Monic, um dos nomes ascendentes do Techno brasileiro, é o destaque deste mês. A nordestina, com quase dez anos de carreira, traz na bagagem raízes nordestinas e conhecimentos adquiridos em São Paulo.
A DJ e produtora Monique Rocha, mais conhecida pelo pseudônimo MONIC (BR), é uma artista nascida em solos alencarinos, onde também iniciou uma trajetória no mundo da música. Atualmente radicada em São Paulo, ela conta com várias tracks de própria autoria nas maiores plataformas de streaming.
No EP “Take a Ride – The Remixes”, com 23 faixas exclusivas, ela une o som de onze artistas dos mais diversos estilos sonoros. Seu último EP “PARANOIA”, lançado pelo selo TRATORE, em parceria com DANIEL PEIXOTO E RØCCA já ultrapassa 50 mil plays. Apontada pela revista DJane Mag Brasil em 2020 como produtora destaque do Techno nacional, a produtora vem consolidando carreira na cena nacional.
Monic também carrega passagem por grandes eventos da cena brasileira, como Universo Paralello, Soulvision Festival (SP), Mandallah (MG) e Playground. Ela também já se apresentou em clubes consagrados da noite paulistana, dentre eles D-EDGE (SP), Clube dos Lenhadores (SP), Orfeu (SP) e Techno Room (SP).
Em tempos pandêmicos, ela ainda é a anfitriã do Web Festival MMBFF (@musicismybfff), festa online que já contou com a presença de nomes reconhecidos nacionalmente, e reuniu artistas dos mais diversos âmbitos: de DJs a artistas visuais, trazendo múltiplas experiências aos espectadores.
A aposta mais recente da artista é o lançamento da track “Lancellotti”, prevista para agosto pela gravadora Forbes Music. A música traz uma mensagem focalizada no tema da renda básica para todos, uma clara manifestação diante de um país com tal desigualdade social. “Sem caridade não há salvação”, destaca Monic.
“Através da música eletrônica acredito que possamos trazer boas energias e sentimentos positivos para as pessoas que estão ali presentes.” – Monic (BR).
Em entrevista à Colors DJ Magazine, a artista rememora a própria trajetória, trazendo o processo de produção musical e a experiência em diferentes musicais.
Como iniciou esse gosto pela música eletrônica, levando a fazer dela uma parte significativa da sua vida?
Acredito muito no destino e missões que temos aqui na Terra. Através da música eletrônica acredito que possamos trazer boas energias e sentimentos positivos para as pessoas que estão ali presentes. Sem dúvidas, a música foi e sempre será minha maior fonte de energia. Quando subi no palco pela primeira vez, senti que pertencia àquele mundo.
“Isso acaba acontecendo muito de uma DJ ser contratada mais pelo seu estereótipo do que pela sua arte em si. “ – Monic (BR).
Quais foram os primeiros obstáculos que você encontrou no início da sua carreira e como fez para desviá-los?
Em 2012, assim que tive minha primeira apresentação oficial, encontrei meu maior obstáculo: a ansiedade!
Nunca falei sobre, mas foi muito difícil no começo. Eu tinha crises de pânico antes de subir no palco, mas sempre concluía minhas apresentações e, no final do meu show, o sentimento de recompensa do público me confortava. Sempre valeu a pena!
Outro problema que me incomodou no início foram alguns episódios de sexismo que eu encontrava dentro da cena eletrônica composta, quase sempre, por homens e que acabavam diminuindo minha presença por eu ser mulher, ou me objetificando e sexualizando de alguma forma. Isso acaba acontecendo muito de uma DJ ser contratada mais pelo seu estereótipo do que pela sua arte em si.
De onde vêm as referências da Monic? Como funciona o processo de desenvolvimento criativo para uma track?
Sem dúvidas, minhas maiores referências são Dave the Drummer, Chris Liberator, Astrix e, claro, cresci ouvindo MADONNA, a mãe de todas.
Sobre o meu processo criativo, costumo sempre produzir pela manhã, acho que as ideias ficam mais claras. Sou apaixonada no Ableton, amo conseguir me expressar musicalmente, é algo libertador.
