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ENTREVISTA | ALINE SANTOS: EU VOU TORCER PELA HOUSE MUSIC!

Mulher, mãe, DJ, autônoma, nascida em Limeira/SP, Aline Santos teve o seu primeiro contato com a música eletrônica aos 21 anos e de imediato iniciou sua trajetória como DJ no mercado. Natural de um ambiente familiar devotado à música, foi conduzida de forma habitual a comandar as pick-ups e produzir o diferencial do seu material de trabalho!

Agitando as cabines há mais de 10 anos, a DJ é reconhecida, principalmente, por deter um grande fascínio do público através de uma leitura acurada das pistas de dança e um gosto musical completamente diversificado. Suas apresentações, sets e músicas, misturam características de vários gêneros descendentes da House Music como “Big Room, Edm, Deep House, Dutch House, Techno e o nosso tão aclamado “Tribal House”, que juntos a qualificam como uma das DJanes mais queridas do Centro Leste do estado de São Paulo.

A paulistana foi vencedora do concurso de DJs realizado pela festa VEXAME (SP) em 2014, selo ao qual se tornou residente. Seu currículo soma apresentações em diversas festas e clubs no estado de SP como: ALTERNATIVE POOL PARTY (Piracicaba/SP), E-DUB (Piracicaba/SP), MYSTICALLAND (Piracicaba/SP), PARADISE (Piracicaba/SP), PVT DA LESTE (SP), SWALLA (Piracicaba/SP), TIC TAC (SP), THE FIRE (Limeira/SP), +QVIP (SP), entre outras.

“Sempre faça o seu melhor com o que você tem, mesmo que seja pouco.”

Ela possui uma bagagem de conhecimento extensa sobre edição de músicas, criação de mashups e reworks e, em meio a situação conturbada que vivemos, Aline decidiu subir mais um degrau e adentrar uma nova fase profissional de sua carreira, a “produção musical”.

E agora, algumas perguntas para conhecermos um pouco mais da história dessa joia rara (a título de curiosidade Limeira/SP é conhecida como uma cidade expoente das joias)!

Como Mulher, qual foi o maior desafio que você se deparou no mercado de trabalho como DJ?

Como em todas as áreas da sociedade, existe uma disparidade entre os gêneros masculino e feminino, uma desigualdade. Neste caso, no mercado de trabalho, ser mulher, principalmente na noite, requer muito jogo de cintura e paciência para vencer os obstáculos.

Quem acompanhou meu trabalho de perto, sabe o quanto foi delicado para aceitarem a minha sonoridade e identidade musical, pois não fazia parte do “mainstream” da cena LGBTQIA+, que, em geral, consome sons mais comerciais/pops e o fato de eu ser mulher também corroborou para uma certa demora na aceitação.

Muitas pessoas podem achar um certo vitimismo o que afirmei acima, porém, infelizmente, já cansei de ouvir coisas como: “se fosse fulano tocando, tudo bem…”, “se fosse beltrano fazendo, estava tudo certo…”, é muito difícil lidar com as comparações e desdém do seu trabalho.

Porém, com o tempo e com mais apresentações as pistas e os contratantes abraçaram a proposta do meu trabalho. Em consequência disso, fui ganhando residências e me apresentando como Guest no interior e na capital de São Paulo, pois sabia e confiava que o meu produto funcionaria e, de fato, funcionou.

Como Mãe e DJ Profissional, quais os desafios de conciliar esses dois pontos no dia a dia?

Quem está em minhas redes sociais e acompanha meu cotidiano, sabe que sou mãe de um menino chamado Matheus, que tem 7 anos e é portador de autismo, o qual dedico 80% do meu tempo para cuidar dele, de sua saúde e de sua educação, pois ele necessita de um acompanhamento especial.

No tempo restante, com a ajuda dos meus pais, desenvolvo minhas pesquisas, estudos musicais e o meu trabalho como autônoma, para poder estar atualizada em novas sonoridades e conseguir manter a minha casa e as necessidades do meu filho.

Nas datas das gigs, das quais são sempre mega programadas porque tenho que organizar a logística de minhas apresentações, já que a rotina do Matheus é muito definida, tenho que avisá-lo previamente para ele não ficar indisposto. Nesses momentos de trabalho, meus pais cuidam dele.

