ENTREVISTA | SUPERAÇÃO, CRIATIVIDADE E SUCESSO: A Inspiração do DJ Brasileiro Caio Pelati na Cena Eletrônica Italiana

Conheça a inspiradora trajetória de Caio Pelati, que transformou desafios em combustível para conquistar seu espaço na música eletrônica e encantar multidões nas pistas.

Caio Pelati é um nome que está ganhando destaque na cena da música eletrônica, e sua trajetória é a prova de que determinação e paixão podem abrir caminhos únicos. Superando desafios e abraçando suas influências musicais, ele tornou-se referência por sua conexão com o público e seus sets envolventes. Em uma conversa com a Colors DJ Magazine, Caio compartilhou sua história, desde os primeiros passos até os sonhos que o impulsionam a continuar transformando as pistas em experiências inesquecíveis.

Esse talentoso artista é uma força crescente na cena house e techno, explorando sonoridades que equilibram grooves marcantes e atmosferas melódicas. Seus sets conectam influências globais com uma autenticidade única, transportando a energia das pistas para uma dimensão vibrante e envolvente.

Nesta entrevista exclusiva com o DJ Caio Pelati, mergulhamos em sua trajetória musical, exploramos as influências que moldaram seu som e discutimos seus próximos passos na cena eletrônica. Descubra histórias inéditas, inspirações de carreira e o que faz deste nome um destaque nas pistas. Não perca a chance de conhecer mais sobre a visão criativa de um dos talentos em ascensão no house e techno.

Caio, sua trajetória é marcada por muitas mudanças e desafios. Como essas experiências pessoais e profissionais moldaram sua identidade como DJ desde o início da sua carreira?

Realmente durante minha trajetória pessoal passei por situações bem marcantes que me moldaram para ser quem sou profissionalmente. Desde a separação de meus pais quando eu tinha apenas 6 anos, o falecimento precoce de minha mãe quando eu tinha apenas 18 anos, foram alguns dos acontecimentos que me tornaram tão forte, resistente e, ao mesmo tempo, persistente para alcançar aquilo que desejo e sonho em realizar. Acredito que tudo que acontece conosco tem um lado bom, busco me apegar as coisas boas de qualquer situação, busco aprender com tudo, sou um cara aberto a desbravar o novo, tive uma criação mais livre, saí de casa ainda jovem ainda para conquistar o que seria meu um dia, mudei minha vida completamente quando escolhi mudar de país. Todos os ensinamentos que recebi de meus pais e familiares durante minha vida me moldaram para hoje ser o que sou e continuar a crescer pessoal e profissionalmente.

Junho de 2024 - Thomas Solvert e Caio Pelati. Pride Village Pedova - Itália. Festa Super XLSIOR World by XLSIOR Mykonos.
O que te motivou a iniciar sua jornada na música eletrônica em 2021, em plena pandemia, e como o curso com Paulo Pringles impactou sua evolução como artista?

Eu decidi fazer algo profissionalmente para mim e que me desse prazer! Durante o lockdown da Covid-19 eu morava na Alemanha e passei a ter uma conexão muito mais forte com a música eletrônica, pois, nas poucas horas permitidas pelo governo para sair de casa eu sempre aproveitava para fazer atividades físicas e nestes momentos eu escutava música, em sua maior parte eletrônica, de vários gêneros e vertentes. A pandemia do Covid-19 e todas as suas consequências me despertaram um sentimento de questionamento. Eu decidi então olhar para mim, acreditar no meu sonho e viver para realizá-lo. Para iniciar busquei ajuda e orientação do meu amigo, o DJ Paulo Pringles, que me ensinou os primeiros passos na mixagem. Desde então, a evolução musical vem acontecendo e minha identidade musical está se lapidando.

Você já produziu mais de 10 DJ Mixes e realizou dois Digital Shows em locações incríveis como as Dolomitas Italianas e o Lago de Lugano. Como esses projetos refletem sua visão artística e criativa?

Todos os projetos a quais eu me predisponho realizar eu busco entregar a melhor versão possível, então, como artista eu gosto de pensar no macro primeiramente e em seus impactos, e no processo criativo vou minimizando até chegar no produto final, seja ele um DJ Mix, um Digital Show ou até mesmo uma apresentação em festas gerais. Para os Digitais shows que produzo busco sempre utilizar locais externos para levar o público para experiências únicas, visual e sonora. Imagina você poder assistir um digital show com música produzida em cima de um lago completamente congelado. Na cena tribal acredito que eu tenha sido o primeiro a fazer isso e este trabalho está disponível em meu canal do Youtube, sou muito feliz e me sinto realizado pelo projeto e produção.

Desde suas primeiras apresentações em festas icônicas como Brilho, até eventos de grande visibilidade como a abertura de shows do MC Guimê e Claudia Leitte, quais momentos mais te marcaram até agora?

