro conhecer pessoas e histórias (além de DJ, sou jornalista). Logo conheci quem produzia as festas, quem eram os artistas que faziam tudo aquilo acontecer. Meu círculo de amigos sempre incluiu produtores de eventos e DJs. Começar a tocar e fazer a transição de público para profissional da cena era só questão de tempo mesmo. Para muitos amigos, não foi surpresa quando decidi estudar discotecagem e dar o play profissionalmente, aos 31 anos.
Quando resolveu se profissionalizar, o que te levou a escolher a Agência Atomic?
Sem dúvida, o fato de eu conhecer de perto a carreira e o profissionalismo da DJ Mara Borges, que ministra as aulas, me fez escolher a Atomic. Ela é uma das profissionais mais respeitadas da cena, tanto pela técnica quanto pela postura. Foi quem abraçou esse sonho comigo. Além das técnicas de mixagem, na Atomic você vai muito além, tem dicas de carreira, aprende como se projetar de forma sólida com uma profissional que chegou no topo e não parou, está sempre buscando algo novo para as pistas. Recomendo a todos que querem aprender a ser DJ, profissionalmente ou como hobby.
Com tantos DJs no mercado e cada vez um número menor de festas, como você vê as oportunidades para novos DJs na cena LGBTQIA+?
Com a popularização dos cursos de discotecagem e acesso à música pela internet, tem cada vez mais DJs no mercado, profissionais ou não. Eu mesmo sou fruto dessa safra nova. Tem muita gente chegando, tem muito mercado em São Paulo, mas, como em qualquer profissão, aqueles que levam com mais seriedade e dedicação são os que se destacam, os que permanecem tocando. Você tem que achar algum diferencial e explorar isso, senão acaba sendo mais um DJ. Tem que fazer um bom trabalho de imagem, cuidar com carinho das suas redes sociais para atingir mais pessoas e estudar muito. Tanto na parte técnica quanto de repertório. Um DJ que traz músicas diferente em suas apresentações, que sabe mixar bem e que depois sabe vender tudo isso de forma criativa nas suas redes sociais certamente sempre vai atrair atenção, tanto do público quanto dos produtores. Ainda sobre as redes, elas são grandes aliadas para divulgar seu trabalho e faz com que ele chegue até pessoas que você sequer imagina. Mas é preciso tomar cuidado com exposição demais, comentários, opiniões. Da mesma maneira que pode projetar seu trabalho para o bem, qualquer coisa menor pode projetá-lo para baixo. Uma vez que você se torna uma figura pública, que lida com o público diretamente, é preciso pensar várias vezes antes de postar qualquer coisa. Virar essa chavinha não é fácil, porque como público você não tem essas preocupações, mas, uma vez que se dispõe a ser profissional, tem que usar as redes sociais com cuidado permanente. Quantos “cancelamentos” estamos vendo por aí?
Como foi tocar em festas renomadas como a Bigger, a Private em São Paulo e a CWBears em Curitiba?
Para mim, não tem sensação melhor do que ser convidado para tocar como DJ em uma festa que você já frequentava e curtia muito como público. A Private da Cantho, por exemplo, sempre foi minha noitada preferida em São Paulo. A acústica da casa e a energia dos DJs ali é surreal. Quando o Hugo Henrique Vaz me convidou para tocar ali pela primeira vez, mal consegui responder que SIM, de tanta emoção! Não tinha nem 1 ano de carreira e já estava em uma das festas mais tradicionais de São Paulo. Encarei com muita seriedade, passei vários dias pensando no set. O resultado foi incrível, o público me recebeu com muito carinho e depois disso comecei a tocar ali com frequência. A Bigger é outro selo que eu sempre frequentei como público justamente pela linha de som impecável. A curadoria das atrações que o Gustavo Vianna faz e os cuida dos que o Adilson Ablo tem com a festa sempre me chamaram atenção. Ser notado por eles e convidado a participar disso não tem preço. Na minha opinião, a Bigger é hoje a melhor festa de São Paulo, que inclusive se reinventou muito durante a pandemia. Ter convites para viajar e levar seu som para outras cidades também é outro sinal de que você está fazendo um bom trabalho. Toquei na deliciosa CWBears em Curitiba, que tem um clima bem parecido com a Bigger, no Bar do Deca na Praia Mole, em Florianópolis, que é um paraíso que dispensa apresentações, né? Sou muito grato por todos esses convites e encaro cada um deles como a apresentação mais importante da minha carreira. Cada set é um set, cada público é um público. Você tem que se importar com todos, em ser o melhor sempre. Quem sai para se divertir depois de uma semana daquelas merece ter uma boa festa.
