ÍCONE | Ekanta Jake: A força feminina na história do Psytrance Brasileiro

Com mais de 20 anos de carreira consolidados na cena Psytrance nacional, Ekanta Jake foi a mulher pioneira na inserção da vertente eletrônica no Brasil.

Uma paixão que começou em Amsterdam, Holanda, fez com que Ekanta se entregasse totalmente a este novo amor, de modo que  a música passou a dar sentido em tudo na sua vida. A partir daí, não seria mais apenas uma preferência de gosto musical, mas UM NOVO ESTILO DE VIDA que dali em diante se faria presente na vida dessa artista incrível.

Nesse segmento, sua vida pessoal e profissional evoluiu em volta desta linda filosofia, onde os planos e projetos passaram a ser voltados para a vivência com a música. Assim, quando se fez necessário seu retorno para o território nacional, ela sentiu a necessidade de trazer para o Brasil a sua paixão.

Foi assim que Ekanta e toda sua família, disseminaram pelo país a música eletrônica. Toda família mesmo! Pois seus filhos Alok e Bhaskar compõem a nova geração no cenário da música eletrônica nacional tendo grande reconhecimento dentro e fora do país, assim como  seu ex-marido Juarez Petrillo (Dj Swarup).

Seguindo pelas carreiras de artista e produtora o seu currículo torna-se vasto pelas experiências tocando em grandes festas e festivais mundiais, como também produzir um desses grandes festivais de celebração da música nacionalmente conhecido como Universo Paralello.

Na sua formação enquanto indivíduo, como a música se fez presente? De que maneira as influências musicais ao longo da jornada se manifestaram na sua vida?

Sempre escutávamos muita música em casa, minha vó gostava de música erudita, a gente acordava ouvindo Beethoven nos discos de vinil dela e MPB nos da minha mãe. Na adolescência, comecei a escutar Rock, clássico e nacional. Ainda escuto todos! Mas outras vertentes também, como eletrônico, mantras indianos etc etc… Música é vida!

“Eu não escolhi a música, a música me escolheu”

PsyTrance: Como surgiu essa paixão? E o que a motivou  a começar a trabalhar com o gênero?

Eu morava em Amsterdam no início dos anos 90 e ia a várias festas de música eletrônica (era tudo novidade), eu ia a festas de house, trance, techno, drum ‘bass…, mas na primeira festa de psytrance que entrei foi paixão à primeira vista! A decoração, as pessoas, a música, as cores, o DJ (que aliás me apaixonei por ele rss), me encantei, não teve mais volta, até hoje AMO! Daí quando eu tive que voltar a viver no Brasil em 1998, pensei “como vou viver sem isso, sem minha paixão?” Vamos levar pro Brasil!

“Psytrance é minha paixão, e a ele sou fiel”

Quais festivais mais marcaram a sua carreira? E quais almeja participar?

Foram muitos momentos mágicos! Difícil em mais de 20 anos lembrar de todos, mas teve um Voov Festival na Alemanha, acho que em 2000, que abri a pista alternativa, abri o festival e foi muito maravilhoso. E claro, vários aqui no Brasil também; tive momentos muito mágicos… Celebra Brasil, Trancendence, Samsara, Respect… fora Universo Paralello que é muito maravilhoso tocar, né?! Ainda sonho em tocar no Main Floor do Boom Festival, em Portugal, (já toquei 4 x , mas só no Chill Out), Ozora, na Hungria, Raibow Serpent na Austrália… tem muitos ainda que “almejo” fazer parte!

Foto de divulgação, créditos @_cbfotografia

DJ e Produtora: Enquanto mulher na cena psytrance, como você enxerga a importância do gênero feminino neste meio?

Muito importante, porém ainda muito pequena… principalmente no psytrance, infelizmente ainda não temos muitas produtoras…Vejo na música tocada e/ou produzida por mulheres uma vibe diferente, leve e cheia de amor… e o mundo precisa de mais amor!

Quais as principais dificuldades enfrentadas no início da carreira, e qual conselho deixa para os DJs que estão iniciando o sonho?

As dificuldades foram muitas porque era uma coisa totalmente nova no Brasil, quase ninguém conhecia. Imagina trazer a música eletrônica para o país do Carnaval! Quem gostava era só uma pequena maioria mais “privilegiada” que já havia morado fora do país. Naquele tempo, eu tocava vinil, então tinha que viajar na maioria das vezes de ônibus, levando os toca discos e case enorme e pesada. Já atravessei o córrego levando equipamento pra fazer festinha no mato, rsssss. O conselho é o mesmo sempre: Acredite no seu sonho!

Enquanto artista e produtora de eventos, você deve ter sentido na pele a grande transformação do cenário do mundo do entretenimento em virtude do COVID-19. Como foi lidar com essa nova realidade em 2020?

Na verdade ainda estamos lidando, né?!….

Ano passado foi muito difícil! A gente acostumado a viajar toda semana, a estar sempre em festas e, de repente, tudo parar do nada… no começo foi bom um descanso, mas depois que a gente viu que não ia recomeçar tão cedo, foi ficando pesado e triste. Fiquei bem deprê (sic),  alguns dias sem vontade de levantar da cama, bebendo muito todos os dias, foi difícil! Até que em setembro fiz uma viagem com a família que me reviveu! Daí recomecei, fiz umas lives bem bacanas e este ano de 2021 comecei bem mais tranquila e com fé nessa vacina.

Foto de divulgação, créditos @_cbfotografia

A sua família é reconhecida por ser pioneira no movimento da cena eletrônica no Brasil, como artista e mãe conta um pouco sobre como relacionar estas  duas paixões e ainda sobre o sentimento de ser influência para seus filhos através da sua arte.

É muito lindo, né?! Sempre digo que qualquer profissão que eles tivessem escolhido, se  estiverem felizes, eu como mãe, também vou estar, mas é claro que a música nos une ainda mais. Essa paixão de ouvir uma track um do outro, pedir e dar opinião, essa troca é muito saudável!

Aprendo muito com eles!

E é claro ver o sonho realizado e dando frutos tão especiais é uma realização infinita!

O Universo Paralello é um dos festivais de música eletrônica mais conceituados reconhecido mundialmente. Conte como é ser idealizadora e produtora de um projeto tão grandioso.

Mais um sonho realizado! Que às vezes ainda parece sonho! <3

Quais planos para o novo ano que se inicia? E quais as expectativas?

Estou produzindo meu segundo álbum, que está sendo feito de collabs com vários amigos. A pegada é bem parecida com a do primeiro, Raízes Eletrônicas, 2014, com temas tribais e étnicos, trazendo vibrações e frequências elevadas que a gente está precisando, né?!

Acabei de lançar uma compilação “Night Tales”, 303 Stage, um VA só de sons noturnos, um território novo para mim, que trouxe muito aprendizado.

*Os lançamentos são pela Vagalume Records.

E é isso para 2021, viver um dia de cada vez, sem muitas expectativas, mas com esperança e Fé!

Temos que nos permitir, nos amar, aceitar e tentar vibrar positivamente!

Raízes Eletrônicas (álbum 2014) track “TUPY”

Canal do Youtube:

TOP 17 Ekanta Jake

Deezer

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