O contato da música com o meu filho é muito terapêutico, pois ele adora os sons que eu trabalho e em muitos momentos pede para ouvir ou quando ouve na rua, sempre lembra de mim. Gosta de mostrar músicas e me ajuda nas pesquisas. Inclusive, é fã de Lady Gaga que nem a mãe.

“Se fosse fulano tocando, tudo bem…”, “se fosse beltrano fazendo, estava tudo certo…”, é muito difícil lidar com as comparações e desdém do seu trabalho.

Como Produtora Musical, quais são os maiores desafios que você tem encontrado para adentrar nesse ramo?

Como profissional atuante na cena Tribal House, me vejo na obrigação tanto como DJ e, agora, como produtora musical, de agregar um som diferenciado, fugindo daquilo que já é feito. Sempre gostei de propor uma sonoridade forte e marcante, é o que buscarei nas minhas produções autorais.

Um outro desafio é tornar as minhas referências musicais consumíveis ou palatáveis para a “cena LGBTQIA+”, da qual não está 100% adepta, porém não estou aqui para ditar conceitos ou regras e sim para mostrar que existe um outro lado da moeda. Que podemos ouvir e curtir outras tendências sem perder a característica do fervo da nossa cena.

Um dos pontos principais também é a pequena quantidade de mulheres atuando nessa parte da profissão nos cenários musicais em geral. Pouco se vê produtoras em relação a quantidade de produtores musicais. Há uma diferença que precisa ser mudada.

Quais são os conselhos que você dá a outras mulheres que, independentemente da profissão, vivenciam situações cotidianas como as suas?

Sejam firmes, continuem acreditando em vocês e no seu trabalho, não tenham pressa. Independentemente do que digam, não aceitem padrões impostos pela sociedade ou pelo mercado de trabalho. Sempre faça o seu melhor com o que você tem, mesmo que seja pouco.

Busquem sempre novas tendências, pesquisem e estudem bastante música, pois sem isso não conseguiremos dar o nosso máximo para essa profissão tão maravilhosa quanto a do DJ e produtora musical.

Aqui vai um conselho de quem já foi vítima de um relacionamento abusivo, não deixem que seus parceiros ou parceiras dominem ou queiram dominar ou diminuir quem você é, seu trabalho e seus sonhos. Se você está nesta condição, procure ajuda, é difícil, mas você é capaz. Isso tem solução, eu sou a prova disso. Como diz a Dory, no filme: “Procurando Nemo”, que o meu filho ama: “Continue a nadar!”

“Pouco se vê produtoras em relação a quantidade de produtores musicais. Há uma diferença que precisa ser mudada.”

Mysticalland, 2015 por Junnyor Uky

Abaixo listamos para você um set autoral da DJ chamado “EU VOU TORCER PELA HOUSE MUSIC” gravado especialmente para essa entrevista, onde você poderá ouvir com exclusividade sua nova “Original Mix” intitulada “GROOVE ME”, feita em parceria com o também DJ e Produtor “ELIAS ROJAS” e, além disso, o set contém diversos edits, reworks e mashups feitos por ela, sendo alguns deles: “Fernanda Abreu, Bingo Players, Steve Angelo – Eu vou torcer (Aline Santos Rework) e “Red Carpet – Alright 2k21 (Aline Santos Reload Mix)”.

Qual a proposta dos seus novos trabalhos “EU VOU TORCER PELA HOUSE MUSIC” e “GROOVE ME”?

“EU VOU TORCER PELA HOUSE MUSIC” representa a identidade musical forte que construí ao longo desses 10 anos e como toda mulher eu gosto de me desafiar, hoje estou entrando em uma nova fase onde busco me tornar uma mulher com uma sonoridade ímpar no cenário eletrônico.

“GROOVE ME” é, literalmente, a junção da minha identidade musical com a do Produtor Elias Rojas, com um baixo forte, synths marcantes e uma bateria com muito swing. Lançaremos primeiro uma versão instrumental, que está incluída no set e logo após lançaremos em parceria com uma cantora a qual não podemos revelar, ainda(risos).

Arte do novo set “Eu vou torcer pela House Music” por Macau

“LINK DO SET”

https://soundcloud.com/dj-aline-santos/eu-vou-torcer-pela-house-music-dj-aline-santos

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