Nascido no Rio de Janeiro, Brasil, FC NOND é um dos pioneiros da música eletrônica nacional. Com formação em arquitetura, urbanismo e design, ele iniciou em 1994 sua empreitada musical, em um pequeno estúdio caseiro, fascinado pelas publicações britânicas da época.
Paralelamente, continuou sua paixão precoce pelos “decks”, tocando em grandes festas cariocas, paulistas e mineiras (B.T.C.H., Seven), construindo assim toda uma personalidade de pista, formada pelo extenso conhecimento fonográfico que na infância já era evidente. Um misto de brasilidade setentista, jazz, soul e disco, juntando ao house eletrônico para formar o início das ideias produtivas, reunidas em 97 no primeiro álbum “Home Files” (Paradise Records), em sequência de “Land Of Love” (Spotlight Records), primeiro hit sob o pseudônimo de Blue Nond. A música ficou meses no topo das paradas pop nacionais, enquanto Home Files era constante nos meios mais undergrounds.
Assina então com a radio Transamerica do Rio de Janeiro, lançando uma serie de álbuns que seriam encartados nas revistas trimestrais. Foram 14 álbuns autorais, mixados, que tiveram suas versões digitais disponíveis, recentemente, com faixas extras.
No início do século, assina com a italiana Sheeva Records e o vinyl “Drum-Key/Kerosene” leva Nond de vez para as pistas mundiais, colocando seus hits seguintes, “Re-Used“, “New Love” (UC Music), e “The Cure” (Stereo Productions), em coletâneas de famosos DJ’s, como Peter Rauhofer, Tony Moran, Chus & Ceballos, Tracy Young e Manny Lehman. Os singles foram reunidos em 2005 no segundo album “Recycled” (UC Music), cujo lançamento oficial se deu na turnê mexicana.
Paralelamente, os remixes para “Shine Disco Balls” (Who Da Funk – Subliminal Records), “Pump It Up” (Danzel – Ultra Records) e “Black Rain” (DJ Chus – Stereo Productions), entram em diversas coletâneas de house underground, enquanto que “Be More Shake” (Afrika Bambaataa – Tommy Boy Records), além de permanecer várias semanas no top 100 Billboard, está na trilha sonora do seriado americano “Queer As Folk”.
“…a música e a arte não têm sexo, cor nem etnia, muito menos uma só textura sonora.” FC NOND.
Atualmente, Nond faz parte da equipe de curadoria musical da Radio Ibiza, empresa de branding musical e gerencia o setor de hotéis, shoppings e grupos corporativos. Além disso, é um dos colunistas dessa seção da Colors DJ dedicada à identidade do DJ Profissional.
Confira agora a nossa entrevista exclusiva com FC Nond:
Com tantos anos de carreira a gente fica curioso pra saber como surgiu o primeiro convite para você tocar?
Ihh cara, não tem como te responder isso. Comecei nos anos 70, adolescente, nos “hi-fi’s” com amigos. Na faculdade, era o DJ oficial. Foi nos anos 80, tinha equipamento e estava sempre disposto. No final dos 80 e começo dos 90, surgiram as festas, aí já era “ganhando”. Fiz várias festas no Alto da Boa Vista também com meu equipamento. Tinha a Balako, a B.IT.C.H. e outras. Não sei te dizer em que ponto certo comecei profissionalmente.
“O igual pode te dar um nome agora, mas não constrói a sua carreira para o futuro.” FC NOND.
Você tem uma identidade bem forte, que é maravilhoso isso! Quais são os seus produtores de música favoritos?
Esta coisa de produzir e dirigir a construção de uma música ou um disco sempre me apaixonou. Nos anos 70 e 80, seguia caras como Arif Mardin, Quincy Jones, Nick e Valerie Simpson, os meninos do Chic, Brian Eno, Giorgio Moroder, Trevor Horn e outros. Com a música eletrônica subindo de patamar de 80 para 90, fiquei de olho em Todd Terry, Nelee Hooper, Shep Pettibone, David Bascombe, Masters At Work e outros.
Você teve inúmeras conquistas marcantes. Quais delas você considera mais importante na sua carreira?
O meu sonho era ”fonográfico”, lançar disco. Sempre fui fanático por disco, capa, selo, a produção em si e etc. Mas tive objetivos e alvos. Trabalhar com a Stereo Produtions e com a Star 69 foram metas que consegui.
Com essa pandemia ainda nos prendendo em casa nós temos tido mais tempo para ouvir novas músicas ou até mesmo aquelas favoritas que não escutávamos a tempos. Como está sendo isso pra você?
Há dez anos virei meu foco um pouco mais para curadoria musical, desenvolvendo este trabalho na Radio Ibiza. Com a pandemia, nossa preocupação foi manter a empresa em pé, o que conseguimos. Mas nunca deixo de ouvir novas coisas e pesquisar.
Com mais de setes meses de quarentena muitos projetos foram criados durante e outros foram adaptados por conta da mudança brusca do mercado musical. Como está sendo isso no seu caso?
A única coisa “boa” dessa pandemia foi poder estar terminando meu álbum novo, assumindo uma diretriz musical “off dance floor”, que já tinha experimentado no “Up On The Hill”, álbum de 2004. O objetivo também é partir para trilhas sonoras.
Atualmente, como você define a cena eletrônica e qual mudança você acredita que essa crise trará?
A cena eletrônica no mundo vai bem, obrigado, a não ser nas pistas LGBTQIA+ das américas que está totalmente ultrapassada, principalmente neste formato gueto que não cabe mais neste planeta. Espero que a crise tire os antolhos dos DJs, produtores e promoters para enxergarem que a música e a arte não têm sexo, cor nem etnia, muito menos uma só “textura” sonora.
Que mensagem você passaria aos apaixonados pela sua música?
Meu objetivo musical e de vida foi sempre fazer a diferença. O “igual” pode te dar um nome agora, mas não constrói a sua carreira para o futuro.