Para mim cada apresentação gera uma emoção diferente e me marca de forma diferente. Imagina você ser convidado para fazer a abertura do show da Claudia Leitte? Lembro que passei semanas pensando em como seria aquela apresentação, uma ansiedade generalizada, seria uma grande responsabilidade tocar naquele evento e para um público completamente diverso, deu muito certo no final. O convite para fazer abertura do show do MC Guimê foi impactante. Eu havia chegado no Brasil da Itália, um dia depois fui até a casa de shows de um amigo e ele aproveitando que eu estava lá, me convidou para estrear e tocar na casa, eu aceitei e pensei “bora lá”, no desenrolar da conversa ele me disse, você fará a abertura do show do MC Guimê em dois dias. Só fui me dar conta da responsabilidade depois de finalizar o trabalho, graças a Deus foi muito bom. Na festa Brilho fiz meu primeiro B2B, foi uma sensação bem diferente e cheia de surpresas positivas, tinha ao meu lado amigos que foram prestigiar minha apresentação e também prestigiar a festa, familiares que aproveitaram para curtir o ambiente, e pude apresentar uma “balada” a uma parte mais conservadora da minha família.

Como você já nos disse, seu primeiro grande projeto, Gênesis, foi gravado em um lago congelado nas Dolomitas. Pode nos contar sobre o processo de criação e a emoção de realizar um trabalho tão ousado?

Genesis foi meu primeiro trabalho como artista, meu primeiro DJ Mix e primeiro Digital Show. Eu e minha equipe desenvolvemos um completo trabalho de divulgação e apresentação de imagem. Daquele projeto nasceria o DJ Caio Pelati. O primeiro vídeo disponibilizado foi minha apresentação ao público como DJ, acho a produção muito incrível, pois, utilizamos um trem para mostrar “minha chegada”, como atualmente moro na Itália utilizamos a estação de trem de Veneza para ilustrar o material. O desenrolar desta história finaliza com minha apresentação em cima de um lago completamente congelado, com temperatura térmica de 1° graus e sensação térmica negativa, era muito frio.  Gravamos todo o projeto utilizando a luz solar, então, imagine que conforme a luz começava a sumir ao entardecer o set também prosseguia para seu fim, minha última track foi mixada no momento em que as últimas luzes solares do dia invadiam o espaço de gravação, e finalizei o set quando não existia mais luz iluminando o set de gravação, naquele momento a atmosfera do local foi tomada por uma emoção generalizada entre eu e minha equipe, posso dizer que naquele momento, em frações de segundos tive um mix de sensações positivas dentro de mim. Estávamos finalizando o projeto Gênesis e eu iniciando minha carreira profissionalmente.

Nos últimos anos, você expandiu sua atuação para diferentes cidades italianas e se tornou residente no Paradise Beach Club. O que essas experiências trouxeram de novo para sua performance e estilo musical?

O ano de 2024 foi um grande marco na minha carreira, literalmente sai da minha zona de conforto, tiveram finais de semana que eu fazia 3 apresentações seguidas em festas de gêneros diferentes,  do Tribal House ao Afro House em um piscar de olhos. Fui convidado a tocar em locais diferentes dos quais eu estava habituado. Todos esses desafios me fizeram crescer e amadurecer profissionalmente, com tudo pude aprender sobre novos gêneros musicais, passei a ter um olhar mais crítico para seleção musical e repertório. Junto ao convite para ser residente no Paradise Beach Club chegou também a possibilidade de realizar um sonho que seria de tocar em um beach club na praia, com pés na areia, fazendo sunset e muita ‘good vibes’. Meu estilo musical com certeza se adapta ao local em que devo me apresentar, considero isso um grande ponto de destaque.

Durante a temporada de verão no Pride Village Virgo em Padova, você participou de festas importantes como XLSIOR World e Sundia. Como foi trabalhar ao lado de nomes como DJ Thomaz Solvert e DJ Rafha Madrid?

Uma experiência marcante e de grande responsabilidade! Trabalhar ao lado de profissionais importantes na cena Tribal e Circuit House como DJ Thomaz Solvert e DJ Rafha Madrid foi uma grande oportunidade de aperfeiçoamento e amadurecimento. Posso dizer que todas as experiências no Pride Village foram muito proveitosas e divertidas. Fazer minha estreia no local e ao lado de profissionais competentes teve um peso importante para minha carreira. Um ano antes de fazer minha estreia no Pride Village lembro como se fosse hoje; eu estava dentro do local curtindo uma festa, e observando toda estrutura me despertou o desejo de me apresentar ali e poder levar ao público um pouco de minha sonoridade musical, corta para o ano de 2024 e eu realizando aquele sonho.