Conta para a gente como foi participar de um evento das proporções que é o Universo Parallelo.
Pode parecer clichê, mas sem dúvidas foi a realização de um grande sonho. Eu sempre almejei participar daquele universo libertador que é o UP.
Eu acredito muito em energias e sabia que lá era o festival no Brasil que mais iria me encantar.
Toquei em duas edições, a primeira no Palco Tortuga e a segunda no Palco do UP CLUB. A segunda apresentação foi antes do réveillon de 2020, encerrando o ano da forma mais GRATA possível.
Em 2016 você fez uma apresentação no Egito. Conta para nossos leitores como foi a experiência de tocar em um país com uma cultura totalmente diferente da brasileira.
O Egito é maravilhoso, é uma cultura incrível. Eu sou completamente grata à música por ter proporcionado uma experiência tão enriquecedora como essa. Todos nós deveríamos conhecer o Egito, hoje eu tenho grandes amigos e fãs no Cairo, é surreal essa troca de energias e conhecimentos que a música te proporciona.
Você acha a cena de São Paulo aberta a artistas de outras regiões? Como aconteceu o processo de conquista de espaço dentro da noite paulistana?
A cena de São Paulo é maravilhosa. Tive oportunidades de conhecer muitos projetos incríveis e criar muitos contatos que acabaram virando amigos. Eu acho a cena paulistana super inclusiva, você consegue encontrar espaços para as mais diversas visões e conceitos.
Estou em São Paulo há 5 anos e, desde que cheguei aqui, tudo se transformou. Aqui comecei a estudar produção de música eletrônica e acabei descobrindo uma das maiores paixões da vida. Sem sombra de dúvidas, vir para SP foi o alicerce de todos os resultados que estou colhendo.
Atualmente você é a anfitriã de um Web Festival. Como surgiu a ideia de realizar um evento online e quais foram os impactos desse projeto?
A MMBFF surgiu durante a pandemia. Eu participei de algumas festas virtuais e vi uma forma concreta de tentar uma maior proximidade com o público nesse período pandêmico, e de trazer os mais diversos tipos de entretenimentos. Tive a honra de ter meu namorado Gabriel Rocca e meus melhores amigos Igor Fonteles e Marcio Motor me dando suporte nesse projeto.
Está sendo muito gratificante poder conectar tantos artistas incríveis do Brasil inteiro – já tivemos mais de 80 artistas no nosso time, sou extremamente grata a todos eles. Em um rolê on-line conseguimos reunir DJs, performers, artistas plásticos, grafiteiros, entre outras diversas formas de artes dentro de lives que chegavam a durar até 12 horas.
“Não desistam de lutar, acreditem no processo de vocês, acreditem nos seus sonhos. Você é FODA!” – Monic (BR).
Ser DJ na pandemia não está sendo algo fácil, a classe artística tem sofrido muito. Quais as formas que você tem encontrado para dar continuidade ao seu trabalho mesmo estando longe das pistas?
Eu sobrevivia 100% da música, então logo que parou tudo foi um grande desespero nas primeiras semanas. As lives e meu projeto de Web Festival me ajudaram muito a enfrentar essa ruptura repentina com as pistas. Quanto à questão financeira, com mais calma eu consegui pensar em uma saída de emergência que agora já virou um negócio. Eu sou formada em Gestão em Gastronomia, então tive a ideia de criar uma padaria virtual, as Filhas do Trigo.
Produzo pães artesanais de fermentação lenta e assados na panela de ferro, feito com muito amor. Comecei vendendo para amigos e agora recebo encomendas de diversas pessoas.
As encomendas podem ser feitas pelo perfil do Instagram @filhasdotrigo
Para finalizar, mande uma mensagem para nossos leitores:
“Não desistam de lutar, acreditem no processo de vocês, acreditem nos seus sonhos. Você é FODA!”
A imagem da capa faz parte do acervo de fotos do próximo lançamento da artista intitulado “Lancellotti”. Foto: WHERB.
Fashion Photographer & Filmmaker: WHERB
Stylist: Márcia Jorge
Beleza: Raul Holanda