“Você tem que achar algum diferencial e explorar isso, senão acaba sendo mais um DJ.” Gabriel Pinheiro.
Em tão pouco tempo de carreira, como você se sente sendo residente de duas festas em São Paulo?
Ser convidado para assumir uma residência é uma grande responsabilidade. O DJ residente é o cara que precisa entrar para resolver qualquer parada. É ele quem direciona o som da noite, que orienta os DJs convidados, que assume quando acontece qualquer imprevisto. Já recusei convite por não me identificar com o projeto e não achar que eu poderia assumir essas responsabilidades ali. Nas festas em que eu topei, minha dedicação é completa. São as prioridades da minha agenda sempre. Falando da D’Quinta, ali foi a segunda festa que eu me apresentei como DJ profissional. É um projeto muito interessante e diferente para nossa cena: não tocamos tribal, mas sim house, deep e tech. O público LGBTQIA+ não estava acostumado com esse tipo de som. Mesmo assim, a festa emplacou às quintas-feiras, um dia difícil para eventos, acabou de completar 2 anos. Para tocar ali eu sempre pesquisei muito, arrisquei novos sons, é um projeto que me desenvolveu muito como DJ. Depois de mais de 1 ano tocando como convidado, o Fabiano Carvalho me convidou para o time de residentes. Que honra, né? Foi um reconhecimento por todo um trabalho que fiz com muito amor.
A Grand Sunset também é um selo que acompanho desde o começo, faz parte das viagens da Brighton Experience, um projeto inovador para a nossa cena, que oferece turismo e entretenimento, idealizado com carinho pela Mariana Casagrande. Nós viajamos, ficamos perto do público, é uma experiência incrível. Sempre com grandes DJs no line-up, então estar ali é uma excelente visibilidade e responsabilidade também. Toquei em Búzios (RJ) e no Guarujá (SP), em 2021 teremos outras edições nessas cidades e também em Capitólio (MG). Deixo o convite para m e assistirem nessas duas festas, que são as minhas casas, onde me sinto mais à vontade. Vibe garantida!
Durante a pandemia, como está fazendo para movimentar sua carreira?
Muita coisa! Eu estava com várias festas importantes marcadas e, assim como todo mundo, vi a vida mudar do dia para noite. De cara, desde o primeiro final de semana da quarentena, comecei a fazer Lives no Facebook e Instagram. Nesses tempos, é o único canal que temos para ficar em contato com o público. Agora elas cansaram um pouco, então tenho optado por fazer visual set e digital show no YouTube para os selos de festas. Já gravei para Grand Sunset, fizemos edições especiais da D’Quinta e recentemente gravei para um selo do Chile, o Tribaleros. Todos também vão para meu canal no YouTube. Paralelo a isso, estou estudando produção musical com o Diego Santander, grande nome da cena. Preparando músicas originais e remixes próprios para o retorno das festas. Então, apesar da pandemia, minha carreira não parou. Não fiquei na bad da agenda cancelada e das oportunidades perdidas, pensei adiante.
E como você acha que será o retorno dos eventos pós COVID?
Na real, não sabemos como será essa retomada. Ainda não temos um protocolo para volta dos eventos com alguma margem de segurança. Deve acontecer em outubro ou novembro, de forma gradual, os menores primeiro. Mas ainda está tudo incerto. Precisamos desse protocolo para ontem, já que os eventos clandestinos são uma realidade, enquanto o setor legal está parado desde março. A única certeza é que voltaremos depois da vacina, o que deve acontecer no primeiro trimestre de 2021. Tenho certeza que será um recomeço para todo mundo: tem selos surgindo, tem casas fechando, tem novos DJs aparecendo. Por aqui, no ano que vem tenho apresentações já marcadas com a Grand Sunset em fevereiro (Capitólio – MG), abril (Búzios – RJ) e duas edições previstas para o segundo semestre, no Guarujá. Além da D’Quinta, que acontece semanalmente às quintas-feiras e ainda não voltou. Tem bastante coisa vindo aí!
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