Sua estreia na Muccassassina em Roma foi marcante, especialmente por tocar até o amanhecer em uma festa temática do Jubileu. Como você se sentiu ao conquistar esse espaço tão relevante na cena LGBTQIAPN+ italiana?

Quando eu recebi o convite, um sorriso de canto de boca tomou conta de mim. Estava eu ali caminhando para um novo desafio e etapa de minha carreira. Tocar em Roma na maior balada LGBTQIAPN+ da Itália seria a realização de mais um sonho. Desde o contato com o público até o suporte dado pelo produtor, tudo foi extremamente importante e valioso. Eu me senti completamente realizado, participar de uma das festas do ano Jubileu ao lado do DJ Enrico Meloni foi uma honra. Para comemorar o feito aproveitei minha estreia na Muccassassina e gravei o DJ mix apresentado naquela noite iconica. Está disponível em meu Soundcloud Jubilee Year – Muccassassina.

Com planos de iniciar sua produção musical em 2025, o que podemos esperar do seu estilo como produtor e quais são suas inspirações para esse novo passo?

Eu gosto de fazer as coisas e de curtir o processo, sei que será um processo longo. Então, quero iniciar a produção musical respeitando meu tempo, sem muita pressão para não estragar o processo. Eu olho com bastante carinho para circuit house, big room, melodic e progressive house, me identifico bastante com a sonoridade destes gêneros. Caminharei para uma desta vertente inicialmente.

Além de continuar com apresentações pela Itália, você mencionou o desejo de expandir sua carreira para outros países europeus. Quais são os destinos que mais te atraem e por quê?

Gosto bastante da Espanha, tenho um carinho especial pelo país e sei que assim como o público, é aberto para a nossa cena, existem grande festas e festivais que acontecem por lá, seria um prazer e realização pessoal e profissional poder tocar em pelo menos três cidades espanholas e também em uma ilha. Vejo com atenção também países como Portugal, Grécia, França e Bélgica.

Você também expressou a vontade de se reconectar com o público brasileiro. Existe algum projeto ou evento específico que você sonha em realizar no Brasil?

Acredito que os sonhos é o que me move, com certeza quero me reconectar com o público no Brasil, não tenho desenvolvido ainda um projeto específico para este momento do reencontro, no ano de 2024 recebi um convite mas devido a logística de agenda não pude aceitar. Eu olho com muita atenção para algumas festas que acontecem no Brasil e espero conseguir meu espaço em algumas delas.

Olhando para os próximos anos, quais são seus principais objetivos como artista, tanto em termos de apresentações quanto de novas produções?

Profissionalmente tenho muito que realizar ainda, mas a curto prazo quero produzir mashups, quem sabe conseguir lançar uma ou mais tracks, quero me apresentar em uma parada do orgulho, e me conectar com o público de outros países da europa, para este ano em específico tenho o desejo de produzir um novo digital show. Estou maturando a ideia.

Por fim, o que os fãs podem esperar de você em 2025 e como você vê sua evolução na música eletrônica a longo prazo?

A vida tem me proporcionado situações maravilhosas profissionalmente, todos os acontecimentos profissionais que tive durante minha trajetória me fizeram chegar em 2025 com um olhar mais crítico e cauteloso. Para este ano quero continuar minhas apresentações, contagiando as pistas com minha sonoridade e alegria. Meu processo criativo é extremamente lapidado até o momento da entrega final de qualquer projeto, desde a  seleção musical até a apresentação artística nas festas e eventos, tudo é pensado, então, os fãs podem e devem esperar fortes conexões, entregas bem produzidas, com novidades e muita alegria.

Para mim é difícil enxergar a “longo prazo”, pois vivemos em um mundo hoje onde as mudanças acontecem a todo tempo e de maneira acelerada, causando grandes impactos. Mas aquilo que desejo é que minha evolução musical continue acompanhando o fluxo da cena, pois, para mim, a cada novo trabalho posso aprimorar algo em minha vida pessoal e profissional, estou em constante atualização. Espero servir de motivação para aqueles que sonham em serem DJ e quero também continuar minhas entregas de maneira sem igual. 

Junho 2024 - Caio Pelati e Anne Louise - Pride Roma. Trio Muccassassina.

Tenho um lugar garantido na cena eletrônica e “piano piano” dizer italiano “devagar, devagar” estou alcançando. Minha primeira apresentação este ano será na festa do 35° aniversário da balada Muccassassina que acontecerá ainda neste mês de Janeiro,  e estou muito feliz em ter recebido o convite para tocar em uma noite tão especial  para a casa e ao lado de grandes nomes da cena. Levarei um pouco do “sangue e gingado” brasileiro para a pista. Será uma noite incrível!

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Dih Aganetti

Editor-executivo e Repórter
Edição de Texto: Orly Fernandes

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